O grupo parlamentar da UNITA, maior partido da oposição que o MPLA (ainda) permite em Angola, inicia sexta-feira e até domingo, em Luanda, as segundas Jornadas nas Comunidades, para o contacto directo com os cidadãos e auscultação das suas preocupações. Mais do mesmo, seis por meia dúzia.
Segundo a primeira vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA, Albertina Ngolo, as jornadas decorrerão sob o lema “O Deputado ao Serviço do Cidadão”.
Albertina Ngola referiu que no primeiro dia a jornada é de carácter institucional, com cumprimentos de cortesia aos administradores dos nove municípios de Luanda, visitas aos hospitais municipais, escolas e comandos municipais de polícia.
O segundo dia, de acordo com o programa, está reservado para contacto directo com os cidadãos nas comunidades, mercados formais, municipais e praças.
A deputada realçou que ainda no sábado serão realizadas visitas a algumas igrejas adventistas do sétimo dia, tendo em conta o seu carácter especial naquele dia.
Para o último dia, as delegações vão reunir-se com as comunidades religiosas de várias denominações sediadas nos nove municípios da capital angolana.
A primeira vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA informou que todas as delegações serão compostas por pelo menos oito a 12 deputados, lideradas por um coordenador.
No final das jornadas, será produzido pelos coordenadores das delegações um relatório, que será remetido à presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, e ao governador da província de Luanda, Manuel Homem.
De acordo com Navita Ngolo, depois de Luanda, está prevista a mesma acção nas restantes províncias do país.
É mesmo isto que o Povo espera da UNITA, nomeadamente em Luanda onde o MPLA foi estrondosamente derrotado? Se calhar não. Em 2017 também João Lourenço adoptou a mesma estratégia de convívio e auscultação popular. Viu-se no que deu!
Talvez os deputados da UNITA possam explicar, se é que isso conta alguma coisa, a quem tem fome (20 milhões de pobres) que:
– A recente aprovação do Plano Integrado de Intervenção de Luanda (PIIL), que inscreve 2.786 projectos, orçados em mais de 12 biliões de kwanzas (24,5 mil milhões de euros), a serem implementados – diz o MPLA – nos próximos cinco anos;
– A carteira do PIIL congrega a requalificação e construção de estradas primárias e secundárias, valas de drenagem, iluminação pública, infra-estruturas da saúde e educação e a requalificação de vários bairros de Luanda no próximo quinquénio;
– O Plano Integrado de Intervenção de Luanda, área que conta com mais de 10 milhões de habitantes, foi aprovado durante uma sessão especial do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente angolano, João Lourenço;
– Pelo menos 2.786 projectos estão inscritos no PIIL, e o Governo prevê investir mais de 12 biliões de kwanzas na execução dos projectos de construção e requalificação de várias infra-estruturas;
– Segundo o governador da província de Luanda, Manuel Homem, o PIIL resulta da agregação dos projectos do Plano Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM), dos projectos especiais de Luanda, dos projectos do Programa de Investimento Público (PIP).
Os novos projectos do PIIM, ou não, “vão ser acompanhados de forma integrada” pelo Governo Provincial de Luanda em coordenação com os departamentos ministeriais em razão de cada projecto.
Talvez os deputados da UNITA possam explicar, se é que isso conta alguma coisa, a quem tem fome (20 milhões de pobres) que:
– O PIIL inscreve também como prioridades a conclusão da construção da nova marginal da Corimba de Luanda e a requalificação de alguns bairros de Luanda, nomeadamente Terra Nova, Bairro Popular, Marçal e Camama I;
– As valas de drenagem constam deste programa integrado cujas obra de conclusão, sobretudo das macro valas, terão – segundo o MPLA – início já agora em 2023;
– Há também o projecto de instalação dos caminhos-de-ferro para o novo aeroporto com infra-estruturas, ou seja um total 2.786 projectos que vão ser implementados neste quinquénio para a província de Luanda, segundo – é claro – o MPLA;
– No dia 20 de Agosto de 2018 foi prometido que a segunda fase de construção da zona sudeste da via Marginal de Luanda, troço Praia do Bispo/Corimba, teria a duração de 18 meses e com custos de mais de 142 milhões de dólares (123 milhões de euros);
– A obra da Direcção Nacional de Infra-estruturas Públicas (DNIP) de Angola, a cargo de uma empreiteira chinesa, compreendia uma extensão de 7,8 quilómetros e, a par da via Marginal sudeste, abrangia igualmente a reabilitação das vias de acesso ao longo das valas de drenagem;
– O valor global do contrato, que previa igualmente o realojamento das famílias que se encontram ao longo do perímetro do projecto, é de 142.352.693,67 de dólares, em que parte do financiamento estava já garantida;
– O projecto de Marginal da Corimba estava incluído no Programa de Investimentos Públicos e na proposta de lei do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2018 e que o projecto da nova marginal de Luanda, a sul da capital, é uma das grandes obras públicas em perspectiva no país;
– A obra foi concessionada pelo antigo Presidente José Eduardo dos Santos, a 21 de Setembro de 2017, cinco dias antes de deixar o poder e publicado no dia seguinte à tomada de posse do novo chefe de Estado, João Lourenço;
Talvez os deputados da UNITA possam explicar, se é que isso conta alguma coisa, a quem tem fome (20 milhões de pobres) que:
– Em Abril de 2017 o então Presidente da República e Titular do Poder Executivo (no qual pontificava o ministro João Lourenço) autorizou a emissão de 379 milhões de dólares em dívida pública, a reembolsar em sete anos, para pagar o resgate ordenado pelo Governo, do projecto de requalificação e reordenamento da marginal da baía de Luanda;
– Segundo autorização de José Eduardo dos Santos, essa emissão, equivalente a 348,5 milhões de euros, seria feita em moeda estrangeira (dólares), para pagar à sociedade Baía de Luanda a “reversão ao Estado da componente pública” daquele projecto de requalificação;
– No dia 24 de Fevereiro de 2017 foi noticiado que o Estado iria pagar cerca de 350 milhões de euros pelo resgate da Sociedade Baía de Luanda, responsável pela reabilitação e gestão da marginal da capital, devido à falta de viabilidade económica e financeira do projecto;
– Para retirar pressão ao transporte rodoviário em Luanda, o Governo está a criar corredores específicos para autocarros, reforçando também a oferta de transporte público através de linhas de catamarãs até ao centro da capital. Está também prevista a execução do Metro Ligeiro de Superfície da marginal da Corimba… Uf!
Talvez os deputados da UNITA possam não explicar mas aprender, se é que isso conta alguma coisa, que está a ser difícil aos angolanos aprender a viver sem comer. E depois disso os deputados poderão ir, merecidamente, jantar alguma coisa simples tipo trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas e umas garrafas de Château-Grillet 2005…
Folha 8 com Lusa