PARA ENTENDER O MPLA BASTA OLHAR PARA PORTUGAL

Mais um escândalo a envolver um membro do Governo socialista português. Alexandra Reis, a nova secretária de Estado do Tesouro, recebeu uma indemnização da TAP de 500.000 euros por cessação antecipada e voluntária de funções. Quatro meses depois foi nomeada presidente da NAV, uma empresa igualmente pública. De facto, o MPLA teve e continua a ter bons mestres.

E então no reino lusitano a Norte, mas cada vez mais a Sul, de Marrocos, o PSD criticou o pagamento pela TAP de uma indemnização de 500 mil euros à secretária de Estado do Tesouro pela cessação antecipada voluntariamente do cargo de administradora executiva. Por sua vez o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa recusou comentar o caso “concreto”. “Verei se faz sentido ou não comentar o caso em abstracto”, apontou.

O vice-presidente social-democrata Paulo Rios considerou que “nem no Natal os presentes do ministro Pedro Nuno Santos são bons”.

O “Correio da Manhã” noticiou na edição deste sábado que a nova secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.

“A juntar a um conjunto de actos menos perceptíveis, menos percebidos, mais precipitados, dizer mesmo irresponsáveis, temos agora na TAP, sempre a TAP, a notícia de um administradora que permitiu-se sair e sair indemnizada”, completou o deputado do PSD.

Para Paulo Rios, “este meio milhão de euros não é do ministro”, “é dos portugueses”. Já a TAP “é sempre fruto de más notícias e é assustadora a forma repetida como se precipita decisões”.

Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro na última remodelação do Governo. Ingressou na TAP em Setembro de 2017 e três anos depois foi nomeada administradora da companhia aérea. Ganhava 245 mil euros brutos por ano, o que correspondia a um salário de 17.500 euros por mês. A indemnização (roubo) diz respeito aos cerca de dois anos do mandato que, voluntariamente, Alexandra Reis não cumpriu na comissão executiva da TAP.

A agora governante renunciou ao cargo em Fevereiro e em Junho foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV).

Recorde-se que o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) de Portugal defendeu em Agosto deste ano que os resultados da TAP, que diminuiu os prejuízos para 202,1 milhões de euros no primeiro semestre, mostram que só o sacrifício dos trabalhadores contribui para recuperação. Isso mesmo, dirá hoje Alexandra Reis.

“De acordo com a informação prestada, a única rubrica de custos que salta à vista, porque negativa, são os custos com pessoal que diminuíram 7,2%”, começou por apontar o sindicato, em comunicado enviado à comunicação social.

Somando-se a inflação, que, apontou, já provocou um corte nos salários reais de 5%, fica “muito claramente demonstrado por esta apresentação que são apenas os trabalhadores que estão, com o seu sacrifício, a contribuir para recuperar a companhia”.

O Sitava lembrou que os trabalhadores continuam com cortes salariais, no âmbito do plano de reestruturação da companhia aérea, apesar “de cargas de trabalho cada vez mais exigentes”, o que acentua “um enorme sentimento de injustiça que roça a humilhação”. Para dar 500 mil euros a Alexandra Reis, alguém tem de ficar a berrar, em geral os portugueses e em particular os trabalhadores da TAP, uma empresa pública.

Adicionalmente, o sindicato disse que “aparece com cada vez maior evidencia a incapacidade da gestão para organizar a operação sujeitando, diariamente os trabalhadores a sacrifícios, para que tudo pareça o mais normal possível”.

“Será que a TAP pensava fazer uma operação equivalente à de 2019 com menos 2.500 trabalhadores?”, questionou-se.

Relativamente à crise inflacionária, o Sitava disse que iria abordar a empresa, para discutir medidas que invertam a tendência de desvalorização dos salários.

Neste sentido, os representantes dos trabalhadores exortaram também a empresa a “evitar despesas desnecessárias” (estes 500 mil euros são despesa necessária?), como por exemplo a mudança de sede, que consideram uma ideia “insólita” e “muito pouco sensata”, uma vez que obrigaria a “avultadas obras de vários milhões de euros, e cuja renda rondará, também os quatro a cinco milhões de euros anuais”.

Os prejuízos da TAP S.A. diminuíram no primeiro semestre deste ano para 202,1 milhões de euros, face ao valor negativo de 493,1 milhões de euros obtido em igual período do ano passado, indicou a transportadora.

Numa nota, publicada na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a TAP referiu que “o resultado líquido é claramente negativo, mas continua a recuperação nos últimos trimestres”.

No segundo trimestre, a companhia aérea registou uma redução de 37,2% nos prejuízos, para um resultado negativo de 80,4 milhões de euros, face aos 128,1 milhões obtidos em igual período do ano anterior.

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, salientou, na nota, que “o segundo trimestre registou uma procura muito saudável e receitas por passageiro mais elevadas”, o que permitiu compensar o aumento nos custos.

Folha 8 com Agências

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