DIA DA VERDADE ANTECEDEU DIA DAS MENTIRAS

Hoje, 310323 é VERDADE, porque das entranhas de uma mulher nasceu, uma voz seguida por milhões, para enfrentar a arrogância e intolerância de um regime, que não prescinde da violência material, ante os diferentes… Iniciou a revolução do silêncio. A revolução dos discriminados.

Por William Tonet

A mensagem do 310323, num de repente, escalou montanhas, produziu eco e, por entre becos, carreiros, avenidas, sanzalas, vilas e cidades, uniu os injustiçados e discriminados pelo regime, multiplicando o grito de indignação cônscios de ter chegado a hora de contornar a fera com nova forma de luta: “FICA EM CASA”, porque o silêncio pode derrubar o arsenal da crónica MENTIRA.

A Polícia Nacional do MPLA… PERDEU! Não assassinou, como é seu apanágio, nenhum manifestante, com coluna vertebral erecta! Viva Gangsta(s)! “O melhor caçador não é aquele que fica em frente ao leão, mas o que procura o melhor sítio para lhe desferir golpes”, provérbio indígena.

A Polícia do “EME”, ao ter reproduzido a imagem deste jovem, num apócrifo cartaz: PROCURA-SE, afixado em todas fronteiras físicas, cometeu o maior erro, porquanto a vítima converteu-se num ícone de uma grande maioria de jovens e mais velhos, com direito a visto de entrada nas suas fronteiras mentais.

Foi uma estrondosa derrota a “criminosa” política económico-social de João Lourenço/MPLA, vergada ao colonial capital estrangeiro.

Os povos e micro-nações autóctones clamam pela independência imaterial e uma plena democracia, capaz de resgatar os seus valores culturais e linguísticos, fartos das crónicas falsidades de um regime, que faz da mentira e barbárie uma forma de manutenção de poder.

A VERDADE enfrentou, com maestria, o masoquismo policial, impedindo-os de assassinar cidadãos que, ingenuamente, se têm manifestado, acreditando no colete do art.º 47.º CRA (Direito de Reunião e Manifestação), quando saem às ruas, em nome da liberdade, água e comida e são alvejados com balas das séries rebuçados e chocolates “laborinho”, relembrem-se do genocídio de Kafunfu (158 civis, desarmados, mortos – Lunda Norte) ou dos jovens; Inocêncio da Mata (tiro na cabeça), Sílvio Dala, médico (asfixiado na esquadra policial do Katinton), Joana Cafrique, vendedora ambulante (três tiros, com o filho nas costas, no Rocha Pinto), Raquel Kalupe, vendedora ambulante (um tiro no olho, no Kassequel), entre outros crimes imprescritíveis e “insuscreptíveis” de amnistia.

Por esta e por outras, “Gangstamente”, a MENTIRA do regime foi desmontada, com um toque, uma voz rouca, multiplificativa, bastante para descredibilizar os falaciosos gráficos de recuperação económica, do controlo da inflação, da taxa de juro, imposta pelo capital e FMI, face a realidade da vida, onde o índice elevado do desemprego, inflação, fome, miséria, injustiça, discriminação, assassinatos indiscriminados, condenações e prisões arbitrárias contra pretos pobres constitui a grande VERDADE.

Ademais, a arrogância, intolerância e a jurisprudência de raiva e ódio, institucionalizados pelo presidente João Lourenço, desde 2018, acirram ainda mais as divisões, quer internas no seu próprio partido: MPLA, como na sociedade, que começa a reagir com o hastear de uma nova bandeira de luta. Por esta razão, a MENTIRA é que o 01 de Abril, não matará a VERDADE do 310323!

Uma marca, nas manifestações, sem contacto físico, com as ruas, mas muita empatia física de quem “FICA EM CASA”. As províncias, muitas sem nunca terem tido contacto com o mensageiro, relevaram a mensagem, paralisando a sua actividade económica liberal e pública, para reflectir o país. Em Luanda a maior Bolsa de Valores: Praça do Kikolo, não abriu, nas restantes províncias, a adesão cifrou-se entre 60 a 70%, tal como nos transportes colectivos privados.

