A moeda nacional do reino do MPLA, Angola, desvalorizou-se hoje para mais de 800 kwanzas por dólar pela primeira vez, com as Finanças a continuarem sem intervir nos mercados e num contexto de subida da inflação.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, o kwanza está a perder pelo sétimo dia consecutivo, chegando a valer 804,37 kwanzas por dólar, passando a ser a segunda pior moeda a nível mundial na comparação com o dólar. A primeira á a libra sudanesa.
O kwanza já caiu 37% desde 11 de Maio, no seguimento da decisão governamental de acabar com os subsídios estatais aos combustíveis, o que motivou forte contestação social e um aumento dos preços.
O Presidente de Angola, general João Lourenço, já defendeu que o Banco Nacional de Angoa deve implementar medidas para fortalecer o kwanza, além de ajudar a economia a diversificar-se e controlar a inflação.
O terceiro maior produtor de petróleo na África subsaariana não vendeu dólares em Abril e Maio, de acordo com a agência de notação financeira Fitch Ratings, que antevê que o Tesouro continue sem intervir nos mercados.
“O Tesouro nacional reduziu a venda de moeda externa porque cobrou menos impostos e receitas dos direitos petrolíferos”, comentou o investigador António Estote, da Universidade Lusíada de Angola, à Bloomberg.
A inflação em Angola aumentou para 10,62% em Maio, pondo fim a 15 meses de declínio, depois de o governo ter cortado os subsídios aos combustíveis.
O novo governador do Banco Nacional de Angola, já reviu a previsão de inflação para este ano em alta, antecipando agora um aumento dos preços entre 9 e 11% no final de 2023.
Na sexta-feira, a agência de notação financeira Fith Ratings desceu a perspectiva de evolução da economia de Positiva para Estável, mantendo o ‘rating’ em B-.
“A revisão do ‘outlook’ de Angola de Positiva para Estável reflecte as previsões de menor crescimento económico, maior inflação e um aumento no rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB) em resultado da forte depreciação do kwanza”, lê-se na nota que explica também a decisão de manter o ‘rating’ em B-.
A Fitch Ratings reduziu a previsão de crescimento para 1,5% do PIB este ano, 2% no próximo ano, face aos 3,1% registados em 2022, estimando também que a inflação suba de 14,7%, no final deste ano, para 17,1% em 2024, quando até agora previa que já no próximo ano os preços crescessem a apenas um dígito.
Na nota, os analistas estimam ainda que o kwanza, que perdeu 30% do valor face ao dólar no primeiro semestre, chegue ao final do ano a valer 760 kwanzas por dólar, face aos 504 kwanzas por dólar no final de 2022, “mas uma depreciação maior é possível se a oferta interna continuar limitada”, alertam.
Recorde-se que tanto Presidente da República (João Lourenço), como o seu homólogo do MPLA (João Lourenço) e também o Titular de Poder Executivo (João Lourenço) dizem estar “muito esperançados” no novo ministro da Coordenação Económica em Angola. Mas admitem que, apesar de o MPLA estar no Poder há 48 anos, a diversificação é “a grande doença” da economia angolana.
O Presidente angolano manifestou-se “muito esperançado” na nomeação do ex-governador do Banco Nacional de Angola para o cargo de ministro de Estado para a Coordenação Económica, que assume a função encontrando “um dossier delicado”.
O general João Lourenço discursava na cerimónia de tomada de posse de José de Lima Massano, que saiu do cargo de governador do banco central angolano, substituindo Manuel Nunes Júnior, exonerado do cargo de ministro de Estado para a Coordenação Económica.
O chefe de Estado angolano referiu, na sua breve intervenção, que “a economia de qualquer país é algo muito importante”, tanto quanto é “a segurança nacional”.
“Talvez mais, porquanto, até a própria segurança nacional depende muito da saúde da economia do país. Tudo mais depende da boa saúde da economia do país”, frisou o general João Lourenço com a perspicácia intelectual de quem acabara de inventar a roda…
A diversificação económica, segundo o Presidente do MPLA, é “a grande doença” da economia angolana, que continua ainda fortemente dependente das receitas do petróleo. Doença que só passou a existir quando, em 1975, o MPLA comprou a Portugal a sua então província de Angola, substituindo “in continenti” os colonialistas portugueses pelos seus próprios colonialistas.
“Portanto, o grande desafio que tem a partir de agora é trabalhar no sentido de acelerar o processo da diversificação da nossa economia”, salientou o general João Lourenço, eventualmente lembrando-se do que os portugueses fizeram até 1974/75, altura em que Angola era auto-suficiente.
O chefe de Estado, justificando cientificamente a descoberta da roda, vincou que é preciso “produzir muito mais fora do sector dos petróleos e transformar mais os inúmeros recursos minerais que o país tem”.
“Transformarmos aqui, manufacturar um conjunto de bens que são essenciais para a vida das populações e desta forma aumentarmos o leque de bens exportáveis”, referiu João Lourenço, acreditando que “a tarefa” (de encontrar a quadratura da roda) para José de Lima Massano “talvez não seja muito difícil, a julgar pelo seu rico currículo”.
“A julgar pelo facto de estar a vir da banca, portanto, facilmente saberá mobilizar a banca para passar a financiar mais a economia nacional”, salientou o general João Lourenço, expressando que está “muito esperançado” na nomeação de José de Lima Massano para o “importante cargo”.
“Chega num momento em que vai encontrar um dossier delicado, mas que precisamos de resolvê-lo não só a contento da economia, como também dos cidadãos que de alguma forma acabam por ficar afectados”, sublinhou João Lourenço, indiciando que terá lido as teses de La Palice, sobretudo o capítulo quem este diz que as pessoas antes de morrerem estavam… vivas.