POLÍCIA (DO MPLA) ESPECIALIZA-SE EM MATAR

Os sinais estão aí. De violência em violência, até à violência final! Esta parece ser a marca identitária do MPLA: sangue, mortes, luto e dor. O povo que se dane, por o poder ser, para o MPLA, mais importante do que a vida humana.

Por William Tonet

A Polícia Nacional (do MPLA), desta vez, ao serviço da máfia chinesa, assassinou, covardemente, no 26 de Maio de 2022, três trabalhadores angolanos, que apenas reclamavam por melhores condições laborais, na obra de construção da barragem de Caculo Cabaça, onde os salários são de miséria, ante o milionário orçamento da empreitada: 4,5 mil milhões de dólares.

As eleições foram convocadas, pelo presidente do MPLA, João Lourenço, melhor, pelo Presidente da República, João Lourenço, depois de informar aos “considerados” conselheiros, na realidade “ouvileiros”, na Cidade Alta (Palácio Presidencial).

No dia, imediatamente, a seguir: 04.06.22, foi ao Zaire, província rica em petróleo, mas das mais pobres do país, devido à má gestão governativa.

Quando se imaginava, depois de 1975, serem, os governantes do MPLA, capazes de melhorar as condições sociais dos autóctones, herdadas do tempo colonial, eis que, ao longo dos 46 anos, tem vindo ao de cimo a crónica incompetência dos dirigentes do MPLA.

No seu discurso, diante do povo do Reino do Kongo, João Lourenço voltou a prometer um paraíso imaginário: centralidades, estradas, escolas, etc..

O povo desconfia! Jerónimo Nsisa, jovem da província do Zaire, disse, em exclusivo ao F8, “não acreditar em João Lourenço. Não é um político de palavra e merecedor do benefício da dúvida, pois nada do prometido ele cumpriu, senão agravar os índices de pobreza e miséria nesta província”.

Mas, ainda assim, o líder do MPLA, voluntária ou involuntariamente, reconheceu, ter herdado de José Eduardo dos Santos, um partido grande, com muito dinheiro, património imobiliários, acções e empresas, vindo e criadas dos cofres públicos partido, tudo de forma ilícita, pois não consegue justificar a proveniência e licitude dos bens.

E, quando uma vez mais instigou os outros actores políticos por reclamarem das irregularidades do processo eleitoral, o Presidente esqueceu-se de muita coisa. Muitíssima!

Nas vésperas das eleições de Agosto, convocadas em cima do joelho, os angolanos vivem sobre os holofotes de golpes de Estado constitucionais. Quatro!

Primeiro: Alteração pontual à Constituição para beneficiar, um actor político e uma força partidária: MPLA!

Segundo: Alteração à Lei Orgânica às Eleições, para beneficiar um actor e uma força partidária: MPLA!

Terceiro: Nomeação de um presidente da CNE (Comissão Nacional Eleitoral), suspeito, contestado, fraudulento e partidocrata, que colocou duas empresas estrangeiras, também, acusadas de burladoras e corruptas: INDRA e Mitrelli, para beneficiar o partido da situação.

Quarto: Nomeação de membro do bureau político do MPLA, no activo, para presidente do Tribunal Constitucional.

Aliados a estes existem outros três golpes de Estado jurídico partidocratas.

Primeiro: Dois anos depois de anotado, pelo Tribunal Constitucional (1979), o mesmo órgão, Tribunal Constitucional, sem fundamentação jurídica, à luz das Leis do Processo Constitucional, Orgânica do Processo Constitucional, do Código do Processo Civil, decide, com a nomeação da membro do bureau político do MPLA, Laurinda Cardoso, para presidente deste órgão, pela nulidade do XIII Congresso da UNITA, na senda da perseguição à Adalberto da Costa Júnior.

Segundo: Rejeição da legalização do partido político PRA JA – Servir Angola de Abel Chivukuvuku, com base na falsidade e discriminação partidocrata.

Terceiro: Prisões arbitrárias de jovens, assassinatos de manifestantes, encerramento de empresas de adversários políticos, monopolização da comunicação social, diabolização dos adversários políticos, sem direito ao contraditório e “cultivo” da política de intimidação, terror e medo.

O Estado de violência é este. Neste quesito, o MPLA, tem palavra, faz e cumpre…

Vivemos sob terror constitucional! Militar, policial, também. Está aqui, a mão de semear.

