Angola começa a exportar a partir de quinta-feira (apesar de ter o seu Povo a passar fome) os primeiros produtos alimentares para os Estados Unidos da América (EUA), através da Lei Norte-Americana sobre Crescimento e Oportunidade para África (AGOA), anunciou hoje a embaixada norte americana, em Luanda.
A embaixada dos EUA em Luanda afirma que o evento que marca a exportação dos primeiros produtos alimentares mistos da empresa angolana Foodcare Lda, sem taxas aduaneiras, através da AGOA, acontecerá já na quinta-feira.
Segundo a missão diplomática norte-americana, o acto assinala o início de uma “nova era” comercial entre a empresa angolana do sector alimentar e os Estados Unidos da América.
“Trata-se de uma acção que visa promover a diversificação económica através do comércio, desenvolvendo o sector agrícola e o agro empresarial através do apoio às empresas na obtenção de padrões mais elevados e da consistência necessária para exportar com sucesso para os EUA”, refere-se no comunicado.
O Governo dos EUA, através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla inglesa), financiou o Programa de Comércio e Investimento na África Austral, que facilita a exportação isenta de taxas aduaneiras de portos para os EUA ao abrigo da AGOA, permitindo o acesso de aproximadamente 7 mil produtos diversos, oriundos de países da África Subsaariana, ao mercado norte-americano.
No ano passado, a Foodcare representou o país com a sua diversidade de produtos produzidos localmente na “Summer Fancy Food Show”, em Nova Iorque, numa feira internacional de alimentação nos EUA.
Inaugurada em 2019, resultante de um investimento de 52 milhões de kwanzas, a Foodcare é uma empresa familiar especializada no processamento de diferentes tipos de alimentos orgânicos, como Muteta, Kizaca, cogumelos, manteiga de amendoim, catatu, tortulho, farinha de inhame, polvilho doce, entre outros. A marca dos produtos é “Mavu” que significa terra em Kimbundu, uma das línguas nacionais.
Em Junho de 2015, a ministra do Comércio de Angola, Rosa Pacavira, disse à margem do seminário “Como Exportar para os EUA e a Estratégia para a Dinamização do AGOA”, que Angola estava a criar condições para exportar produtos alimentares angolanos para o mercado norte-americano.
Segundo a então ministra, Angola contava com o apoio técnico da embaixada norte-americana para o efeito, prevendo a parte angolana criar o Guichet único de Exportador, criando assim a lista de produtos de preferências dos EUA.
Rosa Pacavira sublinhou que Angola já exportava para os EUA petróleo e seus derivados, ainda antes do AGOA, tendo exportado entre 1985 a 2003 mercadoria no valor de 42,9 mil milhões de dólares.
Após ter aderido ao AGOA, em 2003, as exportações angolanas para os EUA quase triplicou, em quantidade e valor, ascendendo no período entre 2004-2014 a 115,39 mil milhões de dólares, destacou a governante angolana.
“Para exportar outros produtos, artesanato, mel, madeira, produtos do mar e outros, primeiro temos que o sector passar um certificado de autorização, segundo passarem pelo Ministério do Comércio para poderem então junto do laboratório de qualidade das agências reguladoras, mesmo sul-africanas que também trabalham connosco, podemos então certificar o produto e aí passar a ser elegível para entrar para os EUA”, frisou a ministra.
Por sua vez, o presidente da CEEIA – Comunidade das empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola, Agostinho Kapaia, disse que empresas ligadas à exportação de café, bebidas e madeiras estão preparadas para iniciarem a exportação desses produtos para os EUA.
“A Lei do AGOA deve ser aproveitada pelos empresários angolanos e com a liderança do Ministério do Comércio, nós acreditamos que isto agora vai acontecer, que Angola não tem vindo a aproveitar, tirando o sector do petróleo. Acreditamos que é o momento certo”, disse Agostinho Kapaia.
Na altura, a embaixadora dos EUA em Angola, Helen La Lime, disse que o Governo norte-americano enquanto parceiro estratégico de Angola quer ajudar na promoção deste tipo de ambiente que combate a pobreza e estimula a economia.
“Com o objectivo de combater a pobreza e facilitar a troca de ideias e comércio estamos a convidar professores, empreendedores, funcionários do Governo, cientistas e outros angolanos a participarem em programas de intercâmbio”, sublinhou a embaixadora norte-americana.
Os EUA manifestaram interesse ainda por produtos angolanos, como a banana, o mel, a madeira e produtos de origem mineira, como as rochas ornamentais.
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