Quem fez o general prosperar, ter barriga grande?

Raramente o jornalista é notícia. Contudo, não deixa, antes e durante, de ser um cidadão que, mais do que qualquer outro, tem responsabilidades acrescidas, devendo por isso, sem pretensiosismos nem falsas modéstias, assumir junto daqueles a quem exclusivamente deve explicações, neste caso os angolanos, a verdade dos acontecimentos.

Por Orlando Castro

Volta a ser o caso em resultado das monumentais mentiras do General Higino Carneiro que, cobardemente, quer reescrever a História e esconder eventuais rabos-de-palha.

Joseph Goebbels (1897-1945) foi um político alemão, ministro da Propaganda e da Informação Pública da Alemanha Nazi, mobilizou todos os meios de comunicação para impor ao povo alemão uma única ideia política e social, a do nazismo. Foi um dos principais aliados de Hitler.

A sua estratégia de propaganda expandiu-se a nível nacional, o que o tornou um dos maiores estrategas de manipulação de massas. A ele é atribuída a famosa frase: “Uma mentira contada mil vezes se torna verdade”.

Com a ascensão de Hitler ao poder, em Janeiro de 1933, Goebbels foi nomeado Ministro da Propaganda e da Informação Pública da Alemanha Nazi. Passou então a controlar diversos sectores da vida cultural da Alemanha.

Em matéria de insistir na mentira para ver se um dia ela passa a ser verdade, qualquer semelhança entre Joseph Goebbels e Higino Carneiro NÃO é mera coincidência.

O General Higino Carneiro a despropósito concedeu, no dia 3 de Abril de 2015, uma entrevista à RNA onde mente descaradamente, sobre a Mediação dos Acordos do Alto Kauango, mostrando também a sua veia racista e complexada e um atávico complexo de inferioridade que, aliás, nem é justo.

Higino Carneiro mentiu e comprometeu-se, pois a ser verdade o que disse, então ele era e é um traidor e um dos generais das FAPLA pagos e infiltrado por Jonas Savimbi.

No seu livro “MEMÓRIAS – Soldado da Pátria”, recentemente editado, Higino Carneiro faz da amnésia factual a melhor arma para dar credibilidade à mentira, tendo sido bem instruído para retocar (ou contar a quem escreveu) a mentira com alguns laivos de verdade, método conhecido por quem aconselha que a melhor forma de vender um burro é pintá-lo com algumas riscas.

Higino Carneiro não conhecia, antes do dia 19 de Maio de 1991, o General Ben Ben ou pelo menos, não tinha com ele nenhum contacto oficial.

Higino Carneiro mente quando diz ter pedido a William Tonet para redigir o comunicado final. Primeiro, William Tonet não era seu empregado nem subordinado, logo actuou como mediador, por consenso das partes. O papel de mediador de William Tonet foi confirmado ao Folha 8, em trabalhos já publicados, por generais de ambos os lado, casos de Geraldo Sachipengo Nunda, Adriano Makevela Mackenzie e Marques Correia “Banza”.

Higino Carneiro mentiu, pois ele não convidou os jornalistas. Estes estavam em Saurimo e seguiram depois no mesmo helicóptero, com autorização do então chefe do Estado Maior e do comandante da Frente que era o general Sanjar, pois Higino Carneiro não foi responsável pela defesa daquelas posições.

Dúvidas? As mentiras de Higino Carneiro foram reveladas, há muito tempo, quer pelo general Mackenzie que era das comunicações da UNITA, que iniciou contacto directo com William Tonet, quer pelo general Chilingutila, militares íntegros.

Higino Carneiro mente pois não diz por que razão só William Tonet e ele foram recebidos pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, depois de regressarem do Moxico. Dúvidas? Perguntem mesmo ao General José Maria.

A História escreve-se com a verdade que, mesmo quando bombardeada insistentemente pela mentira, acabará por se sobrepor a todo o género de maquinações e acções de propaganda. É, por isso, legítimo que se faça pedagogia e formação quando, por razões mesquinhas, alguns tentam apagar o que de bom alguns, muitos, angolanos fizerem pela sua, pela nossa, terra. E tentam apagar, revelando um manifesto complexo de inferioridade e um mal resolvido complexo rácico, por temerem que a verdade os mate. Esquecem-se que, mesmo recorrendo à história, a salvação só se consegue com respeito pela verdade.

