UMA TRAGÉDIA (PARA OS ANGOLANOS) COM 67 ANOS

Parabéns ao MPLA, uma tragédia para os angolanos. Parabéns ao ninho dos marimbondos pelos seus malditos 67 anos (oficiais) de existência. Viva!

Por Geraldo José Letras (*)

Em alusão ao 67° aniversário do MPLA assinalado neste domingo, 10 de Dezembro, o Bureau Político do partido popularmente e cada vez mais conhecido pelos angolanos com Movimento Popular para Lixar os Angolanos, apelou a todo o povo a apoiar de forma “massiva e incondicional as transformações políticas, sociais e económicas implementadas pelo Camarada Presidente, João Lourenço, que respaldam a permanente preocupação com a melhoria da qualidade de vida de todos os Angolanos”.

Entenda-se que para o MPLA (ninho de marimbondos que há 48 anos domina todos os areópagos do país), a permanente preocupação com a melhoria da qualidade de vida de todos os angolanos significa “melhorar a qualidade de vida dos militantes do Bureau Político, Comité Central e Bocas de Aluguer ao Serviço Permanente de Bajulação a João Lourenço e suas borradas (planos do Executivo)”.

Quanto aos outros 28 milhões de angolanos, que continuam a demonstrar um espírito patriótico comendo nos contentores de lixo ou virar-se como conseguirem, tal como o fazem há quase meio século (48 anos) sem ousar manifestar-se nas ruas santificadas de Luanda por Eugénio Laborinho que sabe transformar rebuçados em bastões para distribuir porrada com direito a hospedagem paga nas cadeias.

Sob o lema “Unidade, Progresso e Compromisso por Angola”, o Bureau Político do “ninho de marimbondos” que atrasa o desenvolvimento económico e social do país e dos angolanos há 48 anos, considera a data “uma oportunidade ímpar para reflectir profundamente sobre a trajectória histórica do MPLA, marcada por desafios e conquistas, representando estandartes desafiadores da sua capacidade de resiliência e adaptação permanente à situação vigente em cada momento”, por isso reitera que toda a actividade política do MPLA permanecerá alinhada aos amplos movimentos de mobilização patriótica e de unidade nacional, garantindo a participação democrática de todos os grupos sociais da população, privilegiando o diálogo permanente e livre para enfrentar e vencer os desafios do presente e do futuro.

O Bureau Político do Comité Central do MPLA, aproveita igualmente a data para assumir que mantém o perfil de partido (ou seita) de todos os angolanos comprometidos com a construção de uma sociedade justa, democrática, pluripartidária, de bem-estar e progresso social, fundamentada no desenvolvimento de uma cultura de paz e de progresso.

O 67º aniversário da fundação do MPLA é, para o Bureau Político do Comité Central do partido dos camaradas, celebrado no meio de constantes mutações sociais, políticas e económicas, tanto no âmbito nacional quanto internacional, nas quais o MPLA, com coragem e determinação, tem encontrado os melhores modelos de respostas para manter a fidelidade ao legado de que “o mais importante é resolver os problemas do Povo”. Que povo? Só o próprio MPLA sabe mostrar.

Aos seus militontos, amigos e simpatizantes por conveniência, o Bureau Político exorta-os para que celebrem a efeméride com elevado sentimento patriótico (calados quanto à realidade do país), exaltando os feitos dos (malditos) heróis (paridos) tombados pelas nobres causas do MPLA.

A MAIOR OBRA DO MPLA – A CORRUPÇÃO

No dia 16 de Junho de 2022, a ministra das Finanças de Angola apelou à perseverança na transparência, integridade e probidade dentro da contratação pública, pressupostos que aos poucos têm afastado “o fantasma da corrupção”. Por outras palavras, afastou o fantasma mas – é claro – manteve a corrupção. Pelo esclarecimento, obrigado ministra Vera Daves.

Vera Daves fez estas declarações na abertura do seminário sobre “Contratação pública, arquitectura e engenharias em prol da consolidação fiscal”, promovido pelo Serviço Nacional da Contratação Pública.

“De facto, paulatinamente, temos sido capazes de esconjurar o fantasma da corrupção na contratação pública, nesta nova rota que estamos a trilhar, já com uma certa estabilidade e onde se notam melhorias na qualidade dos quadros e dos instrumentos afectos à administração pública”, referiu Vera Daves.

A titular da pasta das Finanças de Angola frisou que entre 2018 e 2021 o Serviço Nacional de Contratação Pública registou mais de 4.000 procedimentos, dos quais 1.722, ou seja, 37,4%, foram para contratos de empreitadas de obras públicas.

Segundo Vera Daves, o peso significativo das obras públicas ordenadas pelo MPLA nos procedimentos de contratação foram os temas principais do seminário, no qual foram analisados em profundidade vários assuntos, nomeadamente, o estado da contratação pública, engenharia, arquitectura e urbanismo em Angola.

“Quando olhamos para esses objectivos, não obstante percebermos que muito já foi feito e que nos devemos orgulhar disso, reconhecemos os inúmeros desafios que o presente nos coloca e que o futuro nos permite antever”, sublinhou.

