A taxa de desemprego em Angola aumentou para 32,4% no primeiro trimestre de 2024, sendo os mais novos os mais atingidos pelo desemprego, que afecta 63,5% dos jovens entre 15 e 24 anos.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego na população com 15 a 24 anos subiu 9,1% nos primeiros três meses de 2024 face ao trimestre anterior (58,3%), enquanto a taxa de desemprego na população com mais de 15 anos teve um aumento menos expressivo em termos trimestrais (de 31,9% para 32,4%).
Em termos oficiais, no primeiro trimestre deste ano, mais 181.368 angolanos com 15 ou mais anos (população em idade activa) ficaram desempregados num total 5.646.659 pessoas (uma variação trimestral de 3,3%).
Entre os angolanos com idades de 15 a 24 anos, a população desempregada aumentou para 3.737.150 pessoas, com mais 286.183 jovens no desemprego.
No universo da população em idade activa (17.414.877), 11.768.218 pessoas trabalharam, com uma taxa de emprego estimada em 60,2%, sendo ligeiramente superior nas áreas rurais e entre a população masculina (61,6% face a 59% de mulheres).
Os grupos etários de 35-44 anos e 45-54 anos de idade concentram o maior número de pessoas empregadas, de acordo com o Inquérito ao Emprego em Angola (IEA).
Quase metade das pessoas (47,5%) trabalham na agricultura, caça e pescas, seguindo-se o comércio com 22,6%. A maioria das pessoas empregadas (79,8%) estão no sector informal, entre os quais 70,7% são homens e 88,5% de mulheres.
O IEA é um inquérito por amostragem, dirigido aos agregados familiares residentes em Angola. Por trimestre são seleccionados um total de 10.944 agregados familiares, sendo6.036 na área urbana e 4.908 na área rural.
Para mostrar a excelência dos peritos do MPLA, registe-se que a inflação em Angola voltou a aumentar em Abril, pelo 12.º mês consecutivo, registando uma variação homóloga de 28,02%, um máximo de quase sete anos, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), sendo a mais alta desde… 2017.
A Folha de Informação Rápida (FIR) do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) indica que esta variação representa um acréscimo de 17,61 pontos percentuais em relação à observada em igual período do ano anterior. Em Março, a inflação tinha atingido 26,09% em termos homólogos.
É preciso recuar a Junho de 2017, altura em que a inflação se situou em 30,51% para encontrar um valor mais elevado, segundo as estatísticas do site Trading Economics.
Pelos vistos nem mesmo o general presidente consegue pôr na ordem, ou minimamente controlada a inflação e o desemprego. O economista Wilson Chimoco considera que “nenhuma política pública vai conseguir pará-la enquanto não se assistir ao aumento da produção local”.
Em declarações à Lusa no dia 16 de Fevereiro, Wilson Chimoco disse que o Governo decidiu agravar as taxas aduaneiras, na mais recente actualização que fez, para a importação do arroz e trigo, para 40% e 20%, respectivamente, quando sabe que “não tem condições de atender à procura interna”.
A resposta natural a esta medida “é o aumento encadeado dos preços” afirmou o docente universitário, situação que, realçou, “poderá piorar”. Não poderá piorar. Já piorou.
“O Governo não o admite explicitamente, mas o OGE [Orçamento Geral do Estado] indica que em 2024 vai voltar a ajustar os preços dos combustíveis e da electricidade”, frisou, e se isso acontecer vai acelerar ainda mais a inflação. Nem mais. Aí está.
Wilson Chimoco avançou também que Angola está perante um quadro desafiante, porque o aumento da inflação significa que o banco central tem de agravar a política monetária, o que em contrapartida impossibilita o Tesouro nacional de se financiar nos mercados para fazer face às suas necessidades.
“E, claro, os impactos serão imediatos nos atrasos nos pagamentos dos salários à função pública e no crescimento da economia”, sustentou, considerando “outro grave problema” a avaliação que as agências de notação financeira vão fazer sobre o risco de Angola.
De acordo com o economista, uma revisão em baixa vai reduzir as possibilidades do Estado angolano voltar a emitir ‘Eurobonds’ (títulos de divida em moeda estrangeira), com custos baixos ao mesmo tempo que vai obrigar os bancos comerciais a elevar as imparidades para os Títulos Públicos, que detêm nos seus balanços.
“E, pelos desafios previstos para o serviço da dívida em 2024, o Governo poderá ser obrigado a voltar a cativar despesas e, no cenário mais gravoso, pedir uma revisão ao OGE”, argumentou.
Para o docente de macroeconomia na Universidade Católica de Angola, a solução passa por se apresentar um plano claro de desinflação de médio prazo.
“Que deve ser claro nos objectivos e prazos e que deve incluir, necessariamente, uma ancoragem cambial à China e um plano de oferta da produção nacional liderada pela Reserva Estratégica Alimentar”, defendeu o também investigador colaborador do Centro de Estudos e Investigação Científica na Universidade Católica de Angola.
Recorde-se que, no passado dia 19 de Janeiro, o Banco Nacional de Angola (BNA) anunciou que a taxa de inflação deverá atingir os 19% em 2024, estimando que o Produto Interno Bruto cresça 2,2%, suportado (como não poderia deixar de ser) pelo sector não petrolífero. O anúncio foi feito pelo governador do BNA, Tiago Dias, durante uma reunião do Comité de Política Monetária do banco central europeu.
Segundo o responsável, as estimativas de inflação para 2024 têm como base a aceleração dos termos de troca, insuficiência de oferta de bens e serviços e vulnerabilidade da cadeia de abastecimento interna associada a constrangimentos na cadeia logística internacional. Tiago Dias indicou ainda que Angola fechou o ano de 2023 com uma taxa de inflação de 20%.
Quanto ao crescimento económico, fixou-se em 0,7% do PIB em 2023, impulsionado pelo sector não petrolífero que terá crescido 2,1%, perspectivando-se que avance para os 2,2% este ano, em resultado dos impactos esperados dos diferentes programas do governo de estímulo ao sector não petrolífero, que deverá aumentar 4,2%, prevendo-se uma redução da produção petrolífera.