A UNITA apelou hoje ao Presidente da República, bem como ao Presidente do MPLA e ao Titular do Poder Executivo, João Lourenço, para não se deixar manipular pelos seus órgãos auxiliares e prestar atenção às informações que lhe são prestadas sobre os acontecimentos em Cafunfo.
A recomendação (tão ingénua quanto inócua) consta no relatório do grupo parlamentar da UNITA, principal partido da oposição que o MPLA ainda permite (embora não se saiba por mais quanto tempo), sobre o “massacre de Cafunfo”, apresentado hoje em conferência de imprensa.
“O grupo parlamentar da UNITA alerta a Sua Excelência, o Presidente da República, a tomar muita atenção às informações dos seus auxiliares e não se deixar manipular e condicionar pelos mesmos”, apelaram os deputados.
O relatório, compilado por cinco deputados da UNITA que foram impedidos pelas forças da ordem e segurança (do MPLA) de entrar em Cafunfo e ficaram retidos durante quatro dias, a cinco quilómetros da vila mineira, aponta para a existência de 28 pessoas mortas e 18 feridos no incidente que a UNITA diz sido um protesto com 93 manifestantes.
Na versão da polícia cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende a autonomia desta região rica em recursos minerais, tentaram invadir, em 30 de Janeiro, uma esquadra policial, acção que levou as forças da ordem e segurança a defender-se, atingindo mortalmente seis pessoas.
O relatório da UNITA alertou para a “miséria extrema que assola as populações daquela região do país” (Lunda Norte) e apontou a gravidade da situação, onde se conjugam um “clima de terror” e a “frustração” da juventude, que “aliada à densa fronteira vulnerável com a República Democrática do Congo”, onde os conflitos são permanentes, podem “criar condições favoráveis para a penetração de grupos extremistas e oportunistas”.
Os deputados denunciaram também a censura dos órgãos de comunicação social do MPLA, com particular destaque para a TPA e a TV Zimbo “que têm omitido deliberadamente as versões de outros actores políticos e sociais sobre o massacre de Cafunfo, apesar de terem participado da cobertura das conferências de imprensa” da UNITA.
Recomendam, por isso, ao executivo angolano que “restabeleça com urgência o clima de paz, tranquilidade e harmonia social com todo o povo da região e em particular o do município do Cuango e exigem que seja revertido o quadro calamitoso derivado dos acontecimentos recentes na vila do Cafunfo”.
A UNITA exigiu igualmente que sejam “responsabilizados política, disciplinar e criminalmente, todos aqueles que investidos de responsabilidades do Estado participaram do massacre da população indefesa”.
O MPPLT luta pela autonomia da região das Lundas, no Leste-Norte de Angola. A autonomia da região das Lundas (Lunda Norte e Lunda Sul, no leste do país), rica em diamantes, é reivindicada por este movimento que se baseia num Acordo de Protectorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido.
Como se sabe, Portugal ignorou a condição deste reino (tal como fez com Cabinda) quando simulou que negociou a independência de Angola entre 1974/1975 com o MPLA, UNITA e FNLA, embora só o tenha feito com o MPLA, assinando um acordo de capitulação.
Recorde-se que há um ano (3 de Fevereiro de 2020), o mesmo Presidente da República (não nominalmente eleito), admitiu que “fez parte do sistema” que sustentou o seu antecessor, mas salientou que só os que conhecem o regime por dentro estão preparados para fazer grandes mudanças.
Parafraseando e adaptando esta constatação ao momento actual, só um ladrão pode ser comandante da Polícia, só um terrorista pode liderar o combate ao terrorismo, só um jacaré pode combater os jacarés. E quando assim é…
Nessa altura, em entrevista à DW, João Lourenço, que foi ministro da Defesa do ex-presidente José Eduardo dos Santos (que o escolheu para sucessor), secretário-geral e vice-presidente do MPLA, partido no poder em Angola há quase 45 anos, sublinhou que “ninguém pode dizer que não fazia parte do sistema”, mas é também por conhecer o sistema por dentro que tem condições para “corrigir o que está mal”.
“Quem fez as grandes mudanças não são pessoas de fora, são as que conhecem o sistema”, afirmou o chefe de Estado, acrescentando: “Somos nós, do partido que sempre governou o país (MPLA), que estamos a fazer as reformas que eram absolutamente necessárias que fossem feitas”. Reformas que, na linguagem do MPLA, são sinónimo de substituir ladrões por larápios, gatunos ou… ladrões.
Folha 8 com Lusa
A miséria e a má administração da totalidade do território incluindo a própria capital que é propositada leva a este de comportamentos.as Lundas são desde JES sitio de disputas e total anarquia de indivíduos estrangeiros protegidos por corruptos de todos os sectores de individualidades do M,e o resultado é a revolta geral pela pobreza e exclusão se verifica em toda a Angola é mais sentida nesta rica região.
A UNITA deve apresentar provas destas mortes… Dizer apenas que houve 28 mortos sem conseguir provar é incredulidade.