O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reafirmou hoje o apoio da União Europeia (UE) a África na luta contra o terrorismo fundamentalista islâmico nas regiões do Sahel e do golfo da Guiné.
Ou seja, “falamos há anos sobre o risco de contágio da ameaça terrorista do Sahel para os Estados costeiros. Hoje, isso não é mais um risco, é uma realidade”, disse Charles Michel na Cimeira da Iniciativa Acra, realizada na capital do Gana.
“Partilhamos a mesma leitura da situação. Os objectivos dos terroristas são bem conhecidos de todos nós: ameaçar a própria existência das vossas sociedades e países”, enfatizou o ex-primeiro-ministro belga.
A Iniciativa Acra foi criada em 2017 por cinco países da África Ocidental (Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gana e Togo) para colaborar contra o extremismo violento na região, a que se juntaram em 2019 o Mali e o Níger.
Falando aos dirigentes desses países presentes na cimeira, Charles Michel sublinhou que o problema “exige uma rápida mobilização dos parceiros regionais e de toda a comunidade internacional”.
“A vossa luta contra o terrorismo é também a nossa luta”, disse o presidente do Conselho Europeu, que considera necessário “identificar a melhor forma de ter um impacto rápido no terreno”.
“Partilhamos o vosso objectivo de focar a Iniciativa Acra em operações em vez de instituições: é importante ser concreto, tangível, eficaz e operacional”, disse Charles Michel, acrescentando que a UE acredita em “soluções africanas para problemas africanos”.
A União Europeia, continuou, tem sido “um importante parceiro de segurança em África” e está “constantemente a adaptar e a modernizar” as suas ferramentas”, vincou. “Temos um compromisso de longa data”, acrescentou.
Charles Michel apelou ao aprofundamento do diálogo político e à “aceitação conjunta” dos termos da cooperação com os países africanos, porque “a estabilidade e a prosperidade no continente africano são boas para o mundo e boas para a Europa”.
O Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, com quem Charles Michel se encontrou na segunda-feira, também interveio na cimeira, e recordou que a África Ocidental “continua a sofrer com o flagelo do terrorismo e do extremismo violento que alastra rapidamente por toda a região”.
O conflito extremista islâmico no Sahel começou no norte do Mali em 2012, estendeu-se ao Burkina Faso e ao Níger em 2015, e agora os países do golfo da Guiné sofrem ataques esporádicos.
O Gana reforçou a segurança ao longo da sua fronteira norte e até agora ainda não registou qualquer ataque transfronteiriço.
No entanto, o Benim e o Togo sofreram ataques no ano passado nos seus territórios que fazem fronteira com o Burkina Faso, onde estão activos movimentos ligados à rede terrorista Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico.
Folha 8 com Lusa