O Níger, país da África Ocidental, acusou a antiga potência colonial, a França, de planear uma intervenção militar para restabelecer o governo do líder deposto, Mohamed Bazoum, que foi afastado do poder num golpe militar em 26 de Junho.
Por Malundo Kudiqueba
Numa declaração na televisão nacional, um porta-voz da junta militar, coronel Amadou Abdramane, afirmou que a França estava a enviar forças para outros países da África Ocidental como “parte dos preparativos para uma agressão contra o Níger”.
O porta-voz adiantou que aviões militares de carga estavam a descarregar fornecimentos e equipamento no Senegal, Costa do Marfim e Benin.
Paris, por seu lado, não respondeu às alegações de que tinha enviado tropas para outros locais da região, mas disse que apoiava a posição da CEDEAO, um bloco económico de estados da África Ocidental, que ameaçou usar a força para reintegrar o líder deposto do Níger, eleito nas primeiras pesquisas livres do país em 2021.
O golpe galvanizou o sentimento contra a França no Níger e a junta exigiu que a França retirasse os 1.500 soldados que ainda se encontram no país. Os Estados Unidos, entretanto, também têm cerca de 1.100 soldados no Níger e começaram a transferir as suas tropas “por precaução” de Niamey para a cidade central de Agadez.
Tanto a França como os EUA mantiveram uma presença militar como baluarte contra os insurgentes islâmicos, que aterrorizaram outras nações na região do Sahel, e há uma preocupação crescente de que a retirada das forças ocidentais possa criar um vácuo de poder que os islamitas se apressariam a preencher.
Além do mais, o grupo mercenário russo conhecido como Wagner também procura ganhar mais posição no Níger e noutros estados da África Ocidental.
Recorde-se que o presidente francês, Emmanuel Macron, apelou mais uma vez ao que chamou de “restauração da ordem Constitucional no Níger, pedindo também a libertação do presidente Bazoum.
“Este golpe é um golpe contra a democracia no Níger, contra o povo do Níger e contra a luta contra o terrorismo”, declarou. Emmanuel Macron está intransigente e não aceita que o seu embaixador seja expulso do Níger. Ele não reconhece nenhuma autoridade aos golpistas e tudo fará para que o presidente deposto seja reconduzido para o cargo.
Este caso leva-nos a uma única conclusão: A França não pratica aquilo que prega. A França não está a respeitar a soberania de um país. Os problemas do Níger devem ser resolvidos internamente sem a ingerência ou interferência da França.
A pergunta que se coloca é a seguinte: Será que o presidente Macron aceitaria se o Níger dissesse que ele não era a pessoa certa para liderar os destinos da França?