Ele, sem ser, o melhor e mais capacitado dirigente, interpares, chegou ao cadeirão máximo, sem escrutínio democrático (“que realizado, o perderia, seguramente”), graças ao “indicador absoluto” de José Eduardo dos Santos, à época, o ditador mor! Saiu-lhe a lotaria! Uns acreditaram, piamente, na mudança. Ingénuos! A cobra por deixar cair a pele, não deixa de ser venenosa. Nunca!
Por William Tonet
O MPLA desconseguiu, desde 1975, em “criar o homem novo”, em oposição a “criação do novo homem corrupto” especializado em ladroagem do erário público.
Em 2017, a apologia da ditadura, escalou o pico do absolutismo com José Eduardo dos Santos a destapar a mente anã dos dirigentes do MPLA, ao indicar discricionária e sem oposição o sucessor. Não importa a capacidade intelectual e visão geopolítica do indicado, quando este beneficia do exclusivo dedo indicador do chefe, mesmo que recaia sobre um arrogante, brutamontes e incompetente, que passa, também, a contar com o não escrutínio democrático interno.
Isto significa que o MPLA, pelo modo de escolha do seu líder, poderá, um dia, ter, na sua liderança, um criminoso!
Hoje, na prévia das eleições (faltam três meses), o que mais está a preocupar a cidadania democrática, são os descarados mísseis financeiros lançados, pelo Titular do Poder Executivo, contra os cofres públicos.
Mais de 1.350.000.000,00 (mil milhões, trezentos e cinquenta milhões de dólares) saíram, sorrateiramente, mas à luz do dia, dos cofres do Estado, para fins inconfessos, visando sustentar a continuidade, no poder de João Lourenço. Uma derrota eleitoral, da lista do MPLA, previsível, segundo as últimas sondagens, incluindo, uma do próprio regime, poderá destapar, o cometimento de crimes de corrupção e ladroagem intensiva, superiores aos praticados pelo antecessor (JES), se comparado o período de mandato de JLO.
Daí apostar, “tudo e em força”, parafraseando Oliveira Salazar, em 1961 (quando ocorreu a sublevação, em Luanda, do 4 de Fevereiro), para a fraude das futuras eleições, mantendo um presidente ilegal, mas partidocrata na CNE, Manuel da Silva Manico, uma empresa de gestão de software espanhola, INDRA e uma de espionagem e cablagem informatizada, israelita, Mitrell.
Esta engenharia visa a manutenção de um poder, cada vez mais contestado e putrefacto, com fortes indícios de, pela primeira vez, poder ver a sua liderança a trafegar as barras dos tribunais, pós mandato.
O MPLA longe de ver emergir um restaurador da imagem, desgastada por 38 anos de um poder pandémico, confrontou-se, de repente, para surpresa geral, com a ascensão da ideologia da raiva e do ódio, como paradigma de implantação da autoridade do senhor da vez, que o rachou em dois blocos…
Para desgraça colectiva, da cobaia propagandista Goeblles/MPLA não se viu emergir um salvador, mas um “titaniqueiro”, que, em cinco anos, afundou, não só o navio-partido, como o Angola. Fome, miséria, desemprego, delinquência estão à mão de semear… Antes as desavenças internas, haviam proporcionado outros rebentamentos de minas pessoais, como as de Mário Pinto de Andrade, Matias Miguéis, Viriato da Cruz, Hoji Ya Henda, comandante Paganini, Deolinda Rodrigues e comandante Miro, lideradas por Agostinho Neto, mas de forma gradual, excluindo o pico do sadismo netista e da sua polícia política, a DISA, com o macabro genocídio de 27 de Maio de 1977, pelo temor que o líder (AN) tinha de Nito Alves.
Hoje, a perseguição de João Lourenço contra José Eduardo dos Santos é especial e impiedosa, exaltando o mais alto cinismo político de um espectáculo deplorável, que aprisiona o país, retirando-lhe a esperança e o sonho de mudar. O sonho dos milhões pela alternância, cujas cabeças, são ostensivamente, colocadas na guilhotina, não pode ser traída pelos sobreviventes.
