O líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, defendeu hoje que a revisão constitucional deve trazer “melhores oportunidades” aos angolanos em vez de “convites a golpes de Estado institucionais”, sublinhando que o partido descarta a possibilidade de um terceiro mandato presidencial. Será? Na verdade já está em curso a OPC (Oferta Pública de Compra) do MPLA à UNITA…
Adalberto da Costa Júnior discursava na tomada de posse do novo secretário provincial do partido em Luanda, Adriano Sapiñala, em substituição de Nelito Ekuikui, actualmente presidente da organização de juventude do partido (JURA).
A UNITA, principal partido da oposição que – se se portar como o MPLA quer – o general João Lourenço ainda permite que exista em Angola, venceu pela primeira vez o MPLA na capital angolana, nas eleições gerais disputadas no ano passado, que o partido do poder em Angola desde a independência em 1975, voltou a ganhar, mas com o pior resultado de sempre na sua história.
O líder da UNITA abordou declarações recentes do Presidente do MPLA, da República e Titular do Poder Executivo, general João Lourenço, ao canal francês France 24 sobre um eventual terceiro mandato em 2027, em que o chefe de Estado respondeu que era demasiado cedo para falar, acusando João Lourenço de não ser um presidente “inclusivo” de todos os angolanos e de mostrar apego ao poder. Mas onde está a novidade? Como muito bem sabia Jonas Savimbi, o MPLA mostra que só pela guerra deixará o poder!
A Constituição angolana prevê apenas dois mandatos, de cinco anos cada, e João Lourenço cumpre actualmente o segundo, pelo que seria necessária uma revisão constitucional para possibilitar um terceiro. Revisão essa que está a ser estudada pelo MPLA e que, embora não contando com a UNITA, pode ir às compras na ala “samakuvista” e nos deputados afectos a Abel Epalanga Chivukuvuku.
“A revisão da Constituição deve servir para trazer melhores oportunidades, e não convites a golpes de estado institucionais que é o que corresponde a esse sonho de quem começa a demonstrar apego ao poder e não mede consequências para continuar a defender direitos de meia dúzia”, acusou (de forma assertiva e louvável) o líder da UNITA, reforçando: “Terceiro mandato connosco não vai acontecer”.
Adalberto da Costa Júnior disse também que “muitos” têm demonstrado preocupação pelo uso das forças de defesa e segurança em prol de interesses partidários, apesar de acreditar que existe “maturidade política” para afastar este espectro.
Criticou também a comunidade internacional por se deixar “iludir” face à liderança de Angola e não se mostrar sensível à violação dos direitos humanos, apesar de algumas “representações diplomáticas corajosas que tem dado algum espaço e atenção àquilo que é universal, que é a salvaguarda da vida”, sem identificar quais.
Segundo Adalberto da Costa Júnior, está em curso um programa para afastar activistas e apoiantes da UNITA, bem como de combate ao presidente do partido. Por outras palavras, o MPLA está a comprar no mercado da UNITA e, com cofres sem fundo e a abarrotar de dinheiro dos roubos e da corrupção, não terá dificuldades.
O Presidente da UNITA, que tem oscilado em mostrar que quer ser salvo pela crítica e ser assassinado pelo elogio, insistiu que o objectivo da UNITA continua a ser a realização de autarquias locais e que estas não devem continuar a ser adiadas sob pena de “continuar a adiar o desenvolvimento de Angola”.
“As autarquias locais são o caminho de passagem obrigatória para o desenvolvimento do país”, frisou, dizendo o óbvio e levando João Lourenço a rir-se a bandeiras despregadas.
O líder a UNITA considerou por outro lado que o governo do MPLA “está a sentir uma enorme dificuldade em gerir o país” que se traduz no “desencanto” e que “resulta essencialmente da inexistência de legitimidade de quem está sentado na cadeira do poder”.
Adalberto da Costa Júnior voltou também a falar sobre a “crise extrema” da justiça angolana, visando sobretudo a “mais alta hierarquia do Estado” que permite a continuidade do actual presidente do Tribunal Supremo, apesar dos escândalos à sua volta e escolheu renovar o mandato do Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Gróz, apesar de este não ter sido o mais votado entre os seus pares. Mas como dono dos prostíbulo é também dono do reino, vale tudo.
“A crise na justiça deve ser ultrapassada, por causa dessa crise que os empresários internacionais não estão a investir em Angola, por que não tem confiança, um país sem justiça não atrai pelo contrário, afasta”, observou Adalberto da Costa Júnior.
Folha 8 com Lusa