ALEITAR QUEM PRECISA… E MERECE

A coordenadora do Banco de Leite Humano (BLH) de Angola, Elisa Gaspar, defendeu hoje que este apoio aos bebés recém-nascidos deve ser uma política pública em Angola para abranger as 18 províncias do país. No dia 1 de Agosto de 2017, Isabel dos Santos (então Presidente do Conselho de Administração da Sonangol) revelou um texto intitulado: “Dia Mundial da Amamentação – O leite materno é o melhor alimento para o bebé”.

Elisa Gaspar, que fazia hoje o lançamento do 1.º Congresso de Bancos de Leite Humano da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre entre 13 e 16 de Maio, em Luanda, disse que o encontro vai reflectir sobre a utilização do leite materno como alimento terapêutico para os bebés que dele necessitam.

A médica pediatra e mentora do 1.º BLH de Angola, inaugurado em Novembro de 2019 na Maternidade Lucrécia Paim, em Luanda, espera que depois do congresso o banco de leite seja uma política pública em Angola “para que se possa estender a todas as províncias” do país.

“Pensamos e queremos mesmo que todas as províncias tenham o seu banco de leite para poder acudir os nossos recém-nascidos”, referiu a médica.

A responsável apontou a escassez de profissionais como a principal dificuldade que o BLH angolano enfrenta, contando apenas com uma médica, duas enfermeiras e uma microbiologista voluntária, manifestando o desejo que tal dificuldade seja ultrapassada após o encontro.

“Gostaríamos de ter mais pessoas a trabalhar connosco para podermos ter mais tempo de trabalho no BLH”, concluiu Elisa Gaspar, também bastonária da Ordem dos Médicos de Angola.

O BLH angolano, projecto de cooperação brasileira, tem uma capacidade de recolha diária de 100 litros de leite, doados por mulheres, que se deslocam para o efeito à unidade hospitalar.

Os bancos de leite humano representam uma estratégia para proteger e apoiar o aleitamento materno, envolvendo a recolha, processamento e distribuição de leite para bebés prematuros ou de baixo peso que não podem ser alimentados pelas mães, além de oferecer suporte e orientação ao aleitamento materno.

O Brasil lidera a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo, combinando baixo custo com alta qualidade e tecnologia, uma rede partilhada com mais de 20 países na América Latina, Caribe e Europa.

Angola juntou-se em Novembro de 2019 à lista de países africanos que contam com Bancos de Leite Humano, inspirados no modelo brasileiro, tornando-se o quarto país da CPLP a implementar um centro deste género, localizado na Maternidade Lucrécia Paim, com capacidade de armazenar 100 litros de leite por mês. Até finais de Maio do ano passado tinham sido recolhidos 206,5 litros de leite, que beneficiaram mais de 1.600 bebés.

O congresso, que acontece em formato híbrido, organizado pelos Governos de Angola e do Brasil, em parceria com o Secretariado Executivo da CPLP, decorre sob o lema “Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional para Recém-Nascidos de Risco e Lactentes”.

No dia 18 de Novembro de 2019 as autoridades sanitárias de Angola inauguraram o primeiro Banco de Leite Humano, com capacidade de recolha diária de 100 litros de leite, doados por 50 mulheres, que se deslocam para o efeito à maior maternidade do país. A ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, garantira no dia 1 de Agosto de 2018 que o país iria ter um Banco de Leite Materno “ainda no segundo semestre de 2018”.

Segundo Elisa Gaspar apenas a Maternidade Lucrécia Paim dispunha de uma unidade deste tipo, mas as colheitas estendiam-se por quatro outras maternidades de Luanda.

“Temos capacidade para a recolha de 100 litros de leite diária e temos neste momento 50 doadoras inscritas e que dão todos os dias, várias vezes, leite. Temos neste momento leite suficiente para dar aos prematuros do berçário e bebés que nascem de mães seropositivas”, sublinhou.

Elisa Gaspar disse que o trabalho era assegurado por 25 técnicos especializados em banco de leite humano, fruto de trabalho voluntário. O Banco de Leite Humano é constituído por um laboratório de controlo de qualidade, que garante a qualidade do leite e o local de recolha.

A ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, disse, na altura, que o Governo iria alargar, de forma gradual, o projecto às restantes unidades sanitárias do país com serviços ou especializadas na assistência à mãe e à criança.

Sílvia Lutucuta apelou ao contributo de todos para o fortalecimento da iniciativa, “recordando que toda a mulher que amamenta pode ser doadora de leite humano”.

Por sua vez, o ministro da Saúde do Brasil, Luiz Mandetta, lembrou na altura que um dos Objectivos do Milénio da agenda 20/30 é a redução da mortalidade infantil e dar leite humano para as crianças que precisam traz enormes benefícios nesse sentido.

Luiz Mandetta destacou a experiência de mais de 30 anos desse programa no Brasil, estruturado em todo o território nacional e adoptado em mais de 30 países.

Para o ministro brasileiro, era necessário que a partir dessa data “a sociedade angolana se apropriar desse banco de leite, entender a importância, as mulheres doarem”.

“O segundo passo é transferir essa tecnologia (…) para esta maternidade, vamos ajudar Angola a mandar para todas as províncias para que nós tenhamos, pelo menos, um banco de leite em cada província aqui em Angola”, disse.

O governante do Brasil frisou que o apoio brasileiro neste projecto iria desde toda a parte do sistema de colheita – “uma tecnologia barata” – à testagem do leite, fazer o congelamento e descongelamento, ou seja, a pasteurização do leite para eliminar micróbios e a análise de contaminação.

