As condições de vida das populações na região Centro e Sul do país estão a melhorar com a construção de infra-estruturas sociais no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). Quem o diz é o rei do Bailundo, Isaac Francisco Lucas “Tchongolola Tchongonga”, que foi recebido em audiência, esta segunda-feira, 24 de Janeiro, pelo seu homólogo do MPLA, João Lourenço, no Palácio Presidencial.
“As nossas populações estão bastante alegres por aquilo que está acontecer na nossa região”, afirmou o primeiro neto directo do falecido rei Augusto Katchitiopololo, Ekuikui IV.
Entre as várias obras que estão a ser erguidas no âmbito do PIIM, o rei do Bailundo destaca – ou não fosse essa uma obra prioritária para o bem estar dos seus súbditos – a construção do Palácio Real, 35 residências para os membros da Corte, quatro jangos, uma escola de 12 salas de aulas, um centro hospitalar com capacidade de 22 camas e os sarcófagos dos antigos soberanos do reino.
Isaac Francisco Lucas agradeceu ao Presidente João Lourenço pela execução do PIIM e encorajou-o a prosseguir com o projecto.
“O nosso Presidente deu a esperança ao povo da região Centro e Sul de que as obras do PIIM vão continuar para fazer face aos problemas socioeconómicos da nossa região”, realçou “Tchongolola Tchongonga”.
“O rei do Bailundo neste momento está a congregar todas as autoridades tradicionais adjacentes ao Reino do Bailundo, que é a província do Huambo, Bié, Cuanza Sul, uma parte da província da Huíla. E o trabalho tem andado muito forte, porque temos reunido constantemente para velar pelos problemas da nossa sociedade”, disse o rei.
Segundo a Angop, “Tchongolola Tchongonga, é o 37º rei do Bailundo, tem 38 anos e adoptou o nome por acreditar, diz ele, que isso significa que é um soberano acolhedor e congregador com capacidade de reunir a comunidade.
é o primeiro neto directo do falecido rei Augusto Katchitiopololo, Ekuikui IV. Nasceu no município do Bailundo, tem formação média e é poliglota.
A conquista do trono do Bailundo foi disputada por três candidatos, onde se destacaram o anterior ei, João Kawengo, considerado o “causador da destituição” de Ekuikui V, e o soba da Bonga, conhecido por Senhor Calado.
Entretanto, recorde-se a linhagem de Isaac Francisco Lucas, com realce para a oferta do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, em 2008, de uma viatura de marca Land Rover ao rei Ekuikui IV “Augusto Katchitiopololo”, entregue na sede comunal do Alto Hama, município do Lunduimbali, província do Huambo.
O carro foi entregue pelo coordenador adjunto para a campanha eleitoral do MPLA, João Lourenço, “à margem de um acto político de massas, na sequência do realizado no dia anterior na cidade do Huambo, ao qual o soberano fez questão de assistir”.
“O rei Ekuikui IV do Bailundo, acompanhado por uma das suas esposas, agradeceu o gesto de José Eduardo dos Santos, ao mesmo tempo expressou a sua satisfação pela reabilitação das estradas e progressiva melhoria das condições de vida das populações do Bailundo”, salientou na altura a Angop, órgão oficial do regime, ou seja, do MPLA.
Na altura, com 92 anos de idade, o soberano anunciou, em declarações à imprensa, que em Setembro desse ano, por ocasião das eleições legislativas, diria algo importante aos angolanos.
Entretanto, em Janeiro de 2012, outro dos órgãos oficiais do regime angolano, o Jornal de Angola, noticiou que “a autoridade tradicional máxima do Bailundo, Ekuikui IV, morreu aos 94 anos, na cidade do Huambo, vítima de doença”.
Acrescentava o jornal que “o anúncio foi feito em comunicado pelo Bureau Político do MPLA, partido do qual era militante e que representou, como deputado, na Assembleia Nacional”.
A tal notícia de que falava Ekuikui IV foi a manifestação do seu apoio ao… MPLA.
De acordo com o comunicado do Bureau Político do MPLA, “o partido que serviu durante vários anos reconhece nele um exemplo de resistência tenaz contra o colonialismo português, de amor à pátria, de trabalho e de muita devoção à causa da paz, da unidade e reconciliação nacional, da liberdade e desenvolvimento do país”.
Com tantas qualidades só poderia ser do MPLA. Aliás, Ekuikui IV só passou de besta a bestial quando, para além do Land Rover, aceitou filiar-se no partido que governa Angola desde 1975.
Ainda em termos de memória, com a morte do líder da UNITA, Jonas Savimbi, em 2002, e o fim da guerra, Ekuikui IV passou a ser o dono do trono.
E foi depois de 2002 que o até então poderoso, respeitado e honorável reino do Bailundo entrou na sua fase mais descendente com uma inaudita vassalagem ao então rei do MPLA, José Eduardo dos Santos.