“O MAIOR PARTIDO DO… MUNDO”

O líder do MPLA, partido no poder em Angola há 46 anos, disse hoje em Mbanza Congo, capital da província do Zaire, que é obrigação de todos (será que “todos” inclui o próprio MPLA?) credibilizarem as eleições de 24 de Agosto próximo, ao invés de procurarem manchá-las, qualificativo que – aliás – se aplica desde sempre à estratégia da sua própria organização.

João Lourenço, que também é Presidente do República e Titular do Poder Executivo, dirigiu-se hoje aos militantes do MPLA no Zaire, onde apresentou a candidata do partido a vice-Presidente da República, Esperança Costa, realçando o cumprimento do compromisso sobre a paridade do género.

O presidente do MPLA realçou ainda o facto de o partido ter igualmente uma mulher como vice-presidente. “A camarada Luísa Damião é vice-presidente de um dos maiores partidos políticos de África, senão do mundo. Se um dos maiores partidos políticos do continente tem uma mulher vice-presidente, Angola não pode ter uma vice-Presidente da República? Pode sim, e vamos trabalhar para que no futuro, não sei quando, Angola possa vir a ter também Presidente da República mulher”, salientou.

Na sua intervenção de quase uma hora, João Lourenço voltou a criticar os seus opositores que – segundo a estratégia do MPLA – procuram descredibilizar as eleições gerais deste ano, as quintas que o país regista desde 1992.

“Sabemos que há quem esteja a fazer precisamente o contrário, alguém que sendo angolano, procuram descredibilizar, procuram manchar as eleições do seu próprio país, eleições em que eles vão participar, em que eles já são parte, porque estão na Assembleia Nacional, na Comissão Nacional Eleitoral, estão nesta sociedade e mesmo assim, em vez de procurarem credibilizar algo que é de todos nós – as eleições não são apenas para um partido – as eleições são para todos os partidos e todo o povo”, disse. É verdade. João Lourenço tem razão. São de todos nós mas em que, como acontece nas democracias mais avançadas que o MPLA segue (Guiné Equatorial e Coreia do Norte, por exemplo), todos concorrem mas só o MPLA ganha.

Para João Lourenço, candidato a um segundo mandato nestas eleições indirectas, “o correcto” é que todos os partidos políticos e outras instituições, chamadas a trabalhar para o sucesso dessas eleições, “façam tudo bem feito, no sentido de credibilizar as eleições para 24 de Agosto”.

“Nós apelamos a todos os partidos políticos que assumam o seu verdadeiro papel de educadores, de pacificadores, que trabalhem não apenas com os seus militantes, com os seus membros, mas que trabalhem com toda a sociedade, com todo o povo – quem vota não são só os membros, quem vota são os angolanos – é nossa obrigação trabalharmos com todos, no sentido de garantir que essas eleições decorram dentro do maior civismo possível, onde cada um procurará com o seu programa convencer o eleitorado de que é melhor, de que é a aposta certa para governar o país nos próximos cinco anos”, frisou João Lourenço disparando a sua artilharia contra os que (nomeadamente a UNITA) chama de “arruaceiros”.

João Lourenço exortou ainda os outros partidos políticos a fazer tudo aquilo que o MPLA não faz: “Desencorajar qualquer tipo de violência, a desencorajar qualquer tipo de intolerância política”.

“Não pensem que devemos deixar que as coisas aconteçam, que depois basta chamar a polícia para pôr ordem. Nós não queremos dar trabalho à polícia. Se nós os partidos políticos fizermos bem o nosso trabalho, a polícia não terá trabalho, necessidade de impor a ordem, porque preventivamente nós já teremos feito o nosso trabalho junto dos nossos membros, dos nossos militantes, amigos e simpatizantes, mas também junto do povo, dos cidadãos, de toda a sociedade, para que as eleições próximas decorram da melhor maneira”, realçou o cabeça-de-lista do MPLA.

Aos militantes do MPLA, o líder do partido pediu trabalho para convencer o eleitorado, não bastando apenas os actos de massas que tem vindo a realizar “com algum sucesso um pouco por todo o país”.

“Os comícios são muito bons, mas precisamos de fazer o trabalho porta a porta, precisamos de convencer, primeiro, os nossos próprios familiares em casa, precisamos de convencer os nossos vizinhos, amigos, os moradores da nossa rua, do nosso bairro, a votarem certo e o votar certo, no nosso entender, é votar no MPLA, porque, infelizmente, ainda vai levar muitos anos até surjam em Angola partidos sérios como o nosso MPLA”, afirmou o “querido líder” do partido, certamente prevendo que aos 46 anos de poder o MPLA poderá somar mais 54 , de modo a que possa festejar o centenário de governação ininterrupta na República Agostinho Neto…

Sobre a necessidade e luta pela alternância do poder, referida pelos seus opositores, João Lourenço, usou o “velho ditado que diz que cavalo que ganha não se troca, não se muda”. Aliás, a alternância de poder é algo que só se usa naqueles países atrasados que são o que o Angola não é: Um Estado de Direito Democrático.

“O povo angolano tem que confiar no vencedor que é o MPLA, aquele que já deu provas de seriedade, que o que diz faz, fala da paridade do género e cumpre, o povo vai tirar esse partido que sempre esteve ao seu lado, nos momentos mais difíceis, nos momentos da guerra, o MPLA esteve sempre ao seu lado, na hora da decisão o povo vai distrair-se, é óbvio que não”, disse o general.

O líder do MPLA sublinhou que o seu mandato, iniciado em 2017, foi afectado pela pandemia da Covid-19, contudo, obras têm vindo a ser apresentadas à sociedade nos últimos meses.

“O partido cujo executivo apesar de dois anos da Covid-19, praticamente metade do mandato – não se podia trabalhar por causa da Covid-19, estávamos todos fechados -, mas o MPLA por amor a este povo, na calada da noite, foi trabalhando, só assim se pode compreender que as inaugurações estão aí a sair, a nascer como cogumelos”, observou.

Aos naturais do Zaire, província do norte de Angola, João Lourenço (o candidato) anunciou a realização de várias obras (com o dinheiro do Estado), nomeadamente um novo aeroporto internacional, dois projectos habitacionais, a Refinaria do Soyo, estradas, um instituto superior, uma fábrica de fertilizantes, dias com 24 horas e, quiçá uma ligação marítima a Luanda.

Folha 8 com Lusa

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