DO SUL AO NORTE DE ÁFRICA E ROUBADO EM… ANGOLA

Russ Cook percorreu África de sul a norte. Foram 385 maratonas em 351 dias. Quase um ano depois de ter partido da África do Sul, o aventureiro britânico completou este domingo a sua missão: tornou-se a primeira pessoa a percorrer toda a extensão do continente africano, de sul a norte, sempre a correr. E ficou a saber que nunca ninguém o tinha feito. E não se esqueceu de recordar que ele e a sua equipa foram assaltados (à mão armada) em Angola. Câmaras, telemóveis, dinheiro e passaportes foram roubados.

O aventureiro britânico Russ Cook, de 27 anos, completou, ao chegar à Tunísia, a ligação do sul ao norte de África, num total de mais de 16.000 quilómetros, tornando-se na primeira pessoa a atravessar o continente a correr.

Russ Cook chegou a Cape Angela, no extremo norte da Tunísia, ao fim da tarde, diante de uma estela com a forma de uma escultura de África, cuja base tem a inscrição “Ponto mais setentrional do continente africano“, reportaram os jornalistas da AFP.

O britânico, que chegou com uma longa barba ruiva que não aparava há meses, foi recebido por familiares, que o abraçaram calorosamente, e por dezenas de tunisinos, que o aplaudiram depois de uma viagem incrível.

Russ Cook partiu a 22 de Abril de 2023 do extremo sul da África do Sul para o seu “Projecto África”. Pelo meio, atravessou 16 países africanos, percorrendo mais de 16.250 quilómetros, o equivalente a 385 maratonas em 351 dias.

O jovem, apelidado de “Hardest geezer“, o “tipo mais duro”, em português, correu através de montanhas, florestas tropicais e desertos, incluindo, claro, o Saara.

“Não acredito que está quase a acabar“, escreveu este domingo na rede social X-Twitter. Várias pessoas acompanharam-no nos seus últimos quilómetros. “Percorremos um longo caminho”, tinha escrito no sábado.

Em Janeiro, Russ Cook publicou um mapa do continente africano no qual encaixou uma dúzia dos maiores países do mundo — e, curiosamente, um pequeno país chamado Portugal. “O tamanho de África está mal representado em quase todos os mapas. É absolutamente massivo!”, escreveu.

A sua viagem através de África não foi fácil, e o aventureiro britânico teve que superar uma série de adversidades inesperadas — como ter ficado retido na fronteira entre a Argélia e a Mauritânia devido a questões com o seu passaporte.

Depois de percorrer a África do Sul e a Namíbia em 50 dias, ele e a sua equipa foram assaltados à mão armada em Angola. Câmaras, telemóveis, dinheiro e passaportes foram roubados.

“Uma das razões pelas quais queria correr toda a extensão de África é porque nunca ninguém o tinha feito antes. Agora estamos a perceber porquê“, contou Russ Cook, citado pela BBC.

Também teve de interromper a corrida durante alguns dias devido a dores físicas. No Saara, teve de correr à noite para evitar o calor.

Na sua jornada, Russ Cook conseguiu angariar mais de 574.000 libras, cerca de 670 mil euros, que irá doar à organização britânica Running Charity, que ajuda os jovens sem-abrigo.

Antes da sua partida, em Fevereiro de 2023, explicou à agência britânica PA que o seu objectivo era aproveitar a vida ao máximo. “Sou um homem completamente normal, por isso, se consigo fazer isso, espero que as pessoas possam aplicar isso nas suas vidas da forma que quiserem”, afirmou.

“Para 99% das pessoas, não se trata de atravessar África a correr, mas talvez de perseguir um pouco mais os seus sonhos“, disse.

O atleta não planeia descansar à chegada a Cape Angela. Já está marcada uma festa, e o aventureiro britânico assegura que já planeou saborear um “daiquiri”.

Folha 8 com Lusa

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