O palácio presidencial, onde se aloja, comodamente, distante dos problemas do povo, João Lourenço recebeu o recado. A grande maioria dos cidadãos deixou de confiar na sua liderança e, questiona, abertamente, a legitimidade do seu mandato, tudo pela desastrosa política económica, assente numa visão colonialista e neoliberal do FMI, para gáudio do capitalismo selvagem, que controla, neste consulado, mais de 90% da soberania económica, relegando os autóctones para os contentores de lixo, onde se alimentam de sobejos. E, como se não bastasse, não podem recorrer à justiça, pois os tribunais superiores, têm nas suas entranhas, as marcas do suborno, extorsão e corrupção, com juízes ladrões.

Por todas estas e outras razões, a manifestação silenciosa: “FICA EM CASA”, venceu!

PRETOS DO ZANGO “XIZADOS” PARA MORRER

O Executivo de João Lourenço cometeu mais um crime, contra a humanidade, ao derrubar no 27 de Fevereiro de 2023, no Zango III, trezentos e onze (311) residências de autóctones pobres.

O espaço está legalizado, com Direito de Superfície, passado pelo Governo da província de Luanda, logo, o único crime é o de estar na posse de cidadãos, cuja serventia só é reconhecida em período eleitoral.

É um crime indescritível a forma selvagem como mais de 400 polícias e militares, requisitados por empresas de ricos, esquecendo o seu papel republicano, amparando as demolições ilegais de casas e pertenças de cidadãos, que se encontram há 40 dias na rua, com bebés e crianças, que estão a contrair várias doenças.

Os cidadãos pedem, apenas que os ricos respeitem a documentação dos órgãos do Estado, sempre que tenham interesse nos seus imóveis rústicos, como é o caso do Zango III, onde em cerca de duas semanas, a OMATAPALO construiu uma vedação milionária com cerca de oito (8) Km, mas nem se preocupou em apelar a construção de sanitas provisórias. Mais grave ainda é o corte das condutas de energia e água que serviam o local.

É o mais abjecto vampirismo institucional, que se nega a dialogar com pretos pobres.

PRESIDENTE ASSINA CONTRATO COM EMPRESA INEXISTENTE

O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, formalizou por contratação simplificada (ajuste directo; ajuste pessoal) um contrato milionário de 1.168 milhões de dólares, com duas empresas brasileiras, na pré-falência, uma das quais inexistente, desde 18 de Dezembro de 2020, a Odebrecht, que com a Bento Pedroso Construções, vão construir um troço ferroviário de 260 km, ligando Luena-Saurimo, como ramal do Caminho de Ferro de Benguela.

O despacho presidencial justifica o investimento com a necessidade de melhoria do transporte ferroviário, volume de mercadorias e número de passageiros transportados, mas não quantifica o volume de uma e de outros.

Ao ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, menino do chefe, que tanta borrada faz, competirá aprovar os procedimentos e o contrato enquanto, Vera Daves, ministra das Finanças caberá, sem questionar, abrir o cordão a bolsa, disponibilizando os recursos financeiros, que João Lourenço quer e já ordenou. Recorde-se que desde 18.12.2020, a ODEBRECHT que se encontra sob recuperação judicial mudou de denominação para Novonor, abrigando a nova holding 25 mil empregados e seis empresas dos sectores de engenharia e construção, mobilidade urbana e rodovias, petróleo e gás, mercado imobiliário, petroquímica e indústria naval.

As alterações fazem parte de acordos que a empresa firmou com autoridades em virtude do seu envolvimento com esquemas de corrupção, em especial, diz a G1 a Operação Lava Jacto.

