RTP “apoia” o mercenário

Os iluminados do MPLA de João Lourenço estão a recuperar os acéfalos mercenários do MPLA de José Eduardo dos Santos. Quando souberam que Artur Queiroz tinha sido operado, com sucesso, para mudar o cérebro do intestino delgado para o grosso, resolveram pedir-lhe ajuda. Foi contratado. É que o cheiro que ele agora exala transporta-os de forma mais emocional para as origens do partido. A “recuperação” contou agora, a propósito do 27 de Maio, com a ajuda da RTP África (órgão público português), num programa de Victor Hugo Mendes.

Por Orlando Castro

Logo que teve alta, a “coisa” não tardou a mostrar serviço. Entre outros gases expelidos do intestino pela cratera anal, queria que o Sindicato dos Jornalistas se pronuncie “quanto a uma capa do Folha 8 que publica fotos do Presidente da República, João Lourenço, e do seu ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, tratando-os como criminosos”.

No regresso ao seu mercenarismo sanzaleiro, a “coisa” afirma que “se é liberdade de imprensa um nazi psicopata, que se faz passar por historiador angolano, chamar ao Presidente Agostinho Neto assassino e ditador. Ao Presidente João Lourenço e ao ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, palhaços. Se considera lícito que o mesmo jornal instigue os seus leitores ao derrube da estátua de Agostinho Neto, figura que para os Angolanos é Herói Nacional e o Estado lhe consagra um dia feriado”.

No editorial de 11 de Novembro de 2015, o Pravda do MPLA, também conhecido como “Jornal de Angola”, referiu-se ao “ressabiamento” de Portugal sobre o percurso eleitoral do país, no dia em que se assinalavam os 39 anos sobre a proclamação da independência angolana.

Intitulado “Forças contra a democracia”, o editorial queirosiano (não de Eça mas de Artur) criticou nomeadamente a UNITA, aludindo às declarações do então presidente Isaías Samakuva que, em Lisboa, falou da necessidade de uma nova independência do país.

“Ameaçar com a ‘terceira independência’ é insultar os milhões de angolanos que votaram (até mesmo, dizemos nós, os mortos que apesar disso votaram) em todos os actos eleitorais, de 1992 a 2012. Não há pior intolerância política do que ignorar as ideias, os valores, os sentimentos e as opções ideológicas ou religiosas dos outros”, sublinhava o sipaio editorialista, acusando Isaías Samakuva de “empurrar angolanos menos informados para um retrocesso civilizacional”.

“Angola é independente desde 11 de Novembro de 1975. E o povo angolano tem consentido sacrifícios sem nome para preservar essa vitória. Muitos deram a vida para que a Pátria fosse livre. Muitos mais morreram pela sua defesa ao longo dos anos, até 2002 (fim da guerra civil)”, escreveu o Pravda, referindo-se exclusivamente, como está no seu ADN, aos mortos do MPLA já que – como se sabe – todos os outros não eram propriamente angolanos.

O artigo recordava a luta armada que se seguiu ao período colonial, nomeadamente como “a legião estrangeira constituída por tropas da África do Sul e mercenários, quase todos portugueses, foi derrotada no Ebo”. E ainda que em Kifangondo “as tropas de Mobutu e as matilhas de mercenários de várias nacionalidades, capitaneadas pelo coronel ‘comando’ (português) Santos e Castro, foram derrotadas sem apelo nem agravo”.

Por manifesta falta de espaço, o mercenário (a “coisa”) autor do texto, esquecei-se de referir o massacre do 27 de Maio de 1977, onde morreram milhares de angolanos (eram angolanos porque eram do MPLA) por ordem de… Agostinho Neto.

“Ninguém pode arrancar estas páginas da História com a desculpa da ‘reconciliação nacional’”, lê-se no editorial. Ninguém arranca, é verdade. Como ninguém arranca a certeza de que, tal como no passado, ainda vamos ler editoriais no pasquim a dizer que, afinal, Eduardo dos Santos era uma besta que queria um “socialismo sanzaleiro”.

