João Neves, secretário de Estado da Economia de Portugal e um dos mais acérrimos bajuladores do MPLA, foi demitido pelo primeiro-ministro. Na origem da decisão estarão “divergências de fundo” entre o secretário de Estado da Economia e o ministro da Economia, o “angolano” António Costa Silva.
O mês passado, o secretário de Estado da Economia de Portugal disse à saída de uma reunião com o seu homólogo angolano, Ivan dos Santos, que captar mais empresas e investidores angolanos para Portugal, que poderá ser porta de entrada na Europa, é objectivo comum dos dois países, que pretendem (para além de gozar com a nossa chipala) revitalizar a criação do velhinho a caquéctico Observatório de Investimentos Portugal-Angola.
João Neves salientou que apesar da presença das empresas portuguesas ser já “muito forte” deve ser reforçada e que a cooperação deve permitir também que empresas de Angola apostem no mercado português como porta de entrada na Europa, com vantagens para ambos os países
O governante luso, que veio a Angola com uma delegação de empresários portugueses ligados ao vestuário e ao calçado, bem como representantes do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), considerou que há possibilidade de concretizar investimentos em várias áreas.
“Temos tudo para fazer. Temos relações excelentes, mas há muito trabalho que podemos concretizar que permita que as relações entre os dois países sejam ainda mais fortes”, disse João Neves, acrescentando que uma das áreas em que gostaria “de colaborar tanto na indústria do vestuário e de calçado é a formação profissional”, lembrando que Portugal tem experiência nestes dois sectores.
“Sabemos bem as orientações do governo angolano sobre a diversificação económica, mas sabemos também das dificuldades que todos os países têm em matéria de recursos humanos com a formação adequada a esses processos”, frisou.
Por outro lado, apesar das trocas comerciais terem aumentado 50% no último ano, ainda estão abaixo do nível pré-pandemia.
“Angola é o terceiro parceiro comercial de Portugal fora da União Europeia, é claramente uma prioridade reforçar a presença económica de empresas portuguesas aqui e de investimentos angolanos em Portugal”, insistiu.
Ivan dos Santos mostrou-se também confiante no aumento do número de empresas e investidores angolanos em Portugal e na Europa.
“Vamos ver e estudar a hipótese com Portugal, sendo membro da União Europeia, de garantir que as nossas empresas e investidores angolanos se possam sentir confortáveis no mercado europeu”, sublinhou
Um dos pontos abordados na reunião foi a criação de Observatório de Investimentos Portugal-Angola com o objectivo de avaliar sobre os fluxos de investimento dos dois países, que resulta de um acordo assinado em 2015
“Esteve parado [sete anos] por questões de agenda e da própria questão pandémica, mas é nossa intenção que as equipas técnicas retomem os trabalhos e que Angola possa beneficiar desta relação que tem com Portugal e com a Europa”, disse o secretário de Estado angolano, admitindo que ainda este ano sejam preparadas as reuniões técnicas para dar continuidade aos trabalhos.
Ivan dos Santos salientou que Angola conta actualmente com uma base económica mais diversificada, e não totalmente assente na produção petrolífera, pelo que está em condições de levar a produção nacional ao mercado europeu, com prioridade para o agronegócio.
O que mais fará Portugal para agradar ao MPLA?
O título de um artigo do Folha 8 publicado a 14 de Abril de… 2015 dizia tudo: “O que mais fará Portugal para agradar a Luanda”. Vejamos então o conteúdo desse texto:
O ministro da Economia de Portugal, António Pires de Lima, anunciou para Junho a criação do Observatório de Investimento entre Portugal e Angola, afirmando que os portugueses com projectos ou investimentos no mercado angolano beneficiarão do “olhar clínico” da nova entidade.
“Todos os portugueses que tenham projectos de investimento em Angola ou investimentos em curso em Angola serão alvo de uma atenção, um olhar clínico por parte desse observatório, que terá a sua primeira reunião no dia 22 de Junho”, em Luanda, adiantou António Pires de Lima.
O ministro foi questionado sobre a criação do Observatório na sequência da visita à fábrica de Brenes da Sovena, depois de o presidente da empresa portuguesa, António Simões, ter referido que espera “voltar a ter negócios em Angola”.
Em Outubro do ano passado, António Simões afirmou que estava a preparar um projecto industrial em Angola, aguardando a autorização das autoridades competentes para “voltar a ter operação industrial em Angola”.
Além disso, adiantou então que uma primeira fase de desenvolvimento da fábrica, que se destina ao embalamento de óleos, o investimento previsto era de 8 a 10 milhões de euros, mas “será significativamente maior” se se completasse todo o projecto.