“A empresa implantou um sistema de conformidade no padrão das grandes corporações internacionais, e que foi certificado há dois meses por um monitor independente do Departamento de Justiça dos Estados Unidos”, diz nota da Novonor.

A Odebrecht foi uma das empresas mais correlacionadas e impactadas pela Operação Lava Jato desde 2015. Além do Brasil, há outros 11 países em que a Odebrecht admite ter pago propina, para funcionários do governo, políticos e outras autoridades com o objectivo de obter contratos ou benefícios em obras, de acordo com relatório do Departamento de Justiça dos EUA. Angola é um desses países onde a pauta da corrupção a dirigentes foi nota dominante e, pelos vistos, parece que vai continuar.

“Não estamos a apagar o passado. Passado não se apaga. Passado é exactamente o que ele é – passado. Depois de tudo o que promovemos de mudanças e de correcção de rumos, estamos agora a olhar para o que queremos ser: uma empresa inspirada no futuro. Este é o nosso novo norte”, afirma em nota Maurício Odebrecht, accionista maioritário do grupo.

A perda de contratos e redução das operações colocaram a companhia num processo de recuperação judicial para reestruturação de R$ 51 biliões em dívidas. Outros R$ 14,5 biliões são compostos sobretudo por dívidas lastreadas em acções da Braskem e não passíveis de reestruturação.

A recuperação judicial protege empresas de terem dívidas executadas por credores e ser levadas a uma falência. Uma vez aprovada pela Justiça, coloca os credores numa fila para receber os seus empréstimos de volta, junto com funcionários, governo, fornecedores, entre outros.

À época do pedido, em 2019, o grupo tinha 48 mil postos de trabalho, mas chegou a ter mais de 180 mil, anos antes. “Como consequência da crise económica que frustrou muitos dos planos de investimentos feitos pela ODB, do impacto reputacional pelos erros cometidos e da dificuldade pela qual empresas que colaboram com a Justiça passam para voltar a receber novos créditos e a ter os seus serviços contratados”, dizia nota da companhia.

DERROTAS INTRAMUROS DO LÍDER DO MPLA

O líder do MPLA teve uma semana recheada de amargos de boca, nas reuniões do bureau político, onde um dos seus membros bajuladores introduziu a retórica do terceiro mandato de JLO, mas não obteve unanimidade, pelo contrário, a maioria sugeriu contenção, “face ao momento que o nosso partido está a viver, com os altos índices de rejeição popular, inclusive de nossos militantes, em função da grave crise económica”, disse na reunião, um membro, segundo a nossa fonte que pediu o anonimato.

Já na reunião do Conselho de Honra composto por anciãos, o presidente do MPLA foi encostado às cordas pela autoridade da idade dos seus membros, tendo mesmo um apontado, directamente, o dedo ao questionar: “camarada presidente depois de toda a guerra de descredibilização contra o camarada José Eduardo dos Santos, que livremente, o elegemos, como presidente emérito, o que ganhou? O que ganhou com a perseguição e exílio dos seus filhos, contribuindo para a divisão dos mesmos, com a história do seu cadáver, depois de termos acelerado a sua morte? Isso contribuiu para a baixa popularidade do partido, visto como corrupto, pelas suas próprias palavras e perseguições aos camaradas. Já pensou o que poderá acontecer ao camarada quando também deixar o poder se esta fora a lógica dos líderes do nosso glorioso MPLA?”

O mutismo gelou a sala e o próprio destinatário. Agora resta saber o que será do futuro de João Lourenço que rejeitou a criação de uma comissão de anciões integrando por técnicos para escrutinar as políticas económicas do governo, que uns acreditam estar a ser entre a estrangeiros, que “poderão pôr em xeque a nossa soberania. Isso é grave, camarada presidente e tem de fazer alguma coisa, para impedirmos convulsões maiores, pois não poderemos sempre contar com a Polícia e os militares, muitos dos quais vivem nos bairros e as situações dos populares”, alertou mais um ancião no pedestal de uma cátedra que já não tem nada a perder.

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