Rui Falcão, (com)provando que é um dos mais inequívocos exemplos dos militantes do MPLA que têm o cérebro ligado aos intestinos, e na perspectiva de vir a ser ministro no novo governo de João Lourenço (para o qual já terá sido convidado), secretário para a Informação e Propaganda do MPLA (no poder há 47 anos) pediu hoje às autoridades judiciais que responsabilizem criminalmente a UNITA por apresentar “documentos falsificados” nas suas alegações de contencioso eleitoral junto do Tribunal Constitucional do MPLA.
Por Orlando Castro (*)
Rui Falcão, que falava hoje à Lusa sobre o acórdão do TC, que chumbou o recurso da UNITA e validou (conforme ordens do “querido líder” João Lourenço) os resultados definitivos das eleições de 24 de Agosto, em que o seu partido foi proclamado vencedor, disse que o tribunal “foi soberano e decidiu em função de matéria legal que lhe foi presente”.
“Essa matéria (alegações da UNITA) continha uma série de irregularidades, e mais, há crimes naquele processo que eu espero que as autoridades competentes do Estado ajam em conformidade para que definitivamente essas coisas tenham termo”, disse o sipaio (fal)cão vira-latas. Porque senão, latiu (latir: Dar gritos, gritar, latejar, palpitar) está-se “a criar dificuldades para o desenvolvimento do país”.
Segundo o secretário para Informação e Propaganda do MPLA (no poder desde 1975), “os crimes são conhecidos”. Por norma a criatura costuma dizer que esses crimes foram impostos pelos portugueses já no tempo do seu parente Diogo… Cão.
“Os crimes são conhecidos, então estamos a brincar com coisas sérias? Quem manda para o tribunal documentos falsos ou falsificados, acha isso normal? Tem que ficar assim, apenas um acórdão que legitima os resultados finais”, questionou.
O Tribunal Constitucional do partido a que Rui Falcão está atrelado negou na quinta-feira provimento ao recurso interposto pela UNITA, maior partido da oposição angolana, realçando que os elementos de prova apresentados “não permitem colocar em causa os resultados globais” das eleições anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE/MPLA).
“O Tribunal Constitucional conclui que os elementos de prova apresentados e considerados conformes não permitem que se possa colocar em causa os resultados globais do apuramento nacional dos votos apresentados pela Comissão Nacional Eleitoral”, lê-se no acórdão.
O acórdão refere, na sua página 6, que o requerente (a UNITA) “juntou nos autos alegadas actas síntese das assembleias de voto repetidas (duplicadas, triplicadas, quadruplicadas), falsas, rasuradas, adulteradas, sem códigos das assembleias de voto discrepantes quanto ao conteúdo, escritas em papel A4 e ininteligíveis”.
“Estes não são elementos credíveis, nem atendíveis para sustentar a pretensão requerida”, salienta-se no documento aprovado em plenário por nove (todos do MPLA) dos dez juízes, com o voto contra da juíza Josefa Neto.
Hoje, Rui Falcão pediu responsabilização criminal da UNITA porque Angola é – foi o que o patrão lhe mandou dizer – um Estado democrático e de direito “para o bem e para o mal”. E, se há crimes, observou, “deve-se agir em conformidade”. Não tivesse o cérebro (apesar do seu reconhecido baixo QI, quociente de inteligência) ligado directamente ao intestino, talvez tivesse conseguido – como lhe ensinaram os antepassados recentes, os portugueses – dizer que essa regra não se aplica ao MPLA.
O Estado “tem que exercer o seu papel na plenitude, as instituições do Estado têm de ser respeitadas”, acrescentou o rapazola. “Como é que você tem lá membros (aludindo à presença de membros indicados pela UNITA no TC e na CNE) e não se respeita a si próprio? Isso já é um comportamento reiterado da UNITA, não alteram, não melhoram, não evoluem”, realçou o político que, segundo Jonas Savimbi, mais não era do que um candidato a um dia ser um pigmeu intelectual.
“Sempre com os mesmos comportamentos e, infelizmente, muita gente é levada na conversa, agora não nos envolvam nesse baixo nível, não temos rigorosamente nada a ver com isso porque declarámos antes das eleições que aceitaríamos qualquer resultado”, referiu o dito cujo que, segundo fontes do próprio MPLA, é ele próprio (citando João Lourenço) “burro, bandido e lúmpen”.
O acórdão do TC do MPLA valida os resultados das eleições gerais anunciados pela CNE do MPLA, em 29 de Agosto, que dão a vitória ao MPLA e ao seu candidato João Lourenço, reeleito Presidente de Angola para o segundo mandato.
