Londres testemunhou um acto de intolerância que deve alarmar qualquer defensor da liberdade de expressão: Floyd Mayweather, uma figura pública e exímio desportista, foi atacado e agredido pelo simples facto de apoiar Israel.
Por Malundo Kudiqueba
Floyd Mayweather Jr, tem um património superior a 1,08 mil milhões de dólares, tem o direito de usar a sua riqueza para apoiar quem bem entender, sem que isso o torne alvo de violência ou ódio. Este episódio não é apenas um ataque a uma pessoa, mas um golpe directo contra os valores que sustentam uma sociedade democrática e plural.
Seja pela sua fama, pela doação de milhões de dólares, ou pelo envio do seu avião particular carregado de bens essenciais para crianças em Israel, a razão para a agressão pouco importa. A questão central é que ninguém, repito, ninguém deve ser atacado física ou verbalmente por não alinhar com a causa defendida por uma das partes num conflito. A violência nunca será uma resposta legítima ao desacordo, porque desacordar faz parte da essência da liberdade.
O precedente que se abre é assustador. Se hoje Mayweather é agredido por apoiar Israel, amanhã outros poderão ser perseguidos por manifestarem posições distintas. Será este o futuro que queremos? Onde cada indivíduo, seja cidadão anónimo ou figura pública, esteja à mercê da ira alheia por exercer o seu direito à escolha? Não podemos permitir que a força bruta substitua o poder das ideias no debate público.
Esta realidade ressoa em Angola, onde a polarização política criou um ambiente tóxico. Quem não apoia os dois principais partidos políticos – MPLA ou UNITA – é visto como um inimigo, alguém a ser silenciado. O insulto e a crítica feroz tornaram-se armas para esmagar aqueles que ousam manter-se neutros ou expressar visões alternativas. O silêncio imposto pela intimidação é o primeiro passo para o fim do pensamento livre.
Como sociedade, é imperativo que nos questionemos: que democracia estamos a construir quando a liberdade de pensamento é tratada como uma afronta? Quem agride hoje para defender uma causa, amanhã estará a destruir a própria humanidade em nome dela. A intolerância é o antídoto da paz; cada acto de agressão é um passo rumo à barbárie.
A agressão a Mayweather é um espelho que reflecte os perigos da intolerância em qualquer parte do mundo. Hoje, é em Londres. Amanhã, pode ser em qualquer esquina do planeta, em qualquer discurso, em qualquer opinião. Devemos combater esta escalada de ódio antes que ela destrua os alicerces do diálogo e da convivência pacífica. A liberdade de expressão não é negociável. É um pilar da civilização.