O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, Diamantino Azevedo, desmentiu as informações sobre o possível início da exploração da reserva mineral do município do Longonjo, província do Huambo, conhecida como “Terras Raras”.
O ministro falava à imprensa, momentos depois de ter reinaugurado o complexo escolar nº 49, da comuna do Lepi, município do Longonjo, reabilitado, ampliado e apetrechado pela HM Grupo, no quadro das responsabilidades sociais da empresa que actua no sector mineiro.
Com 23 biliões de toneladas de minério bruto, a reserva mineral do município do Longonjo de “terras raras”, é composta, especialmente, de neodímio (Nd) e o praseodímio (Pr), actualmente explorados por menos de cinco países.
Estes minerais, entre outros metais existentes no local, são utilizados como matéria-prima para o fabrico de ímanes permanentes ultra-fortes e leves, para uso final em veículos eléctricos, turbinas eólicas, electrónicos modernos como telefones celulares, usado nas novas tecnologias da China.
De acordo com o governante, são falsas as informações que alegam o início dos trabalhos de exploração da localidade, também, conhecida como ouro do século XXI, cujo projecto está a ser implementado através da sociedade de parceria Ozango Minerais S.A, que no local já abriu 369 furos, numa zona de mais de oito mil metros de perfurações.
Na ocasião, o ministro disse estarem a decorrer, desde 2018, os trabalhos de prospecção, na expectativa de que se concluam, com êxito, para se dar origem a uma mina.
“Nesta ordem de trabalho, são desenvolvidas várias etapas, uma delas de colheita de amostras de pequenos e grandes volumes para a realização de testes que estão a ser efectuados, tanto cá em Angola, como no exterior, pelo que não se pode confundir com a actividade mineira, mas sim fases próprias do projecto de prospecção”, explicou.
O ministro acrescentou que a fase de prospecção pode chegar, legalmente, até sete anos e em casos de força maior pode ser prorrogado o prazo e no caso da reserva da Longonjo, houve uma prorrogação do prazo inicial de sete anos, por conta das implicações da Covid-19.
Paralelamente, o governante disse que na província do Huambo já se explora, entre outros, materiais de construção e as rochas ornamentais.
Diamantino Azevedo referiu que o seu Ministério continua a reforçar as medidas para o combate ao garimpo, por ser uma prática ilegal em Angola, com vista a conformar a actividade de exploração mineira aos marcos da lei. Entre as medidas, apontou a organização de cooperativaa de exploração de diamantes em sociedades comerciais, para que possam cumprir todos os pressupostos legais exigidos para poderem actuar no sector.
O governante disse não existirem no país cooperativas de exploração de ouro, mas sim cidadãos que desenvolvem a actividade, de forma isolada e ilegal, o que tem tornado complexa a situação, que exige a adopção de estratégias para se reverter o quadro.
A Empresa Ozango Minerais, SA, sociedade de direito angolano, que resulta da parceria entre a empresa Pensana PLC (investidor actualmente no Reino Unido) e o Fundo Soberano de Angola, está no município do Longonjo desde 2018, onde desenvolve trabalhos de prospecção das “terras raras”, situadas na montanha Tchimbilundo, localizada nos arredores da vila municipal do Longonjo, que dista a 68 quilómetros a Oeste da cidade do Huambo.
Recorde-se que a Pensana Rare Earths Plc, que detém a concessão do projecto de “terras raras” de Longonjo, na província do Huambo, anunciou em Julho de 2020 que estava em negociações com uma empresa chinesa para a construção da mina.
Num comunicado enviado à Bolsa de Valores da Austrália, a Pensana anunciou que a empresa estatal chinesa China Great Wall Industry Corp poderia ser nomeada como empreiteira dos trabalhos de engenharia, contratação e construção do projecto em Angola.
A China Great Wall prometeu ainda ajudar a Pensana a obter financiamento junto de bancos comerciais chineses, recorrendo a um seguro de crédito da China Export and Credit Insurance Corp, uma seguradora estatal chinesa.
