As Nações Unidas assemelham-se a uma organização ditatorial, desprovida de democracia onde os países africanos são meros espectadores. África não pode continuar a ser considerada um continente periférico dentro da ONU.
Por Malundo Kudiqueba
A ausência de um processo democrático significativo dentro das Nações Unidas é evidenciada pela resistência a reformas substanciais. A necessidade de uma tomada de decisão mais equitativa e transparente é premente para garantir que as acções da organização realmente sirvam aos interesses de toda a comunidade internacional.
Ao longo dos anos, a África tem sido, muitas vezes, relegada a um papel de mero espectador nas discussões cruciais que ocorrem na Assembleia Geral da ONU. Embora as questões africanas estejam frequentemente na agenda, a participação efectiva dos países africanos nas decisões que moldam o curso do globo é notavelmente limitada. Este “status quo” não apenas desconsidera a diversidade e riqueza do continente, mas também mina os princípios fundamentais de igualdade e justiça que a ONU pretende defender.
A desigualdade na representação dentro dos órgãos decisórios da ONU é evidente, com poucos países africanos a ocupar posições-chave. Isso não apenas prejudica a legitimidade das decisões tomadas, mas também perpetua a ideia prejudicial de que as nações africanas são menos capazes ou menos importantes na busca por soluções globais. A representação adequada é essencial para garantir que as vozes africanas sejam ouvidas e que as perspectivas locais sejam devidamente consideradas.
Além disso, África continua a enfrentar desafios significativos que requerem uma atenção internacional mais proactiva. Questões como a pobreza extrema, conflitos armados, mudanças climáticas e pandemias são problemas globais que afectam directamente os países africanos. No entanto, a falta de participação efectiva no processo decisório da ONU dificulta a implementação de soluções abrangentes e sustentáveis.
Para transformar essa realidade é fundamental que os líderes africanos reivindiquem um papel mais activo nas negociações internacionais. A cooperação entre os países africanos também é crucial para consolidar posições comuns e fortalecer a influência do continente nas discussões globais. Além disso, é imperativo que os países desenvolvidos reconheçam a importância de dar espaço e poder aos representantes africanos, em um esforço para promover uma ordem mundial mais justa e inclusiva.
África não pode mais ser um mero espectador na arena global. A sua voz e contribuição são indispensáveis para moldar um futuro comum. A ONU, como guardiã dos princípios de igualdade e justiça, deve evoluir para incluir efectivamente todas as nações, dando especial atenção àqueles que historicamente foram marginalizados. Somente com a participação activa e equitativa de todos os continentes podemos construir um mundo verdadeiramente unido e harmonioso.