Como é da praxe, mais vidas se vão em razão da chuva, nesta segunda-feira, 11, conjugada com as más políticas de ordenamento do território do governo do MPLA. Pelo menos quatro pessoas morreram, várias residências ficaram inundadas e famílias desalojadas devido às chuvas registadas no prenúncio da semana, em Luanda.
Por Domingos Miúdo (*)
As chuvas na capital angolana têm sido um mal horripilante, as famílias choram, rogam, ajoelham, rezam e até suplicam para não chover, porque quando a chuva cai, equipara-se a um ladrão que só vem para destruir e matar. Aumenta-se assim a taxa de mortalidade, de desalojados, pois, muitos acabam sem os seus tectos.
Pior ainda é o caso trágico ocorrido em Ndalatando, cidade capital do Kwanza-Norte, mês de Novembro, em que cinco membros de uma só família morreram por conta do desabamento da casa causado pelas chuvas. Trata-se de uma problemática que não é novidade para o governo, que ainda assim teima em nada fazer, como é hábito, para mitigar os eventuais estragos.
Este fenómeno é também um inibidor de actividades humanas. Por exemplo, conforme apurou o Folha 8, em Outubro deste ano, as crianças das aldeias no interior do município de Bailundo, província do Huambo, em épocas chuvosas, deixaram de assistir às aulas num período de seis meses, tudo porque para chegar à aldeia de Kayte, onde se localiza a única escola do Ensino Primário, têm de atravessar o rio local cujos níveis de água sobem e contam com a presença de jacarés.
E como faca de dois gumes, a situação não poupa também os professores que, além de só conseguirem dar aulas em dois meses em todo ano lectivo, Setembro e Junho, são forçados a fazer manutenção nas motorizadas, para quem tenha de trocar o rolamento todas as semanas nos meios que se estragam ao atravessar o rio.
A situação já é do domínio da administração municipal que, entretanto, nada faz para contrapor a problemática que prejudica o aproveitamento escolar para as crianças e o aproveitamento laboral para os professores.
Noutro ângulo, temos o bairro Mbondo Chapé, no município do Talatona, em Luanda, em que os moradores ficam privados de ir trabalhar ou à escola quando a chuva cai por conta das cheias nas valas que interditam a passagem destes e das respectivas viaturas para lá onde se encontram os locais de serviços e escolas.
Moradores afirmam que o caso já é do conhecimento do governo local, que só lhes “faltam coragem para tirar o povo destas agonias que já carregam há anos”.
Pede-se a rápida intervenção do governo para que, em próximas ocasiões, não se debata tanto sobre problemas que deveriam ser, escrupulosamente, acautelados.
E é o pão nosso de cada dia. Residências ficaram inundadas em devido às chuvas, que não pouparam ainda algumas infra-estruturas como igrejas, escolas, deixando ainda várias ruas alagadas e intransitáveis.
Pelo menos quatro pessoas morreram nas últimas 72 horas em Angola em consequência das intensas chuvas que caem no país, também com registo de inundações de residências e infra-estruturas públicas e privadas, anunciaram esta terça-feira os bombeiros.
Segundo o porta-voz do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros de Angola, Félix Domingos, as vítimas mortais foram registadas nas províncias de Luanda, com duas por afogamento, e Benguela e Huíla, por descargas eléctricas.
O oficial dos bombeiros deu nota de que as intensas chuvas que caem pelo país, acompanhadas de ventos fortes e trovoadas, causaram mais danos nas províncias da Lunda Sul, Cabinda, Namibe, Cuanza Norte, Bengo, Cuanza Sul, Benguela, Huíla, Cuando-Cubango e Luanda.
“Aqui destacar as províncias do Cuanza Sul, Cuanza Norte, Lunda Sul e Luanda como as que apresentaram um quadro com infra-estruturas com maior comprometimento em resultado das chuvas”, disse Félix Domingos.
O responsável realçou igualmente que um considerável número de residências ficaram inundadas em devido às chuvas, que não pouparam ainda igrejas e escolas, deixando ainda várias ruas alagadas e intransitáveis.
Félix Domingos fez saber que os trabalhos de levantamento das consequências das chuvas ainda decorrem, por via das comissões provinciais de protecção civil, considerando existirem relatos de famílias que ainda procuram pelos seus entes queridos.
“Mas, esta situação deve ser sempre associada naquilo que é a agregação dos nossos esforços para termos um balanço das chuvas, porque não podemos associar aqui qualquer outra situação (de mortes) que tenha relação directa com as chuvas”, explicou.
Contenção de ravinas, sucção das águas nas bacias de retenção que estão a transbordar, auxílio na mobilidade de algumas famílias em zonas inundadas são algumas das acções em curso pelos bombeiros.
Félix Domingos recordou ainda que o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica prevê chuvas para as próximas dias, exortando os cidadãos ao cumprimento das medidas das autoridades para se evitar dados maiores.
(*) Com Lusa