A resiliência dos democratas deve emergir e confrontar os lobos, ante a ostentação de riqueza, mais de 48 milhões de dólares, em material de propaganda, meios técnicos e electrodomésticos: corrupção eleitoral, antes da convocação das eleições, aliado à afectação inusitada de mais de 25 milhões de dólares ao Tribunal Constitucional, cuja presidenta é membro do bureau político do MPLA, 475 milhões de dólares, ao Ministério do Interior, ministro Eugénio Laborinho, membro, no activo, do bureau político do MPLA e, 35 milhões de dólares, ao Ministério das Telecomunicações e Comunicação Social, ministro Manuel Homem, também, membro do bureau político do MPLA. Todas estas verbas, afectadas discricionariamente, pelo presidente do MPLA, João Lourenço, e assumidas pelo Presidente da República, João Lourenço, sem o escrutínio da Assembleia Nacional, configuram, num regime democrático, que Angola não é, crimes de responsabilidade…
Mais, a ferocidade verbal de baixo coturno, comparando os adversários a burros (animais irracionais), do putativo cabeça-de-lista do MPLA, contrasta com o esperado equilíbrio e higiene intelectual, exigível a um chefe de Estado.
A barroca vaidade umbilical, “agride, fisicamente”, as liberdades, subverte a Constituição e as leis, com a agravante de tornar os “togados de preto” (juízes e procuradores), em assassinos da democracia.
Sim, assassinos, face às impressões digitais, ante os permanentes golpes de Estado; alteração pontual da Constituição, modificação da Lei orgânica das Eleições, nulidade do XIII Congresso da UNITA, para destituir um líder democraticamente eleito, proibição de empresas de sondagens (que não sejam do MPLA), através da modificação da Lei de imprensa, para beneficiar, exclusivamente, um candidato; João Lourenço e um partido político; MPLA.
E, aqui, se destapa a alegada má escolha de sucessão, ante as debilidades do líder (2017/2022), responsável, cujos actos descontextualizados, são responsáveis pelo derramamento de sangue, suor, lágrimas e exército de famintos alimentados pelos contentores de lixo, quando o país arrecada mais de 130 milhões de dólares/dia, com a venda de barris de petróleo.
Não estamos diante de uma simples metáfora, mas de uma realidade perversa, onde um presidente emérito (MPLA/JES) é vexado, detonado e perseguido, publicamente, pelo presidente executivo (MPLA/JLo), causando danos não só ao próprio partido, com a maior baixa de popularidade, como à de terceiros de boa-fé (trabalhadores), desempregados diante de um ignóbil combate à corrupção, que causa mais danos ao Estado, do que ganhos à cidadania e à democracia.
Do ponto de vista ideológico, o MPLA com João Lourenço enterrou a visão de esquerda socialista. Sucumbiu! Foi substituído pelo MPLA/Malandros, comprometido com a extrema-direita e o neoliberalismo económico, responsável pelo escancarar da soberania económica, aos especuladores estrangeiros, ao fundamentalismo islâmico (já domina cerca de 80% do comércio alimentar, industrial, financeiro) e ao FMI.
O que restará de um MPLA, imbuído de uma visão “boçaleira”, raivosa, militarista e ditatorial quando chegar o fim de ciclo? Um pirilampo ou uma ravina?
Os Estados Unidos, ao que parece, preocupados com o avançar da Rússia e da China, junto da ditadura, avalia monitorar um pacote de sanções económicas, iniciados com o confisco de propriedades imobiliárias do casal presidencial, restrição de movimentos de membros do Executivo e aquisição de dólares, se “a lógica da batata, na lei da batota”, institucionalizar a fraude eleitoral, através da INDRA, CNE, Polícia Nacional, Forças Armadas e Tribunal Constitucional, órgãos, dominados, exclusivamente, pelo presidente do MPLA.
Na última grande pesquisa, que atemorizou o regime e o levou a dar mais um golpe de Estado, com a atabalhoada e apressada alteração da Lei de Imprensa (quatro vezes, em menos de 12 meses), aprovada apenas pelos deputados do MPLA, João Lourenço aparecia com míseros, 27%, das intenções de votos, dos eleitores, contra 46% de Adalberto da Costa Júnior.