E não é por esconder a verdade que ela deixa de existir. Em 1991, quando as forças da UNITA sitiaram por 57 dias a cidade do Luena, William Tonet, que cobria o conflito por parte das tropas do “Galo Negro”, abordou o seu então amigo General “Ben Ben” e um outro general das FAPLA, Higino Carneiro, que aceitaram a sua proposta de tréguas de paz que ficou conhecida como os acordos do Alto Kauango, que foram a “mãe” dos acordos de Bicesse.

Não adianta o MPLA, o regime, Higino Carneiro e outros sipaios que se julgam donos da verdade, “esquecerem” a verdade dos factos. Eles são exactamente isso, factos. E um deles, o de ter sido um angolano a mediar pela primeira vez o conflito entre angolanos, deveria ser motivo de regozijo e de reconhecimento interno e externo. Só a mesquinhez de uns tantos, agora revitalizada por Higino Carneiro, pode levar a que se tente, sem sucesso – é certo, apagar esta verdade. Uma de muitas outras que, infelizmente, ainda se encontram enclausuradas por medo de represálias.

O facto de o cidadão, jornalista, William Tonet ser inimigo público do regime, mau grado a sua luta ter sido sempre em prol dos angolanos, de todos os angolanos, revela igualmente que na História que o regime quer que se escreva só têm lugar os que são livres para estarem de acordo com ele.

“Memórias – Ministro da Pátria” (contributos para o novo livro do general)

Estávamos em Julho de 2017. O Governador da Província de Luanda, general Higino Carneiro, garantia que os munícipes da capital angolana iam beneficiar de novas infra-estruturas públicas para melhorar a circulação de pessoas e bens. Urge promover e condecorar o general, fidedigno paradigma do que é o MPLA.

Quando pediram explicações ao então ministro, general Higino Carneiro, sobre o facto de, em 2007, o seu ministério das Obras Públicas não ter justificado despesas de cerca de 30 mil milhões de Kwanzas, equivalentes a mais de 115 milhões de dólares, ele disse “que não tinha tempo para dar justificações”.

Se João Lourenço não fosse só forte com os fracos, Higino Carneiro já estaria preso e teria sido despromovido. Mas não está nem estará. Provavelmente vai ser promovido e condecorado…

Novembro de 2016. O governador provincial de Luanda, general Higino Carneiro, alegou questões de segurança para proibir a realização de uma manifestação cívica contra a nomeação de Isabel dos Santos, para a direcção da petrolífera estatal Sonangol.

Higino Carneiro tratou, mais uma vez, os promotores e os demais cidadãos, como sendo de segunda categoria ou seres menores, sem nenhuns direitos, logo com o único dever de cumprir uma vontade, uma ordem inconstitucional e ilegal.

Higino Carneiro, é um dos generais mais ricos, fruto certamente do seu esforço militar, empresarial, político e contador de mentiras. Foi, com certeza, recompensado pelo esforço e dedicação à causa do regime, mesmo sabendo-se que esta causa nunca levou em consideração a tese do primeiro Presidente da República, Agostinho Neto, que dizia que o importante era resolver os problemas do povo.

Sempre foi visto como um “buldózer” que, certo das suas convicções, levava tudo à frente. Esta qualidade foi bem visível como militar, onde não olhava a meios para atingir os seus fins, mas também como ministro das Obras Públicas, governador provincial e empresário.

Em 26 de Junho de 2008, por exemplo, prometeu enquanto ministro das Obras Públicas, construir ou reconstruir cerca de mil e quinhentas (1.500 isso mesmo) pontes de médio e grande porte, assim como reabilitar mais de 12 mil quilómetros da rede nacional de estradas até 2012.

Fazendo contas verificamos que do dia 26 de Junho de 2008 até ao dia 31 de Dezembro de 2012 vão 1.650 dias (contando feriados e fins de semana). Dividindo as 1.500 pontes que o ministro anunciou, dá uma média de 0,9 pontes por dia. Se dividirmos os tais 12.000 quilómetros de estradas pelos 1.650 dias dá uma média de 7,27 quilómetros ao dia. Portanto é simples, a cada dez dias o MPLA teria de apresentar 9 novas pontes e 72,7 quilómetros de estradas. Simples.

No mundo empresarial teve, ou tem, negócios com parceiros nacionais, portugueses, brasileiros e outros. Dos seus negócios privados fazem ou fizeram parte 12 hotéis dispersos pelo país, grandes fazendas (a Cabuta é uma delas), bancos (Keve e Sol), uma companhia de aviação dispondo de uma frota de 14 aeronaves, Air Services.

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