O financiamento chinês, a ser pago num período máximo de 10 anos, poderia ir até 85 por cento do custo de desenvolvimento do projecto.
No comunicado, o Presidente da Pensana, Paul Atherly, disse que a China Great Wall tem “um historial de sucesso no desenvolvimento de grandes projectos em Angola e financiamento da China”.
O projecto do Longonjo foi aprovado pelo Presidente João Lourenço, e obteve financiamento do Fundo Soberano de Angola, sublinhou Paul Atherly.
A Pensana, já listada na Austrália, listou-se também no mercado principal da Bolsa de Valores de Londres.
No prospecto da listagem, a empresa aponta que uma “grande proporção” dos seus clientes estará na China, onde a procura por “terras raras” está a aumentar, com o país asiático a prever a instalação de projectos eólicos com uma capacidade total de 250 gigawatts até 2040.
O documento refere que o Governo chinês estava a encorajar a importação de “terras raras” através da isenção de imposto de importação e outros benefícios fiscais.
A maior riqueza no futuro serão as “terras raras” sem as quais a tecnologia de ponta não poderá funcionar. O elemento mais raro do rol dessas “Terras Raras”, o Túlio, é mais abundante que metais como a Prata e o Mercúrio. Por norma referem-se apenas o Neodímio, Lantânio, Praseodímio, Gadolínio, Samário e Cério mas são muitos mais os que compõem as “terras raras”, sobretudo do grupo dos lantanídeos como o Lantânio (que dá o nome ao grupo), o já referido Túlio (em homenagem à cidade mítica de Thule), os Escândio e Ítrio pertencentes a outros grupos (grupos são as linhas horizontais da Tabela Periódica) que não os lantanídeos e outros como Európio (em homenagem ao velho continente), o Galodínio (em honra de Johan Galodin do século XVIII que foi um dos primeiros investigadores das “terras raras”), o Térbio e o Hólmio (inspirados nos nomes de duas cidades suecas uma das quais a latinizada Estocolmo), o Disprósio (etimologicamente do grego “dysprositos”, difícil de obter), etc..
Em Angola a exploração das “terras raras”, pela raridade de tão rica composição, coube à angolana Ferrangol em parceria com australiana Pensana, de acordo com a Ozango Minerais que mais não é do que a empresa formada pela adjecção daquelas duas neste promissor projecto, cujo investimento efectivo está no segredo dos deuses, bem como o valor dos metais em causa.
O responsável da Ozango Minerais adiantou que, na próxima fase, então marcada para o segundo semestre de 2019, estava prevista a obtenção da licença do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleo de Angola, bem como a assinatura de acordos de aquisição de consumo, financiamento e engenharia do projecto e construção de infra-estruturas de apoio, entre outros.
Timothy George, o administrador, acrescentou em Abril de 2019, que o plano de geologia simplificado da topografia do “carbonatito do Longongo” (como é conhecido este local mineiro no Huambo) proporcionará oferta de trabalho qualificado, formação de quadros, concentração do produto no país e por fim a implementação de mecanismos para que os compradores venham obter o mineral localmente num valor de cerca de 60 dólares (52,20 euros) por quilograma.
Todavia, é sabida a capacidade poluidora, a ganância e o desrespeito pela natureza por parte das grandes corporações mineiras o que obrigará as autoridades angolanas a uma rigorosa fiscalização para se cumprirem as normas respeitantes à protecção do meio ambiente – e tal é possível se as autoridades fizerem o seu papel.
É do interesse nacional igualmente que o governo tente manter unidades fabris relacionadas com todas as fases do processo, desde a extracção do minério bruto até ao processamento final mas também que legisle e apoie a instalação do máximo de infra-estruturas para a obtenção dos elementos puros e quiçá produção de alguns dos aparelhos e componentes, fabricados com esses metais derivados dessas terras raras, sem os quais não há, por exemplo, telemóveis.
É uma questão de saber negociar e de pensar na pátria apenas, tendo em alerta que os clientes deverão, depois da compra, fazer a refinação do minério onde muito bem entenderem, na China presume-se.