O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, infelizmente, tem sido impotente para travar a pressão e ambição desmedida do presidente do MPLA, João Manuel Gonçalves Lourenço, que obriga, o primeiro, a incluí-lo, sempre, na comitiva presidencial, nas suas deslocações, para assim, abusar e usar dos bens públicos, em clara violação da Constituição e as demais leis.

O uso e abuso de forma provocatória dos bens públicos é de tal monta, que, até os funcionários do Estado são coagidos a encerrar escolas, instituições públicas, para participar em comícios do presidente do MPLA, sob pena de severos descontos salariais ou despedimentos compulsivos.

Os carros ou camiões, incluindo do Ministério da Defesa fazem parte do acervo de mobilização do partido do regime, tal como combustível e valores financeiros das empresas estatais.

Isso tem um nome: terrorismo de Estado!

É sobre este ambiente de verdadeira tensão, que decorrerão as eleições de Agosto, com um actor a mobilizar tudo e todos, para se manter no poder, através de métodos dantescos.

O MPLA desafia a lógica da razoabilidade, paciência e tolerância, com a privatização boçal de largos públicos (Independência e Heroínas), durante cinco meses, montando mais de 400 cadeiras, distribuindo camisolas, bandeirinhas, montando aparelhagem de som, com DJ, todos os dias. Os custos ascendem, aos 80 milhões de kuanzas/mês, o mesmo que o presidente do MPLA mandou o Presidente da República atribuir aos partidos políticos, concorrentes às eleições de Agosto. Maldade!

POLÍCIA ALAVANCA A PARTIDOCRACIA

A Polícia Nacional tem estado a demonstrar as garras de uma instituição desnorteada, quanto ao real valor e responsabilidade, enquanto órgão, que deveria debitar, em cada acto cariz, apartidário, ético e republicano. Infelizmente, nos últimos tempos e, em fase pré eleitoral, a Polícia tem-se colocado como tentáculo armado, das máfias chinesas, ocidentais, muçulmanas fundamentalistas e partidocratas, cometendo genocídios e assassinatos à luz do dia, em clara e descarada defesa do capital estrangeiro e partido do regime.

A Operação Resgate do Presidente João Lourenço foi inaugurada com uma guerra contra os pobres, muitos, selvaticamente, assassinados pelas balas da polícia partidocrata.

O jovem Rufino António, barbaramente assassinado por balas militares, por este se indignar com a destruição da casa dos pais, no Bairro Walale- Viana, aos 05 de Agosto de 2015, não constituiu a alteração do modus operandi policial, pelo contrário… “O processo judicial caminha para trás”, o autor militar continua a solta, confirmou Luís do Nascimento, advogado.

No 03 de Junho de 2018, um agente policial do SIC, à luz do dia, dispara a queima-roupa, contra um jovem indefeso. O assassino veio a terreiro carimbar a justificativa dos covardes: era delinquente. Quem prova? O morto? Porque a polícia não se pronunciou antes de vazar nas redes sociais, imagens do bárbaro assassinato? Até hoje não existe responsabilização criminal e o energúmeno continua a refastelar-se, no seio dos policiais “Esquadrões da Morte”.

Aos 12 de Março de 2019, cunhando o lado dantesco, Juliana Cafrique, 28 anos, mãe de três filhos: 6 meses; 2 anos; 7 anos, fugida das agruras do seu martirizado, Kwanza Sul, para Luanda, onde tentava melhorar a vida, zungando nas ruas da capital da selva, foi barbaramente, assassinada (12.03.19).

Ela para não integrar o enorme exército da prostituição, trafegava, inocente, no fatídico dia a avenida 21 de Janeiro, Rocha Pinto, com uma bacia a cabeça onde portava parcos 3 kg de tomate e três repolhos.

O bem sucumbiu ao mal!

Em 01 de Setembro de 2020, a Polícia abriu o “livro amedrontar”, ao assassinar, com impunidade, o jovem médico Sílvio Dala, sob alegação de não portar máscara, no interior da sua viatura (trafegava sozinho), exausto, pois saía de um banco de 24 horas, no hospital pediátrico de Luanda. Levado para uma Esquadra policial foi torturado até a morte.

O ministro do Interior, Eugénio Laborinho, amigo do Presidente da República manteve-se no cargo, melhor, foi promovido pela barbárie e a promessa de que “a polícia não iria distribuir rebuçados ou chocolates”.

Tem razão, os vampiros, cursados no 27 de Maio de 1977, continuam a distribuir balas assassinas em corpos inocentes, na lógica de Agostinho Neto, “não vamos perder tempo com julgamentos”!.

