(H)ELP, ZURRA O MPLA

Angola precisa de um bilião de dólares (926 mil milhões de euros) para aplicar a sua Estratégia de Longo Prazo nos próximos 27 anos (ELP-Angola 2050), anunciou o ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João. Lá vão os angolanos ficar mais uns longos anos à porta do paraíso. Até lá terão de continuar a aprender a viver sem… comer.

Esclareça-se que este ELP nada tem a ver (presume-se…) com um outro ELP (Exército de Libertação de Portugal), uma organização de extrema-direita criada por Agostinho Barbieri Cardoso (ex-subdirector-geral da PIDE/Direcção-Geral de Segurança) em 6 de Janeiro de 1975.

O ministro falou em Luanda, após a apresentação da ELP-Angola 2050, actualmente e para apenas cumprir supostas obrigações legais em consulta pública a organizações internacionais, agências de desenvolvimento e missões diplomáticas.

Segundo Mário Caetano João, citado pela agência de notícias do MPLA, Angop, este é o valor que a economia (das couves plantadas com a raiz para cima) vai precisar para dar o salto (não se sabe se será de gazela) que o Governo angolano pretende até 2050, devendo ser mobilizado via investimento directo estrangeiro, recursos dos cidadãos e banca comercial. Os 20 milhões de angolanos pobres já esclareceram que os seus recursos não chegam sequer para comprar umas coisas que não sabem o que são, mas às quais os dirigentes do MPLA chamam… refeições.

O governante apontou o capital humano (educação, saúde e outros, que ao fim de 48 anos o MPLA mantém na idade da pedr), infra-estruturas (produção, transporte e distribuição de energia eléctrica) e diversificação como prioridades na nova dimensão de crescimento económico do país, e frisou a necessidade de reforçar o ensino pré-escolar, até “aos 5 anos”. Isto é claro, banindo e Angola os cinco milhões de crianças que estão fora do sistema escolar.

O ministro afirmou que o executivo vai colocar mais instrumentos financeiros no mercado para promover o agronegócio e destacou o investimento em infra-estruturas como “factor dinamizador do crescimento económico inclusivo, da produtividade e do desenvolvimento social”. Era bem mais simples dizer que o MPLA pretende fazer, 48 anos depois, o que os portuguesas fizeram até 1974.

A ELP é a ferramenta base que apresenta as (supostas) opções estratégicas de desenvolvimento a longo prazo do país e prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) não petrolífero crescerá 3,3 vezes, até 2050, passando de 84 mil milhões para 275 mil milhões de dólares (78 mil milhões para 255 mil milhões de euros), enquanto a população aumentará dos actuais 32 milhões para 70 milhões de habitantes. Senhor ministro, em 2021 a população de Angola já era de 34,5 milhões…

O documento prevê igualmente que o PIB ‘per capita’ não petrolífero aumente 1,2 vezes, saindo dos actuais 3,7 mil para 4,2 mil dólares (3,4 mil para 4 mil euros), contando com o suporte das exportações não petrolíferas (as petrolíferas representam quase 100%) que deverão crescer 13 vezes mais, passando de cinco mil milhões para 64 mil milhões de dólares (59 mil milhões de euros)

O PIB, actualmente, cifrado em 122 mil milhões de dólares (113 mil milhões de euros), deverá atingir 286 mil milhões de dólares (267 mil milhões de euros), ou seja 2,4 vezes mais e a dívida pública conhecerá uma redução de 6%, saindo dos 66 para 60% sobre o PIB.

Segundo as projecções “made in” DIP (Departamento de Informação e Propaganda do MPLA), nos próximos 27 anos, a esperança de vida dos angolanos aumentará seis anos, de 62 para 68 anos, enquanto a taxa de mortalidade de menores de 5 anos reduzirá de 71 por mil nados vivos para 19 por mil nados vivos. O desemprego deverá diminuir 10 pontos percentuais, de 30 para 20%.

GOVERNO ACELERA EM PONTO MORTO E COM O MOTOR DESLIGADO

O Governo antecipa um crescimento económico de 3,5% entre 2023 e 2027, impulsionado pela tal mirífica diversificação económica, sobretudo pelo agronegócio que vai contar com um financiamento de 3 mil milhões de dólares.

Os números foram revelados pelo ministro da Economia e Planeamento, Mário Caetano João, quando falava à margem do evento “The Angolan Development Roundtable” onde participaram líderes de empresas e responsáveis do executivo do MPLA e de instituições públicas (do MPLA).

“Estamos a prever crescer pelo menos 4,6% no sector não petrolífero e entre 0,5% a 1% no sector petrolífero”, indicou, acrescentando que isto não significa uma desaceleração dos investimentos no sector petrolífero, mas sim um “acelerar da diversificação”.

O governante sublinhou que o motor dos próximos anos será o investimento no agronegócio, através de linhas de financiamento do Banco de Desenvolvimento de Angola.

Estão já aprovados o Planagrão (Plano Nacional de Fomento para a Produção de Grãos) com cerca de 500 milhões de dólares por ano e um montante equivalente para as infra-estruturas e acessos às áreas de produção e o Planapescas (Plano Nacional de Fomento das Pescas), para o qual o executivo vai canalizar 300 milhões de dólares.

O Governo está também a trabalhar (informa o DIP) num plano para a pecuária que irá contar também com 300 milhões de dólares, nos próximos três anos, para apoiar a produção animal e derivados, anunciou Mário Caetano João.

No total são mais de 3 mil milhões de dólares, incluindo infra-estruturas públicas, que o executivo chefiado por João Lourenço promete fazer chegar ao sector privado para posicionar Angola entre os principais produtores agrícolas africanos.

“Nunca tivemos um investimento maciço como este no agronegócio”, destacou, acrescentando que os planos não foram desenhados apenas tendo em conta os distintos sectores, mas com uma abordagem transversal.

O ministro espera que os planos ajudem a colocar Angola nos lugares cimeiros da produção agrícola em África, já que o país tem, sempre teve, várias vantagens comparativas como a baixa densidade populacional e abundância de recursos hídricos.

“Acreditamos que em cinco anos podemos estar entre os principais produtores de grãos (milho, soja, trigo e arroz), sendo que o milho e a soja formam 95% dos ingredientes para ração animal”, impulsionando também a pecuária e as pescas, frisou o responsável.

Quanto às queixas dos empresários sobre as dificuldades no acesso à banca, considerou que “foi necessário criar procedimentos para salvaguardar o bom uso dos recursos” (“olhai para o que dizemos e não para o que fazemos”, diz o MPLA) para não repetir erros do passado, bem como trabalhar com o sector privado que demonstra “pouca maturidade” nos seus projectos. “Estamos a ajudar a transformar projectos emocionais em projectos racionais”, declarou Mário Caetano João.

O ministro realçou que a contribuição actual do sector petrolífero para a economia é de 27%, representando dois terços das receitas e cerca de 95% das exportações, pelo que continua a ser um motor importante da balança de pagamentos, mas espera-se que o peso relativo diminua nos próximos anos pelo efeito de aumento da actividade do sector não petrolífero.

Nota: Auxiliar linguístico para o MPLA. Zurrar (neste caso) significa “proferir tolices, disparates”.

Folha 8 com Lusa

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