2015. Os activistas detidos em Luanda, acusados de conspiração, queriam provocar uma intervenção da NATO em Angola que conduzisse ao derrube do Presidente José Eduardo dos Santos. Nem mais nem menos. Quem disse tal barbaridade? Ora quem haveria de ser? Nem mais nem menos o génio gerado pelos dois últimos líderes do MPLA.
António Luvualu de Carvalho estava desesperado e disparava em todos os sentidos. Na altura, ainda com o fantasma de José Eduardo Agualusa entalado na garganta, que lhe valeu um enorme puxão de orelhas do chefe do posto, descobriu mais essa pérola. Tinha então outras engatilhadas. Ninguém percebeu que ele já previa que essa intervenção da NATO em Angola visava a preparação desta organização para atacar um dos países mais democráticos do mundo, a Rússia.
“São 15 cidadãos que durante vários dias, durante várias etapas foram acompanhados pelos Serviços de Investigação Criminal. Estavam num processo de sensibilização de um grupo (…) para levarem as autoridades até um ponto, um extremo de aconteceram inclusive mortes”, salientou Luvualu de Carvalho na resposta à encomenda de Luanda a que a Lusa (obviamente) respondeu afirmativamente.
Numa versão mais actual, é a mesma interpretação que Vladimir Putin (com a relevante ajuda de outras fortíssimas democracias como a Coreia do Norte) fez dos nazis, drogados e terroristas da Ucrânia.
Na altura, Luvualu de Carvalho esteve na colónia europeia do MPLA (Portugal) naquela que foi a sua primeira etapa de uma peregrinação para, reconheceu na altura o próprio, “dar uma grande dinâmica à imagem de Angola a nível internacional”.
Socorrendo-se das afirmações feitas em Luanda pelo então ministro do Interior angolano, Ângelo Veiga Tavares, o embaixador itinerante repetiu – e repetir é uma das suas mais entusiásticas características – que seria posta em prática uma marcha até ao Palácio Presidencial, “levando com que fossem quebradas as regras de segurança (…) para que a guarda presidencial ou a polícia presente reagisse, matasse crianças, matasse senhoras e matasse idosos para provocar a comoção internacional e justificar então uma intervenção vergonhosa”. Exactamente o mesmo que Volodymyr Zelensky pretendia fazer não fosse a divina intervenção daquele que, com todo o mérito, vai fazer mais do que Adolf Hitler. De seu nome Vladimir Putin.
O rapaz Luvualu é tão genial que até parece acreditar no que diz. Tem, reconheça-se, uma vantagem sobre a esmagadora maioria dos seus camaradas. Fala com tal convicção que ninguém reparou que era um dos boneco usados pelo ventríloquo Eduardo dos Santos, tal como é hoje por João Lourenço.
“É isto que se procurava. Que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ou alguns países que dela fazem parte fizessem um ataque a Angola, para que se verifique o horror que se verifica agora na Líbia ou se verificou e verifica na Tunísia”, acentuou Luvualu de Carvalho.
Na altura, pedagogicamente, José Eduardo Agualusa bem lhe explicou que, por exemplo, o Quarteto de Diálogo para a Tunísia, composto por quatro organizações que negociaram uma forma de garantir que o país se mantivesse uma sociedade pluralista e democrática, em 2013, num momento de crise após a Primavera Árabe, venceu o Prémio Nobel da Paz de 2015. Isto pelo “contributo decisivo para a construção de uma democracia pluralista na Tunísia”.
Luvualu bem gostaria, por alguma razão tem íntimas ligações à ex-URSS, que o Pacto de Varsóvia ainda andasse por aí. Seria uma boa ajuda para manter a NATO quietinha, não seria Luvualu? Também gostaria que a Cuba continuasse a ser o que era nos tempos do Maio de 1977 e anos seguintes. Como agora se verifica (para gáudio dos peritos que são do MPLA, dos que foram do MPLA, dos que querem ser do MPLA) não existe Pacto de Varsóvia mas existe Vladimir Putin.
Mas era tudo uma chatice, um complô, para azucrinar o impoluto e honorável cidadão José Eduardo dos Santos. A URSS já não existe, Cuba até já vai à missa do Tio Sam, e a NATO apoia activistas…
Quanto aos efeitos do caso dos activistas então detidos na imagem do reino do seu patrão, Luvualu de Carvalho reconhecia que era negativa.