Vera Daves realçou que a trajectória tem sido “muito desafiante para todos os intervenientes”, reconhecendo que as lições aprendidas, como a necessidade de melhorar a qualidade dos projectos de arquitectura e, consequentemente, das obras públicas e das habilidades de gestão de projectos, passando, também, a recorrer a soluções mais práticas, que vão facilitar o trabalho.

Um protocolo de cooperação foi rubricado entre o Serviço Nacional de Contratação Pública e a Ordem dos Arquitectos de Angola, para o estreitamento de relações e definição de estratégias para o desenvolvimento de acções conjuntas.

As acções a desenvolver incidem no domínio da formação e capacitação, inovação, realização de estudos e eventos no âmbito da elaboração de projectos, execução, fiscalização e acompanhamento de obras públicas e demais especialidades de arquitectura e urbanismo, com impacto na contratação pública.

A ministra considerou a iniciativa como “uma excelente oportunidade”, apelando a todos intervenientes “que continuem perseverantes no zelo pela conformidade, transparência, integridade e probidade dentro da contratação pública”.

A governante desejou que os temas ajudem a reflectir sobre “a cautela a ter na gestão dos contratos públicos, num contexto que continua a ser de adversidade económica e financeira e de alguma resistência institucional”.

“Que compreendemos e estamos disponíveis para, em conjunto, ultrapassá-la. Mas entendemos, igualmente, que é uma grande oportunidade para se provar que um processo de contratação pública bem desencadeado produz resultados incalculáveis, poupanças incomensuráveis com vantagens e benefícios para todos os angolanos”, concluiu.

João Lourenço conhecia a Lei da Probidade?

A Lei da Probidade Pública constituiu, segundo seu articulado e os devaneios propagandísticos do regime, mais um passo para a boa governação, tendo em conta o reforço dos mecanismos de combate à cultura da corrupção.

Recorde-se que a Assembleia Nacional aprovou no dia 5 de Março de 2010, com o devido e apologético destaque propagandístico da imprensa do regime e não só, por unanimidade, a Lei da Probidade Administrativa, que visava (de acordo com a versão oficial) moralizar a actuação dos agentes públicos angolanos.

Disseram na altura, e continuam a dizer agora, que o objectivo da lei é conferir à gestão pública uma maior transparência, respeito dos valores da democracia, da moralidade e dos valores éticos, universalmente aceites.

O então presidente da República, do MPLA (partido no poder desde 1975) e chefe do Executivo (para além de outros cargos), José Eduardo dos Santos, quando deu posse ao então novo Governo, entretanto várias vezes remodelado, reafirmou a sua aposta na “tolerância zero” aos actos ilícitos na administração pública.

Apesar da unanimidade do Parlamento, e passado todo este tempo, o melhor é fazer, continuar a fazer, o que é aconselhável e prudente quando chegam notícias sobre a honorabilidade do regime, esperar (sentado) para ver se nos próximos dez ou 20 anos (o optimismos faz parte do nosso ADN) a “tolerância zero” sai do papel em relação aos donos dos aviários e não, como é habitual, no caso dos pilha-galinhas.

Essa lei “define os deveres e a responsabilidade e obrigações dos servidores públicos na sua actividade quotidiana de forma a assegurar-se a moralidade, a imparcialidade e a honestidade administrativa”. É bonito. Digam lá que não parece – em teoria – um Estado de Direito?

Mas alguém acredita? Mas alguém está interessado? Acreditarão nisso os 68% (68 em cada 100) dos angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome? Ou as 45% das crianças que sofrem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos?

Se calhar não acreditam. Têm, contudo, de estar caladinhos e nem pecar em pensamentos. Mas acreditava o MPLA, já na altura com a presença dirigente de João Lourenço. E isso bastava e basta. A Lei da Probidade Administrativa foi tão eficaz que Angola subiu meio lugar nos últimos lugares do “ranking” que analisa a corrupção.

O importante é que o MPLA recebe os encómios dos países acocorados perante o petróleo angolano, que preferem negociar com um regime corrupto do que, eventualmente, com um que tenha uma base democrática.

Se calhar, pensam baixinho os angolanos que usam a cabeça e não a barriga para analisar o seu país, para haver probidade seria preciso que o poder judicial fosse independente e que o Presidente da República não fosse – como acontece à luz da Constituição – o “cabeça-de-lista” (ou seja o deputado colocado no primeiro lugar da lista), eleito pelo do círculo nacional nas eleições para a Assembleia Nacional.

Se calhar para haver probidade seria preciso que não fosse o Presidente a nomear o Vice-Presidente, todos os juízes do Tribunal Constitucional, todos os juízes do Supremo Tribunal, todos os juízes do Tribunal de Contas, o Procurador-Geral da Republica, o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas e os Chefes do Estado-Maior dos diversos ramos destas.

Se calhar para haver probidade seria preciso que Angola fosse um Estado de Direito, coisa que manifestamente (ainda) não é.

(*) Com Orlando Castro

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