Hoje, António Simões nada mais avançou, mas questionado sobre se este assunto será abordado pelo Observatório do Investimento, Pires de Lima deu aquela resposta, afirmando desconhecer os detalhes da operação da Sovena em África e frisando apenas que “crescer em Angola implica persistência e capitais pacientes” e “que essa é seguramente uma competência que a Sovena tem de sobra”.
A primeira reunião do observatório, marcada para 22 de Junho, decorrerá em Luanda em vésperas do Fórum Empresarial Angolano, que visa fomentar a diversificação da actuação das empresas e identificar as sinergias para investimentos conjuntos em países terceiros.
A criação do observatório tinha sido anunciada em Dezembro pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, afirmando na altura que estavam a ser ultimados acordos nas áreas da economia e do comércio e que o observatório tem como objectivo “a acompanhar a evolução dos projectos dos angolanos em Portugal e dos portugueses em Angola”, procurando “promover fluxos de investimento reforçados”.
Recorde-se que o fórum entre empresas de Portugal e de Angola, inicialmente previsto para o primeiro quadrimestre deste ano, foi adiado para Junho, segundo a recalendarização anunciada no dia 2 de Março por Pires de Lima.
Em declarações, em Lisboa, à Rádio Nacional de Angola, António Pires de Lima confirmou nesse dia a realização deste fórum, anunciado em Janeiro também pelo ministro Rui Machete durante uma visita oficial a Luanda.
“Nós vamos este ano, em Junho, ter em Luanda um fórum empresarial, é algo em que estou a trabalhar também com o senhor ministro da Economia de Angola”, disse Pires de Lima, na declaração emitida pela rádio pública.
O adiamento deste fórum visa aproximar o evento à realização da anual Feira Internacional de Luanda, o maior evento do país..
“Eu creio que é muito bom que os empresários angolanos apostem em Portugal. Creio também que é muito importante que os empresários portugueses possam continuar a apostar e a investir em Angola”, acrescentou o ministro da Economia português.
Também o primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho recordou que o mercado angolano é o quarto principal destino de exportações de Portugal, e o número um fora da União Europeia.
“E a relação, de resto, com Angola é muito especial, como todos sabem”, afirmou o primeiro-ministro, na declaração à rádio angolana.
Mais de 9.000 empresas de Portugal exportam actualmente para Angola e cerca de 2.000, angolanas, são participadas por capital português, segundo dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
Em 2013, as trocas comerciais entre os dois países ascenderam a 7.000 milhões de euros. Deste total, 3,1 mil milhões de euros foram relativos à exportação de bens e 1,4 mil milhões de euros de serviços, em ambos os casos de Portugal para Angola.
A 12 de Janeiro, durante a visita a Luanda, na presença do homólogo angolano, Georges Chikoti, o ministro Rui Machete anunciou a realização deste fórum empresarial até Abril.
“Será um fórum de empresas portuguesas que vêm a Luanda discutir os problemas dos investimentos, das exportações, das importações, com empresas angolanas. Será este ano ainda, no primeiro quadrimestre”, explicou, na ocasião, Rui Machete.
Em simultâneo, igualmente até Abril, deveria ser assinada a constituição deste observatório empresarial das empresas portuguesas e angolanas.
“Basicamente é monitorizar aquilo que são os investimentos e o comportamento das empresas, angolanas e portuguesas, para as ajudar a desenvolver melhor os seus negócios e prevenir alguns erros que eventualmente ocorrem”, disse ainda Rui Machete.
Estas medidas, segundo explicou o governante português, visam “continuar a impulsionar as relações” entre Portugal e Angola, que começam a “adquirir um grau de complexidade”.
António Pires de Lima disse ainda que o seu Governo está “a acompanhar de perto” a situação das empresas portuguesas em Angola para minimizar o efeito da restrição às exportações para este país.
Pires de Lima sublinhou que os números das exportações “são muito positivos” independentemente das dificuldades das empresas portuguesas em Angola e que o Governo “está a acompanhar de perto, para minimizar o impacto que se vive neste momento num país que ainda têm uma economia muito dependente do petróleo”.
O ministro salientou que as vendas ao estrangeiro bateram recordes em 2014 e que as empresas nacionais exportaram no ano passado quase mais 40% do que se exportava em 2009.
“Em 2015, apesar de algumas situações mais complexas que precisam de ser acompanhadas pelo Governo, como Angola, estou convicto de que a economia portuguesa vai crescer mais ainda”, reforçou, notando que a evolução do euro também ajuda esta dinâmica de exportações.»
Quando será que, mesmo com o beneplácito dos actuais colonizadores (o MPLA), os antigos colonizadores (portugueses) deixam de gozar com a nossa chipala, deixam de achar que somos todos matumbos?