De acordo com o artigo do “Jornal de Angola”, “intolerância política é desrespeitar a figura do chefe de Estado” e “acusar o partido que venceu as eleições de fraude”, referindo-se ao MPLA, partido que sustentava (e ainda sustenta) estes mercenários a peso de ouro e que na altura era liderado por José Eduardo dos Santos, que era presidente angolano desde 1979, sem nunca ter sido nominalmente eleito.

“É uma intolerância tão cega que há muito devia ter merecido uma resposta definitiva e exemplar. Porque os votos que entraram nas urnas são dos angolanos, não dos racistas de Pretória, dos portugueses ressabiados, dos conspiradores de Washington, Paris, Londres, Bruxelas e outras capitais do mundo”, referia o editorial.

Pois é. Isto por que se em muitos círculos eleitorais entraram nas urnas mais votos do que eleitores inscritos, isso deve-se às falcatruas de todos esses racistas que, a fazer fá no Pravda, pululam por muitas cidades.

O frete termina referindo que “intolerância política é perder as eleições e agir como se as tivessem ganho” e que “quem quer a ‘terceira independência’ é contra a democracia”. Não está mal, reconheça-se. E não está por que, de facto, não é possível estar contra uma coisa que não existe: democracia.

Seja como for, com a conivência do regime, os vampiros continuam a sugar a sangue dos angolanos. Um exemplo clássico é o de Artur Queiroz, mercenário para todos os serviços, que depois de ter chamado a José Eduardo dos Santos líder de um socialismo de sanzala, beneficiou do perdão do “querido líder” e está a viver à grande.

Falar de democracia e de direitos humanos no nosso país é o mesmo que querer meter toda a água do Rio Kwanza na piscina do Palácio Presidencial. Mas compreende-se. Os mercenários existem para isso. Desde que sejam pagos (e estes são pagos a peso de ouro), eles até conseguem olhar para uma lagartixa e dizer que é um jacaré. Para eles democracia (ou seja, governo do povo) é sinónimo de uma elite corrupta que rouba aos milhões que têm pouco para dar aos poucos que têm milhões.

As anedóticas teses da “coisa”

No texto da “coisa” há uma tentativa de colonizar mentes e escravizar a identidade angolana. Portanto, o seu autor é um escravocrata puro. Quem sabe, uma espécie cabeluda de algum cabeça rapada militante da Ku-Klux-Klan (KKK); um fascista camuflado.

Talvez Artur Queiroz, encobertamente defensor do Southern Poverty Law Center, desconheça ou tenha um lapso de memória, mas as diferentes facetas de Agostinho Neto conduzem-no no sentido correcto do esclavagismo.

Agostinho Neto, como tantos outros nacionalistas angolanos, bateu-se pela libertação dos angolanos submetidos à coisificação pelo regime colonial português, não por altruísmo ou patriotismo, mas porque queria ser (e foi) um outro Hitler.

Defender a imagem de António Agostinho Neto, um renomado combatente contra um tipo de escravatura para a substituir por outra (trocar brancos por pretos) assemelha-se a uma estratégia de actuação da Ku-Klux-Klan, que numa determinada fase da sua estupida luta, iniciou na década de 1950.

Na época, em resposta ao crescimento do movimento afro-americano que lutava pelos direitos civis dessa comunidade nos Estados Unidos, os KKK decidem atacar de várias formas os activistas que lutavam pelos direitos civis dos afro-americanos e seus aliados. E uma das estratégias era descredibilizar; inventar factos sobre os activistas. Exactamente o que o MPLA de Agostinho Neto fez.

Como fazedor de versos, os seus textos clarificam quem é Agostinho Neto no grupo de africanos que se dedicaram a denunciar os maus-tratos a que os negros de todo o mundo estavam submetidos. E como resultado, em Angola os negros passaram a sofrer maus-tratos provocados por outros… negros.

Como político, esteve preso diversas vezes, foi incansável na busca de soluções pacíficas para o fim da colonização em Angola, até que optou pela reivindicação armada, quando o regime colonial português não deu outra hipótese. A “coisa” esquece-se (é para isso que lhe pagam) que o colonialismo, a exploração, a escravatura não acabaram. Só mudaram os seus mentores. Saíram os portugueses e entraram os angolanos… do MPLA.

