MINISTRA LUÍSA TAMBÉM GRILA

De acordo com o jornal oficial do MPLA (Jornal de Angola, segundo os intelectualóides do regime), a ministra da Educação, Luísa Grilo, defendeu, em Luanda, a necessidade de os alunos aprenderem a ler, escrever (em português? Em angolês?) e a fazerem operações a partir da primeira classe de ensino.

Luísa Grilo falava na cerimónia de encerramento do primeiro seminário do Programa de Reforço Escolar com Base na Metodologia Ensino ao Nível Certo -TaRL, altura em que reiterou o compromisso com a transformação da Educação.

“Estamos a lançar este primeiro grupo de mentores, supervisores e professores que vão acompanhar os resultados conseguidos pelos professores e sejam os primeiros a serem transformados”, disse a ministra. Luísa Grilo pediu aos formandos para usarem a diferenciação na sala de aula como um sinal positivo e não um meio de discriminação dos alunos, sublinhando que a nova metodologia vai permitir fazer o acompanhamento da aprendizagem em função dos ritmos de cada grupo.

Durante a alocução, Luísa Grilo lembrou que o actual nível de atraso escolar, com que se debate o país (independente há 48 anos), deve a partir deste seminário ser recuperado, paulatinamente, através de avaliações periódicas de desempenho.

A titular da pasta da Educação assegurou que com as actuais ferramentas, o pessoal docente está em melhores condições para fazer a adequação pedagógica ao ritmo dos seus alunos, em função do contexto da sua escola e da sala de aula.

Revelando uma erudita perspicácia, a ministra reconheceu que os professores não são meros robots, são seres pensantes, criativos e devem usar todas as estratégias necessárias para que os seus alunos aprendam.

“Caros professores, directores de escola e responsáveis provinciais, que o seminário seja o despertar de outras coisas para a construção de escolas dinâmicas, que facilitem o processo de ensino e aprendizagem no nosso país”, ressaltou a ministra.

Durante cinco dias, os 38 participantes das províncias de Luanda e Huíla debateram a visão geral da abordagem de ensino ao nível certo (TaRL) e da organização TaRL África, assim como a forma de elaboração de ferramentas de avaliação de literacia (capacidade para perceber e interpretar o que é lido) e numeracia (capacidade para realizar e compreender operações aritméticas simples). O seminário abordou, ainda, tabelas de sílabas, elaboração de matérias de literacia, parágrafos simples, histórias, assim como garantir a responsabilização pela mentoria e revisão.

Em Julho, Luísa Grilo garantiu que o Governo pretende acabar com as escolas precárias e improvisadas, até 2027, no âmbito da implementação do Projecto de Empoderamento da Rapariga e Aprendizagem para Todos (PAT II). “Portanto, estamos a assumir os desafios de, até 2027, zero escolas precárias, zero escolas improvisadas”, sublinhou a ministra. As crianças que estão fora do sistema de ensino, cerca de 5 milhões, fartaram-se de rir.

A governante, que falava à margem da 1ª Sessão Ordinária da Comissão Multissectorial para a Implementação do Projecto de Empoderamento da Rapariga e Aprendizagem para Todos (PAT II), orientada pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, frisou que a estratégia de combate à precariedade nas escolas passa também pela reabilitação dos sanitários e a criação de condições para que as crianças, com realce para as mulheres, possam ganhar melhores condições de aulas.

A sério, senhora ministra? A estratégia de combate à precariedade nas escolas passa também pela reabilitação dos sanitários… e por melhores condições de aulas? Quem diria… Cá para nós, o MPLA está a dar uma ajuda a Luísa Grilo para a colocar no top 5 do anedotário nacional.

Luísa Grilo avançou que este é um dos projectos destinados a ajudar a combater a existência de escolas precárias, uma vez que tem uma componente de construção e reabilitação de infra-estrutura escolares.

Nas contas da ministra (mesmo sem ter frequentado as aulas de numeracia), foram catalogados 68 municípios com escolas improvisadas, com destaque para as províncias de Benguela, Huíla e Uíge. Adiantou ainda, num brilhante exemplo da ligação directa do cérebro aos intestinos, que o mapeamento permitiu identificar as lacunas, em termos de infra-estruturas escolares, e com isto projectar a construção de escolas em locais onde há carência. Todos esperávamos que a construção de escolas fosse em locais onde não há carência…

De igual modo, Luísa Grilo frisou que o projecto vai também capacitar os gestores das escolas para a melhoria e a elevação das aprendizagens, através de uma gestão mais participativa, com o envolvimento das comunidades, comissão de pais e encarregados de educação. E que tal envolver também uns catuituís a cantar melodias de embalar, ou jibóias a fazer a dança do ventre?