Sobre a validação dos resultados eleitorais e a consequente vitória do MPLA, Rui Falcão referiu que o mesmo era previsível, sobretudo “desde o primeiro momento em que a CNE informou que as reclamações tinham como suporte documentos falsos, ou pelo menos falsificados”.
“Estava para nós claro que este seria o desfecho e, naturalmente, reforça a nossa satisfação pela vitória, consciente de que temos muito que fazer e que há que começar imediatamente”, apontou.
Questionado sobre que acções imediatas deveriam ser desenvolvidas pelo seu partido, o Ruizinho respondeu: “Temos um programa que foi sufragado e é com base neste programa que serão tomadas as primeiras medidas. E, naturalmente, temos que aguardar que o novo executivo tome posse”. Ainda bem que o QI deu um ar da sua graça, levando-o a esclarecer que “… temos que aguardar que o novo executivo tome posse”. Brilhante.
UNITA DENUNCIA AMEAÇAS
Num patamar diametralmente oposto ao de Rui Falcão, no que ao quociente de inteligência tange, o secretário provincial da UNITA em Luanda, Nelito Ekuikui, acusou o MPLA, de estar a divulgar uma lista de “alvos a abater” e desafiou o regime a “matar mesmo” em vez de fazer ameaças.
O também deputado publicou nas suas redes sociais um vídeo exortando as autoridades – desde o Presidente da República, órgãos de defesa e segurança, Procuradoria-Geral da República e o chefe dos serviços de Informações, general Garcia Miala – a agirem, perante as ameaças à integridade física às figuras ligadas à UNITA desde as eleições.
Segundo disse Nelito Ekuikui, que atribui a divulgação das ameaças nos grupos do Whatsapp ao Departamento de Informação e Propaganda do MPLA (onde pontifica o tal candidato a pigmeu intelectual), a polícia já foi contactada, mas mostrou-se céptico quanto a uma intervenção das autoridades: “não vão fazer nada”.
Rui Falcão negou que o partido esteja envolvido no incidente, salientando que este “não se revê e nada tem a ver com esse comportamento ignóbil só possível de ser adoptado por criminosos a soldo”. A soldo de quem? Pois!
E contra-atacou a UNITA que, segundo diz, está a seguir uma estratégia: “Foi para isso que contrataram ex-agentes da secreta israelita. Quem tem vindo a estimular os militantes da UNITA para acções de insurreição são os seus patrocinados”, declarou Rui Falcão, tendo-se notado o odor típico do MPLA quando o cérebro dos seus ilustres dirigentes não consegue ocultar que está ligado aos… intestinos..
O cartaz que circula nas redes sociais apresenta várias figuras ligadas à UNITA, entre as quais o presidente, Adalberto da Costa Júnior, Nelito Ekuikui, o general Abílio Kamalata Numa e os activistas Osvaldo Kaholo, Dito Dali e Gangsta, com o título “Atenção autoridades”.
“Em caso de instabilidade no país, fruto das eleições, esses devem ser os primeiros a ser abatidos”, diz o cartaz, em letras vermelhas, que tem sido partilhado juntamente com uma lista de endereços, incluindo de familiares de dirigentes da UNITA, que Nelito Ekuikui afirmou serem verdadeiros.
“Estou muito tranquilo e sereno, não sou um homem que se deixa ameaçar, não sou um homem que se deixa abater e abalar”, disse o responsável da UNITA.
As autoridades angolanas, “que deviam velar pela nossa segurança”, estão “constantemente a ameaçar-nos”, lamentou, acrescentando: “o correcto é matar mesmo, até porque conhecem as nossas casas”.
“Venham matar e depois façam um funeral, é mais fácil, em vez de constantemente ameaçar, se o nosso sangue é tão importante para se manterem no poder, à margem da vontade do povo, então venham mesmo matar em vez de intimidar as pessoas”, desafiou, durante uma transmissão em directo no Facebook, garantindo: “eu não vou fugir do país”.
“Da mesma forma que quando alguém ataca o Presidente da República, um órgão de soberania, os senhores (SIC), reagem eu estou à espera que parem esta onda de ameaças às pessoas. Foram longe demais se me quiserem matar a mim, matem-me, mas não envolvam os meus filhos”, disse ainda Nelito Ekuikui, dirigindo-se ao Procurador-Geral da Republica, ao ministro do Interior, ao Presidente da Republica e ao general Garcia Miala.
(*) Com Lusa