FLEC-FAC FINGE QUE NÃO APOIA O MPLA

Em comunicado hoje divulgado, Jean Claude Nzita, porta-voz de uma das várias FLEC-FAC, manifesta um claro apoio ao MPLA no caso de Cabinda. Em período eleitoral, o ataque ao líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, revela que esta FLEC está mais interessada na lagosta do exílio dourado do que no pirão de quem sobrevive na colónia do MPLA.

Por Orlando Castro

“A direcção política da FLEC-FAC lamenta o posicionamento irrealista do líder político angolano Adalberto da Costa Júnior quando no seu anúncio disse que poderia conceder uma autonomia a Cabinda”, afirma Jean Claude Nzita. Ou seja, para quem tem três boas refeições por dia é mais importante acusar quem se propõe fornecer pão todos os dias do que enfrentar os que querem, desde 1975, que os cabindas aprendam a viver sem comer.

“Presenteando Cabinda com uma ilusória autonomia Adalberto da Costa Júnior reforça o seu lugar ao lado de outros políticos angolanos que controlam ditatorialmente o país desde 1975 e que consideram Cabinda como uma inegociável colónia angolana”, afirma Jean Claude Nzita. Ou seja, entre ser uma região autónoma ou uma colónia, esta FLEC-FAC prefere que Cabinda continue a ser uma colónia. É uma opção que, se vista com mais atenção, mostra que a própria sobrevivência desta FLEC-FAC depende de Cabinda continuar a ser uma colónia.

Diz Jean Claude Nzita, quase parecendo subscritor de um comunicado escrito pelo Departamento de Informação e Propaganda do MPLA, que “os cabindas não mendigam por um estatuto político a ser demagogicamente presenteado como uma esmola de políticos angolanos numa busca desesperada de votos num território que recusa a ocupação por Angola”.

“Os cabindas exigem o direito de decidirem sobre o futuro político de Cabinda e o seu direito à autodeterminação através de um referendo que contemple a Independência. A direcção-política FLEC-FAC compromete-se a respeitar escrupulosamente o resultado do referendo e exige aos políticos angolanos que tenham a coragem de dar um passo para um referendo em Cabinda e deste modo obterem o que realmente anseiam os Cabindas”, afirma o porta-voz Jean Claude Nzita.

Em que é que o estatuto de autonomia é impeditivo de a situação evoluir para a independência, através de um referendo? Quem garante a esta FLEC que o referendo seria inequívoco a favor da independência? Nesse eventual referendo, certamente teriam de constar pelo menos três perguntas: Independência? Autonomia? Ou província de Angola?

Ou será que Jean Claude Nzita e a sua FLEC-FAC sabem o resultado (tal como o MPLA sabe em relações às próximas eleições de… Agosto) do referendo mesmo antes de ele se realizar? É uma pena que estes supostos dirigentes cabindas se esqueçam que o peixe morre pala boca e os homens morrem pela língua…

Jean Claude Nzita diz ainda que “os cabindas não querem ser instrumentalizados pelos partidos angolanos e seus líderes que em período eleitoral disparam promessas vãs já repetidas no passado e nunca cumpridas. Por este motivo, e devido ao desprezo crónico de Angola por Cabinda, os cabindas não devem votar em eleições angolanas que apenas servem para legitimar a repressão e colonização de Cabinda por Angola”.

É uma opção. Se não votarem estão a votar no MPLA e até mesmo a autonomia sugerida pela UNITA continuará a ser uma miragem. E continuando tudo na mesma, permitindo que (entre as lagostas ao jantar) os dirigentes da FLEC continuem a sua faustosa “luta” pela independência… deles.

“A direcção-política FLEC-FAC pergunta a Adalberto da Costa Júnior, assim como a qualquer político do MPLA ou de outro partido angolano, porque é que nunca reagem nem se manifestam quando ocorrem prisões arbitrárias em Cabinda, quando as FAA executam friamente refugiados cabindeses nos Congos, quando são proibidas e reprimidas reuniões ou manifestações pela paz em Cabinda?”, pergunta Jean Claude Nzita, mentindo e tapando o Sol com uma peneira.

O comunicado prossegue e afirma que “a direcção política da FLEC-FAC apela à população de Cabinda a permanecer vigilante contra a demagogia, falsas promessas, corrupção e instrumentalização dos partidos políticos angolanos que apenas pretendem recolher votos para prolongar a agonia do povo de Cabinda”, e termina dizendo que “votar nas eleições angolanas é contribuir no genocídio da identidade de Cabinda, amordaçar a nossa liberdade, insultar os nossos antepassados, hipotecar a nossa história e vender o nosso direito à autodeterminação”.

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