“Quero dizer, com isso, que pretendemos que este projecto esteja cada vez mais voltado à qualidade da educação, através da articulação e interacção com os demais órgãos do sector”, enfatizou.

A governante esclareceu que esta componente vai fazer com que as raparigas e os meninos (não era suficiente dizer crianças ou alunos) consigam terminar o ensino secundário, sem ter uma gravidez, numa fase em que ainda não estejam preparados para serem mães ou pais.

“Para isso temos um incentivo, com a atribuição de uma bolsa, em que a rapariga ou o rapaz possa ter algum valor que possibilite superar dificuldades para ir à escola, bem como comprar material”, disse Luísa Grilo.

A ministra reforçou que o PAT II inclui bolsas de estudos em benefício de estudantes matriculados, a partir da sétima classe, com um subsídio para ajudar as famílias, sobretudo as mais carentes, no quesito do transporte e compra de material escolar, como forma de incentivar a permanência destes nas salas de aula.

Luísa Grilo deu ainda a conhecer que, no quadro da implementação da fase piloto, na capital do país, numa primeira fase 500 alunos, dos municípios de Viana e Icolo e Bengo, beneficiam já do subsídio de 8 mil kwanzas mês.

TENHA VERGONHA. DEMITA-SE!

A ministra Luísa Grilo considerou no dia 17 de Outubro de 2022 que o protesto contra a falta de carteiras organizado por um professor de uma escola de Luanda, alvo de um processo disciplinar, foi uma “precipitação” e defendeu mais diálogo. Como o professor sabe, e nós também, “diálogo” para o MPLA significa estar sempre de acordo com o… MPLA.

Luísa Grilo admitiu, no entanto, a falta de carteiras, indicando que existe um programa de distribuição, que já teria permitido o apetrechamento de várias escolas, de acordo com os planos definidos pelos municípios. Há 48 anos no Poder, o MPLA nem consegue dotar as escolas com carteiras, é obra. Isto porque as deixadas pelos colonos portugueses morreram de velhice.

“Infelizmente, tivemos esse incidente por precipitação. Era possível, através da direcção da escola, terem conversado, e saberiam do programa de distribuição de carteiras e qual a planificação para solucionar este problema”, afirmou, referindo-se à Escola 5108, no distrito da Estalagem, município de Viana, onde uma manifestação de alunos culminou na detenção (democrática, pedagógica e letrada) de um professor.

A ministra, que falava à margem da apresentação de um programa de bolsas escolares, apontou, além do número insuficiente, a existência de material degradado e indicou que muitas carteiras são vandalizadas, destruídas ou roubadas pela própria comunidade escolar, defendendo mais diálogo entre a escola, família e comunidade para evitar incidentes e conflitos.

Na altura, questionada sobre o professor que organizou o protesto, Luísa Grilo considerou que a atitude do professor “não foi ingénua” e lamentou que tenha desrespeitado a direcção da escola. Só faltou mesmo dizer que era um, mais um, arruaceiro da UNITA.

No seu entender, o professor foi “imprudente” ao movimentar crianças na via pública, o que “exige cuidados redobrados” e afirmou e que esse momento deveria ter sido articulado com as autoridades para não parecer “uma arruaça”.

Recorde-se que também o administrador municipal de Viana, Demétrio António Braz, falou de “instrumentalização das crianças” que foram colocadas “numa das vias mais movimentadas do município”, com riscos para a sua segurança, criticando o professor por não ter cumprido os requisitos legais do direito à manifestação.

Recorde-se também que Luísa Grilo defendeu, em Setembro de 2021, em Moçâmedes, que as tecnologias digitais devem estar ao dispor de todos e o seu uso aproveitado como uma nova forma de alfabetizar. Os 20 milhões de angolanos pobres… agradeceram, assim como os jovens estudantes que nem carteiras têm.

A ministra, que falava no acto central do Dia Mundial da Alfabetização, que decorreu sob o lema “Alfabetizar para aumentar a inclusão digital em tempos de pandemia”, disse que as novas tecnologias devem ser geridas para as áreas da formação, comunicação, informação, trabalho, entretenimento e na aproximação entre as pessoas em todos os enquadrantes.

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