Isso atemorizou o próprio líder, a maioria da meninada chegada ao comité central, em clara colisão aos estatutos do MPLA, ao dar-se conta que ao matar os antigos cabos eleitorais, não se blindou, como era expectável, agravado pela fragilidade intelectual e mobilizadora da vice-presidente e, principalmente, do secretário geral, Paulo Pombolo apontado como expoente máximo da corrupção.
Verdade ou mentira, tudo incrimina, pelo silêncio…
O MPLA deixou de ser um partido ideológico, passando a ser uma central de emprego, uma verdadeira esponja esburacada, no coração do poder…
A recuperação de Higino Carneiro é disso uma prova! As delirantes acusações aos adversários e à sociedade civil, feitas em comícios partidários, suportados com dinheiro público, mostram a natureza perversa, de um regime, que se alimenta do peculato, nepotismo e corrupção, em oposição a comportamentos de lisura, transparência, liberdade.
Além de ridícula, é uma tese negacionista, e antidemocrática.
É perigosa a contínua catalogação dos cidadãos, entre: espertos e burros (05.05.22-Kunene) porque, atacar veladamente, a transparência política, perseguindo, prendendo, confiscando bens e assassinando opositores, não atemoriza os democratas consequentes, pelo contrário, abre verdadeiras avenidas para a descredibilização dos resultados eleitorais de Agosto de 2022.
É antidemocrático e criminoso o recurso a fundos públicos, ao ponto de uma estratégia sanzaleira do MPLA, mandatar um comité municipal de Luanda, “exonerar a decência mental” da governadora de Luanda, ao privatizar, um largo público: 1.º de Maio, de Maio a Setembro (um mês depois das eleições, que se realizam, em Agosto ‘?’), uma verdadeira procuração de batota, na rota dos crimes eleitorais da ditadura, desrespeitadora dos direitos dos outros. O preconceito económico do MPLA é asqueroso, pois não admite, aos outros a mesma capacidade financeira, para que exista equidade no combate.
Daí a importância da unidade, entre a maioria das forças vivas, amantes da democracia, incluindo as várias correntes internas da UNITA, em torno de um projecto para “refundação” e proclamação da Independência imaterial de Angola, para, em Agosto, ser possível, a “decapitação” dos métodos violentos, discriminadores, assassinos e ditatoriais, alojados nos últimos 46 anos no poder. Isto porque, em desespero de causa, vendo o barco afundar, as ditaduras, em fase eleitoral, não se importam de vender, largos quilómetros de terras, como está a ocorrer, em Angola, a favor da China, Estados e regimes fundamentalistas árabes, Israel, França, Rússia, Turquia, etc., já detentoras de títulos de propriedade de extensas zonas diamantíferas, poços de petróleo, florestas, campos aráveis, incluindo afluentes de rios.
Recorde-se, ser o capitalismo especulador internacional, indiferente à educação e ao empoderamento dos cidadãos pobres, por a leteracia dos jovens, amedrontar a ilicitude dos negócios, alimentados pelos seus capachos, no poder.
Por isso, deve ser mantida a união da democracia para defesa da soberania do país, principalmente, a económica e política.
O cidadão de bem não se deve baixar e calar, sob pena de abrir, pistas oleadas para o agigantar e manutenção do lobo da incompetência, insensível a dignidade da vida dos pobres e desempregados.
O silêncio da democracia, ante o engordar de um saco azul, com milhões e milhões de dólares, através da canalização de verbas, para empresas, sem concurso público, próximas e conotadas, ao presidente do MPLA, João Lourenço, como a Mitrell (israelita), a INDRA (espanhola), a Carrinhos (portuguesa) e a Omatapalo é comprometedora, diante da mais inequívoca prova, de o MPLA não estar preparado para entregar a faixa do poder, a outro actor político, sem antes soltar os seus “cães” de guerra, testando a comunidade internacional e a sociedade civil.
Pode ser que muito me engane, mas os dados estão aí, com o incremento de investimento em milhões de dólares no sector bélico, na lógica de: as armas defendem a ditadura, as urnas defendem a democracia!