“A situação que levou à detenção destes 15 indivíduos e os processos de luta desenvolvidos por estes 15 levaram, claro, o nome de Angola às manchetes pelas piores razões e isso ninguém nega”, disse. “Piores razões”? Lá teve Luvualu de baixar as calcinhas e levar uns tabefes do chefe.
No passado dia 3, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acusou os líderes ocidentais de terem planos para uma “verdadeira guerra” contra a Rússia, que só poderá ser nuclear. Os mais relevantes baluartes da democracia e do Estado de Direito (Eritreia, Bielorrússia e Coreia do Norte) subscreveram. Os dois únicos países africanos (verdadeiramente) lusófonos que têm no Poder o mesmo partido deste a independência, Angola (MPLA) e Moçambique (Frelimo) também subscrevem, embora sob o manto diáfano da “abstenção”.
“Todos sabem que uma terceira guerra mundial só pode ser nuclear, mas chamo a vossa atenção para o facto de que isto está na mente dos políticos ocidentais, não na mente dos russos”, disse Sergei Lavrov numa videoconferência de imprensa a partir de Moscovo, citado pela agência francesa AFP.
Sergei Lavrov referiu-se a comentários recentes dos seus homólogos francês, Jean-Yves Le Drian, e britânica, Liz Truss, sobre a dissuasão nuclear e o risco de guerra com a Rússia.
“Se algumas pessoas estão a planear uma verdadeira guerra contra nós, e eu penso que estão, deveriam pensar cuidadosamente”, disse Lavrov. “Não deixaremos que ninguém nos desestabilize”, assegurou.
O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que colocou em alerta o sistema de dissuasão nuclear do exército russo, uma decisão que suscitou inquietação em muitas capitais do mundo e declarações contra uma nova escalada. É claro que Angola, Moçambique, Eritreia, Bielorrússia e Coreia do Norte podem estar descansados. Tal como no tempo da guerra civil em Angola em que as balas das FAPLA só matavam soldados da UNITA (quando viam civis, desviavam-se), as bombas atómicas da Rússia também são inteligentes e só matarão os inimigos…
Ao anunciar a intervenção militar russa na Ucrânia, iniciada em 24 de Fevereiro, Putin também fez uma ameaça que foi interpretada como uma referência a armas nucleares: “Quem nos tentar impedir, quanto mais criar uma ameaça ao nosso país, ao nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e infligirá consequências nunca vistas na sua história”.
Na conferência de imprensa, Sergei Lavrov acusou a NATO de estar a tentar reforçar a segurança do Ocidente à custa da Rússia e comparou os Estados Unidos a Napoleão e Hitler.
“No passado, Napoleão e Hitler tinham um objectivo de subjugar a Europa. Agora, os norte-americanos fazem-no”, disse, citado pela televisão britânica BBC.
Sergei Lavrov acusou também os EUA de terem ordenado o cancelamento do gasoduto Nord Stream 2, que iria fornecer gás russo directamente à Alemanha, considerando que isso “mostra o lugar” de subjugação da União Europeia (UE).
O chefe da diplomacia russa descreveu a questão ucraniana como um “filme de Hollywood” escrito pela comunicação social ocidental, em que a Rússia desempenha o papel de “mal supremo”.
Sergei Lavrov repetiu que o regime ucraniano é neonazi, um dos argumentos usados por Moscovo para justificar a invasão da Ucrânia. Disse também que os ucranianos estão “agora a tentar usar civis como escudos humanos”.
Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia (diz-se que se inspirou na oratória de Luvualu de Carvalho) com a necessidade de desmilitarizar e “desnazificar” o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
Entretanto, a Coreia do Norte acusou os Estados Unidos de serem “a causa raiz da crise ucraniana”, numa primeira reacção oficial à invasão russa da Ucrânia. Washington prosseguiu uma política de “supremacia militar, desafiando a legítima exigência da Rússia pela sua segurança”, pode ler-se numa mensagem publicada no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte. “A causa da crise ucraniana reside também no autoritarismo e arbitrariedade dos Estados Unidos”, acrescentou o democrata Kim Jong-un.
Na mesma nota critica-se os EUA por terem “dois pesos e duas medidas” em relação ao resto do mundo. Acusou os EUA de interferir nos assuntos internos de outros países em nome da “paz e estabilidade”, enquanto “denunciava injustificadamente as medidas de autodefesa tomadas por [esses] países para garantir a sua própria segurança nacional”. “Os dias em que os Estados Unidos reinavam terminaram”, concluiu.
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