MPLA PÕE A ONU EM SENTIDO…

O Presidente (não nominalmente eleito) João Lourenço defendeu hoje, em Luanda, a urgência de se reestruturar o Conselho de Segurança das Nações Unidas para garantir a presença como membros permanentes de regiões de planetas actualmente excluídos, mesmo que não sejam (como é o caso de Angola) democracias ou estados de direito.

Falando na abertura do conselho consultivo alargado do Ministério das Relações Exteriores de Angola, João Lourenço (que também é Presidente do MPLA, partido no Poder há 47 anos) e Titular do Poder Executivo, referiu-se a regiões como África e a América do Sul, “cuja voz não pode ser negligenciada, porque pode ser determinante na tomada de decisões das questões fulcrais como a paz e segurança, a segurança alimentar a defesa do ambiente, saúde pública e outras que tem a ver com a sobrevivência a nível global”.

“Não foram encontradas ainda as soluções seguras e duradouras para as situações de conflitos perigosos e prolongados como o da península coreana e israelo-palestiniano, cujas resoluções do Conselho de Segurança vêm sendo desrespeitadas e ignoradas”, disse João Lourenço.

O chefe de Estado do MPLA relembrou que nunca houve uma paz efectiva no mundo após a segunda guerra mundial, apesar de ter surgido a Organização das Nações Unidas, cujo papel é o de garantir a paz e a segurança mundiais.

Segundo João Lourenço, a ausência do equilíbrio de interesses está na origem de muitos dos problemas actuais, “e daí a necessidade de os líderes mundiais assumirem a responsabilidade de fazerem uma profunda reflexão sobre o papel central e incontornável que as Nações Unidas devem ter, de modo a que os destinos da humanidade sejam construídos na base do escrupuloso respeito e observância das normas do direito internacional e da carta das Nações Unidas”. Para valorizar esta tese do MPLA é aconselhável olhar apenas para o que João Lourenço diz e não para o que faz.

De acordo com o Presidente angolano, África enfrenta inúmeros conflitos armados, alguns internos e outros entre países vizinhos, situações para as quais Angola tem procurado com a sua experiência ajudado a debelar os problemas que afectam os seus países vizinhos.

Tudo “para que dialoguem, negoceiem a paz e, assim, passarem a dedicar todas as suas energias e recursos disponíveis ao serviço exclusivo e desenvolvimento económico e social dos seus países”, referiu. Ou seja, mesmo estando há mais de 20 anos em paz, devem fazer o que Angola não consegue, nem quer, fazer.

João Lourenço frisou que a diplomacia angolana defende a resolução negociada e pacífica dos conflitos seja de que dimensão e envergadura forem e em qualquer continente.

“O mundo acompanha com muita preocupação o eclodir da guerra da Rússia contra a Ucrânia e a anexação de territórios de um país independente, situação que Angola condena”, referiu.

João Lourenço apelou “a um cessar-fogo incondicional para se criar o ambiente para o início de negociações, para o estabelecimento de uma paz duradoura e se evitar o escalar de uma guerra que já casou a maior crise humanitária, alimentar e energética que o mundo conhece desde o fim da segunda guerra mundial, em 1945, e por representar a maior ameaça à paz e segurança mundiais pelo envolvimento directo ou indirecto das maiores potencias internacionais”.

MAIS DO MESMO, SEIS POR MEIA DÚZIA

Como se sabe, quando João Lourenço fala o mundo pára. Já no dia 24 de Setembro de… 2019 João Lourenço defendeu uma reformulação da composição do Conselho de Segurança das Nações Unidas, propondo a entrada de representantes africanos e sul-americanos para “reflectir o justo equilíbrio geoestratégico mundial”.

Falando na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, João Lourenço defendeu uma “reforma profunda da ONU para melhor competir com as grandes responsabilidades que tem na gestão e resolução de conflitos e prevenção das guerras” e vincou a necessidade de reformular o Conselho de Segurança.

“Reiteramos a necessidade de alargar os membros permanentes do Conselho de Segurança para contemplar África e a América do Sul, pelo facto de a actual composição que colocou as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial já não reflectir a necessidade de um mais justo equilíbrio geoestratégico mundial”, vincou o chefe de Estado angolano.

Numa intervenção onde chamou a atenção para a necessidade de optar pelo multilateralismo, “porque só ele contribui efectivamente para a paz e segurança mundiais”, João Lourenço elencou a península coreana, o Médio Oriente e o Golfo Pérsico como regiões problemáticas, exortando a ONU e a União Africana a dedicarem-se mais à Líbia.

“A ONU e a União Africana devem emprestar mais atenção à necessidade de normalizar a situação política na Líbia, pelo facto de os grupos terroristas controlados pelas diferentes milícias serem a fonte de abastecimento logístico dos grupos fundamentalistas que actuam no continente”, disse João Lourenço.

“África vem sendo assolada pelo terrorismo, sobretudo de cariz fundamentalista religioso, em países como o Mali, Níger, Nigéria, Camarões, Burkina Faso, Chade, República Centro-Africana e Somália, para citar apenas alguns”, apontou.

Apelando ao fim do embargo a Cuba e ao fim da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China “pelas consequências nefastas que já se fazem sentir na economia mundial”, João Lourenço deixou ainda uma palavra sobre o meio ambiente, antes de defender o investimento estrangeiro em Angola.

“Os exemplos concretos do fenómeno das alterações climáticas e do aquecimento global multiplicam-se pelo mundo fora, o que nos leva a associar-nos aos que denunciam a irresponsabilidade dos que persistem em ignorar esses sinais e se acham no direito de financiar as indústrias poluentes”, disse o Presidente de Angola.

Sobre o seu país (o dos angolanos é diferente), João Lourenço destacou, no final da intervenção, que “Angola está aberta ao mundo, ao investimento estrangeiro em todos os domínios da economia”, e exemplificou com as cerca de 150 privatizações que vão ser lançadas para sustentar que o Governo “encara os desafios de forma bastante séria e transparente”.

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