Não aconteceu, até hoje, Junho de 2022, nada ao energúmeno assassino e, pares…

O estudante universitário do curso de engenharia, Inocêncio de Matos, filho de militar desmobilizado, sem reforma, clamando por um país melhor, mais plural, instituições imparciais e democráticas foi selvaticamente alvejado numa manifestação pacífica, no dia 11 de Novembro de 2020, data em que Angola comemorou 45 anos de independência.

Participava com outros jovens desarmados e pacificamente, numa manifestação, clamando por emprego, educação e saúde, quando um agente policial, mestrado em assassinato apontou a arma no centro da cabeça inocente, cravando-lhe uma bala, que o deixou estatelado no chão. Morreu! Inocente!

O Inocêncio tinha 26 anos, era do Uíge, estava no 3.º ano de Engenharia de computação.

No dia 26.11.2020, num encontro com a juventude, João Lourenço, Presidente da República no pedestal da indiferença à vida humana disse que na manifestação, em que morreu Inocêncio de Matos, pasme-se, a polícia apenas usou gás lacrimogénio e jactos de água, não tendo sido autorizada a usar armas de fogo.

Incrível! Sabem, por acaso, os agentes policiais do MPLA andar com armas, sem balas de guerra?

A ditadura matou o desabrochar de mais uma jovem semente da liberdade!

No 30 de Janeiro de 2021, em Kafunfu, zona de pobreza extrema, pese rica em recursos minerais: diamantes, uma manifestação pacífica clamando por justiça, levou a Polícia partidocrata a cometer um genocídio, assassinando cerca de 180 cidadãos desarmados, por reclamarem, emprego, saneamento básico ou, ao menos, condições iguais as do tempo colonial, pioradas pelo regime.

Aos 17 de Janeiro de 2022, a Polícia é acusada de ter morto cinco (5) jovens, deixando os corpos junto das casas dos familiares, no bairro do Kapalanga, município de Viana, em Luanda. Se não viralizasse um vídeo, nas redes sociais não haveria pronunciamento público da corporação, mas como sempre não passou disso mesmo.

Aos 15 de Fevereiro de 2022, os chineses da empresa Sino Ord mantiveram sob cárcere privado, num contentor, três cidadãos angolanos acusados de furto, ao chefe chinês. Não ficou nada provado, mas quando conseguiram uma escapatória, a polícia accionada pela máfia chinesa fez com que os mesmos fossem, de novo, presos pela corporação pública.

No 26.05.22, três trabalhadores que prestavam serviço no Projecto de Construção da Barragem Hidroeléctrica de Kaculo-Kabaça e reclamavam por melhores condições salariais, foram, selvaticamente, assassinados sem apelo nem agravo, pela Polícia Nacional.

“Aqui quem manda é a máfia chinesa, que controla a Polícia Nacional, que eles fazem salário, também, por isso eles começaram a alvejar directamente, Dois morreram no local e o terceiro, no hospital. Nós estávamos longe do local da greve e da polícia, que não sabia nada do caso e não poderia agir daquela forma sem nos ouvirem. São assassinos”, acusa Manuel António acrescentando “ter a empresa chinesa CGGC China Gezhouba Group Company Limited, costas largas, por ser a Polícia, também, assalariada deles. Nem mesmo a visita do ministro vai alterar e resolver alguma coisa, pois os chineses, são racistas e escravocratas”.

É neste ambiente de elevada tensão política, desconfiança, uso abusivo das finanças públicas, monopólio da comunicação social, perseguição à oposição e sociedade civil, que foi recebido, no 03.06.22, o anúncio das eleições.

A Comissão Eleitoral, Tribunal Constitucional e Tribunal Supremo, não inspiram confiança e imparcialidade, pois são órgãos partidocratas, ao serviço do partido no poder.

Ademais, com a ausência de um verdadeiro e despartidarizado, Presidente da República, nada aponta para a credibilização do processo eleitoral, porquanto a linguagem ríspida e pouco diplomática de João Lourenço é como tentar apagar o fogo, com gasolina.

A juntar ao nebuloso cenário político, temos umas Forças Armadas e, principalmente, uma Polícia violenta e partidocrata, quando deveria ser republicana e imparcial.

O povo pede mudanças e o MPLA consciente de uma derrota nas urnas, foi ensaiando essa violência, para mostrar, que em nome da manutenção do poder, fará tudo, absolutamente, tudo, para ultrapassar o meio século, na liderança do país…

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