A “coisa” considera que a conquista da independência nacional, proclamada a 11 de Novembro de 1975 por Agostinho Neto, pôs fim à ocupação do território angolano por um hediondo regime colonial responsável pela escravização de milhares de angolanos. Saiu Portugal, entrou o MPLA. A escravização continua. Temos 20 milhões de pobres.

Um dos maiores escroques

Sobre a “coisa”, com especial dedicatória à RTP África e a Victor Hugo Mendes, eis – com a devida vénia – um texto de José Paulo Fafe, «Artur Queirós: “El canalla e outras estórias”, publicado no dia 17 de Outubro de 2013 em http://josepaulofafe.com/blogue:

«Com a mais que merecida e devida vénia “usurpo” o título a um livro de Miguel Urbano Rodrigues e uso-o neste blogue para encimar um texto, espero que curto, acerca de um dos maiores escroques que me foi dado conhecer ao longo dos meus cinquenta e poucos anos de vida.

Responde a sebosa criatura pelo nome de Artur Queirós, ainda que goste (quando tem a coragem de assinar os mal-amanhados textos com o seu próprio nome) de rematar o apelido com um “zê” – porventura a insinuar algum parentesco com o Eça, esse sim Queiroz, bom de pena, de carácter e de banho.

Garantem-me que esta bestunta personagem, sob pseudónimo – “Álvaro Domingos” – ou a coberto de um cómodo e cobarde anonimato, é o principal “animador” da sanha anti-portuguesa que, vai não vai, toma conta dos editoriais e artigos de fundos do “Jornal de Angola”, o órgão oficioso do regime angolano.

Parece então que o crápula, português para o que lhe convém, resolve mostrar serviço e ser mais papista que o papa. Se no Futungo alguém espirra, é certo e sabido que a alimária fica com febre e vai lá disto – rapa da pena e, certamente esquecido dos tempos em que fervorosamente militava na tendência maoísta do MPLA (a OCA) e tratava os seus camaradas mais alinhados com o bloco soviético (entre os quais o actual presidente José Eduardo dos Santos) como “um bando de pretos matumbos”, destila ódio e peçonha cá para estas bandas.

Tive oportunidade de conviver (conviver é uma forma de expressão, note-se…) com esta abestalhada criatura há uns anos na velhinha revista “Sábado”, onde o sujeito fingia que trabalhava na delegação do Porto e onde amanhava umas prosas onde raramente o sujeito concordava com o predicado. Bastava trocar duas ou três frases com o pulhazeco (de preferência ao telefone ou a uns metros, porque o fedor sempre foi muito) para perceber-se que não era boa rês.

Manhoso, matreiro, vígaro, aldrabão, intriguista, dele esperava-se de tudo um pouco. Para começar maus textos, que era o que ali importava, já que estávamos numa redacção. Mas a verdade é que as canalhices desta sórdida criatura não se resumiam à escrita, longe disso – iam mais longe, estendiam-se a atitudes que definiam o carácter execrável de alguém que mais não merece, quando avistado, que levar dois biqueiros nos fundilhos.

Como aquele episódio de ter pedido a uma camarada de profissão que viajava de Luanda para Lisboa que lhe fizesse o favor de trazer um pequeno embrulho que mais não era – descobriu-o a portadora por insistência de quem a foi buscar ao aeroporto e que conhecia as manhas ao figurão – nada mais nada menos que a suficiente quantidade de liamba para tê-la colocado atrás das grades se apanhada na alfândega; ou outra, como a da “entrevista” forjada com inexistentes membros das FP-25 de Abril algures no Minho ou na Galiza e pela qual sacou 200 contos à revista “Sábado”; e ainda quando foi surpreendido, na delegação do Porto, lá na rua do Bolhão, a agredir selvaticamente a recepcionista a soco e a pontapé, a ponto da pobre rapariga ter de refugiar-se no andar de cima.

Este safardana é daqueles tipos que merece, ao cruzar-nos com ele, que lhe cuspamos na cara. O problema é que – como diz alguém que eu conheço – o bandalho ainda ia aproveitar para fazer a barba…»

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