20 MILHÕES DE POBRES SATISFEITOS…

A taxa de inflação em Angola atingiu em Agosto 19,7% contra os 30% do período homólogo de 2021, enquanto o rácio da dívida pública baixou para 66%, no primeiro trimestre de 2022, anunciou hoje o Governo angolano.

Os dados foram apresentados pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, que manifestou orgulho pelo equilíbrio das contas internas, fruto de acções desenvolvidas nos últimos cinco anos.

“De 2018 a 2022, com excepção de 2020 devido à pandemia, os saldos orçamentais do país são superavitários, quando no período de 2014-2017 Angola enfrentou défices orçamentais sucessivos”, disse o governante.

“As contas internas estão igualmente equilibradas”, assegurou o ministro angolano, quando discursava hoje na cerimónia de encerramento da sessão de admissão à negociação das acções do Banco Caixa Geral Angola (BCGA) no mercado de bolsa.

Segundo Manuel Nunes Júnior, no período de 2018 a 2021, o saldo da conta corrente da balança de pagamentos tem sido “sistematicamente” positivo: “O que significa que o influxo de moeda externa tem sido superior à saída destes recursos do país”, garantindo “a estabilidade das Reservas Internacionais Líquidas de Angola”.

O governante deu conta também que o mercado cambial do país “está estabilizado”, sublinhando que desde Novembro de 2020 que a moeda nacional, o kwanza, “tem seguido uma trajectória estável em relação às principais moedas internacionais”.

“Hoje, o nosso mercado cambial está a funcionar normalmente, sem qualquer tipo de restrições administrativas, o que é bom para a nossa economia, em particular para os investidores estrangeiros que pretendam repatriar os seus dividendos em tempo oportuno”, acrescentou.

A dívida pública, como percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), realçou, tem estado a diminuir, tendo o seu stock baixado de 128,7% do PIB em 2020 para 82,1% em 2021.

“No primeiro trimestre de 2022 este rácio baixou para 66%”, assinalou, admitindo que com a diminuição dos défices orçamentais e do stock da dívida de Angola irá caminhar também para uma “trajectória de redução das taxas de juro” prevalecentes no mercado.

O que é, prosseguiu, uma condição importante para “aumentar o crédito à economia e, por conseguinte, o volume de investimentos no país”.

Manuel Nunes Júnior destacou igualmente a “tendência decrescente” das taxas de inflação no país, sobretudo quando vários países do mundo registam aumento das taxas, motivadas pelas “reformas introduzidas em momento oportuno” da condução da política orçamental, monetária e cambial.

Reformas introduzidas na regulação do mercado de bens e serviços, sobretudo com a introdução da Reserva Estratégica Alimentar, também contribuíram para a redução das taxas, realçou.

“A taxa de inflação anual homóloga em Agosto deste ano foi de 19,7%, quando em 2021 atingiu cerca de 30%”, apontou.

“Vamos continuar a trabalhar para manter esta tendência decrescente das taxas de inflação, para assim conseguirmos melhorar os níveis de poder de compra das nossas populações”, afirmou.

O ministro de Estado angolano referiu também que o país entrou para uma trajectória de crescimento em 2021 com um crescimento de 0,7%, após cinco anos consecutivos de recessão económica, num processo impulsionado pelo sector não petrolífero, que registou crescimento de 6,4% contra um crescimento do sector petrolífero de menos 11,6%.

Considerou ainda que as perspectivas económicas de crescimento para 2022 são boas: “Vamos manter-nos num ambiente de crescimento económico sustentado e inclusivo”, garantiu.

“Prevemos um crescimento global de 2,7% suportado por um crescimento do sector não petrolífero de 3,2% e do sector petrolífero, incluindo o gás, de 2,1%, rematou Manuel Nunes Júnior.

47,8 milhões com entrada de acções do Caixa Angola

As acções do Banco Caixa Geral Angola (BCGA), particularmente 25% detidas pelo Estado angolano por via da Sonangol, estão disponíveis a partir de hoje para a negociação no mercado de bolsa, operação que deve render 47,8 milhões de euros.

A ministra das Finanças angolana, Vera Daves, deu a conhecer que os resultados desta operação, além de permitirem a arrecadação de 20.197.000.000 de kwanzas (47,8 milhões de euros), pela Sonangol, permitem também que 693 investidores, entre os quais trabalhadores do banco, sejam accionistas do BCGA.

A sessão de admissão à negociação das acções do BCGA, via Bolsa de Dívida e Valores de Angola (Bodiva), representa, segundo as autoridades angolanas, o culminar da oferta pública de venda da participação do Estado angolano no âmbito do Programa de Privatizações (ProPriv).

O ProPriv, sublinhou a ministra, tem, por isso, “o condão de permitir que, através da oferta pública em bolsa de valores, sejam alienadas, de forma competitiva, acções de empresas de referência nacional, ao mesmo tempo que se dinamiza o mercado de capitais”.

A oferta pública inicial compreende 5.000.000 de acções representativas de 25% do capital social do BCGA detidas pela petrolífera Sonangol.

Para Vera Daves, com entrada do BCGA na Bodiva, o mercado de acções dispõe agora de novos títulos e novas oportunidades de investimento, também para os pequenos investidores, “consolidando um caminho desde há muito desejado para que o mercado de capitais proporcione, de facto, alternativas para o financiamento de projectos”.

“Esta alternativa de financiamento e investimento será tanto mais robusta quanto mais ampla e mais efectiva for a educação financeira de todos os angolanos, numa perspectiva de conhecimento de todas as alternativas para a poupança e o investimento, assim como dos riscos inerentes”, disse.

Segundo Vera Daves, apesar do momento particular da economia angolana, agravado pelos desafios decorrentes da conjuntura económica e geopolítica mundial, o Governo está satisfeito com os resultados alcançados nos processos de privatização das empresas do sector financeiro.

Esta foi a terceira acção de privatização de activos financeiros, via Bodiva, depois da privatização de 100% das acções do banco BCI (Banco Comércio Angola), por via leilão em bolsa, e a oferta pública de venda de 10% das acções do banco BAI (Banco Angolano de Investimentos).

O ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, disse, na ocasião, que a disposição das acções do BCGA para negociação no mercado de bolsa reafirma o papel do mercado de capitais angolano como um “mecanismo transparente e eficiente” para o financiamento de empresas.

“Os indicadores desta operação são um sinal positivo da confiança e das expectativas dos investidores na economia angolana e do interesse dos mesmos em diversificar as fontes de rentabilização das suas poupanças, através do investimento em novos instrumentos financeiros”, frisou o ministro.

Nunes Júnior acrescentou que “as reformas em Angola vão continuar no sentido de consolidar a estabilidade macroeconómica e de introduzir as mudanças estruturais que se impõem na nossa economia, de modo a torná-la cada vez menos dependente do petróleo”.

O lote de 25% do capital destina-se a três grupos de investidores: 15% do capital destina-se aos actuais accionistas angolanos, 2% a colaboradores e membros dos órgãos sociais e 8% ao publico em geral.

Francisco Rosado dos Santos acredita que este preço é adequado para o dinamismo do mercado. “Tentámos encontrar um preço – e comparando com a outra acção que está cotada – que permitisse a um angolano pertencente ao público em geral e que quisesse adquirir (acções) sem grande desconforto para as suas finanças pessoais”.

O Estado português, através da Caixa Geral de Depósitos, é o maior accionista do Caixa Angola, sendo o restante capital distribuído pelos empresários angolanos António Mosquito e Jaime Freitas (12% cada um), Sonangol EP (24%) e Sonangol Holding.

Folha 8 com Lusa

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