“Essa (tecnologia) que foi integralmente transferida aqui para Angola, não é uma tecnologia complexa, mas é a tecnologia que o Brasil utiliza e que um monte de países do mundo tem utilizado com sucesso”, acrescentou.

A testemunhar a inauguração do primeiro Banco de Leite Humano angolano esteve na altura também o coordenador da Rede Global de Bancos de Leite Humano do Brasil, João Aprígio Guerra de Almeida.

E a demagogia da ministra continuará a dar… leite?

Recorde-se que a ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, garantiu no dia 1 de Agosto de 2018 que o país iria ter um Banco de Leite Materno “ainda no segundo semestre de 2018”, adiantando que o projecto não arrancou anteriormente por “dificuldades financeiras”.

“Temos que ser optimistas, grande parte deste projecto é financiado por doações e acreditamos que ainda neste segundo semestre será possível termos o nosso banco de leite a funcionar”, afirmou a ministra em declarações aos jornalistas.

Optimistas, sim. Matumbos, não. A ministra, certamente embalada pela propaganda do seu partido, parecia querer – como o Folha 8 escreveu nesse exacto dia, entrar também para o anedotário nacional. Uma pena!

A governante que falava à margem da cerimónia (2018) de abertura da Semana Mundial da Amamentação, sublinhou que razões financeiras impossibilitaram a implementação deste Banco que deveria funcionar na maternidade Lucrécia Paim, em Luanda.

“Este é um projecto que já tem alguns anos e que por esta altura deveria ter sido implementado, por razões financeiras e outras ainda não está preparado ou iniciado”, explicou.

Sílvia Lutucuta fez saber igualmente que o departamento ministerial que dirige já trabalhava então com a direcção da maternidade Lucrécia Paim, a maior do país, para a “curto prazo” conseguir começar com o projecto de aleitamento materno naquela maternidade.

“As instalações já estão, os equipamentos foram em grande parte doados, têm que chegar ao país e também precisamos de formar quadros com as competências necessárias para que este projecto seja um facto”, sustentou.

Em Angola, segundo revelou nesse dia a ministra, e como Folha 8 revelou no texto “Ao menos não brinquem com as nossas crianças”, apenas 38% das crianças são amamentadas exclusivamente até ao sexto mês.

1 de Agosto de 2017. Certamente graças à experiência da Mãe, Isabel dos Santos, por sinal então Presidente do Conselho de Administração, a Sonangol revelava um texto intitulado: “Dia Mundial da Amamentação – O leite materno é o melhor alimento para o bebé”.

Recordemos, na íntegra, e com a devida vénia (a Isabel dos Santos) o respectivo artigo:

“Nos dias de hoje, apenas 38% das crianças no mundo são alimentadas exclusivamente de leite materno nos primeiros seis meses de vida, de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde.

E este facto é tão mais prejudicial para os bebés, que não se alimentam desta forma, porquanto o leite materno é o único alimento que fornece nutrientes naturais, e que são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança. O leite da mãe combate as infecções, protege contra bactérias e vírus, e evita as diarreias, além de constituir o método mais barato e seguro de alimentação neo-natal.

Organização Mundial da Saúde recomenda que até aos 6 meses de vida o bebé seja alimentado exclusivamente de leite materno. Outros alimentos, como papas, sopas, água, etc., só devem entrar na dieta alimentar da criança após esse período de seis meses. Contudo, até aos 2 anos, esses alimentos devem complementar o leite e não contribuir para a eliminação do ritmo alimentar.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde 2015-2016 de Angola, o início precoce da amamentação é importante para a criança mas também para a mãe. O primeiro leite materno contém colostro, que é altamente nutritivo, e possui anticorpos que protegem o recém-nascido contra doenças. A amamentação encoraja igualmente a criação de laços entre a mãe e o recém-nascido, facilitando a produção regular do leite materno. Assim, recomenda-se que as crianças sejam amamentadas imediatamente após o nascimento ou dentro de uma hora pós-parto, desencorajando-se a alimentação pré-láctea (dar ao recém-nascido tudo menos leite materno antes deste começar a alimentar-se, com regularidade, directamente do peito da mãe).

Embora a amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida seja importante para a sobrevivência e o bem-estar da criança, é igualmente importante que os alimentos complementares sejam introduzidos atempadamente, uma vez que o leite materno não fornece a nutrição adequada para os bebés com mais de 6 meses de idade. Em Angola, a maioria das crianças com mais de 6 meses consome alimentos complementares correspondendo às indicações do Ministério da Saúde sobre princípios de nutrição infantil.

De acordo com estatísticas do INE, a duração média de qualquer tipo de aleitamento materno é de 18,7 meses, enquanto a duração média de aleitamento materno exclusivo é de 3,1 meses e a de aleitamento materno predominante de 5,2 meses.

As principais vantagens da amamentação para a saúde do bebé são o combate as infecções, o desenvolvimento sensorial e cognitivo da criança, a protecção contra as alergias, a prevenção de infecções gastrointestinais, urinárias e respiratórias, alterações ortodônticas de fala e diminuição nas incidências de cárie, a melhoria da nutrição, a diminuição do risco de obesidade, hipertensão e colesterol elevado.

Para a mãe, a amamentação ajuda o útero a regressar mais rapidamente ao seu tamanho normal, protege contra o cancro da mama e dos ovários, previne fracturas ósseas por osteoporose, o risco de artrite reumatóide, facilita o retorno do peso pré-gestacional e reduz, de forma significativa, a ansiedade e depressão pós-parto.»

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