O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) vai entregar 10 mil caixas com produtos de nutrição pata apoiar mais de 7 mil crianças em Luanda e minimizar o impacto da Covid-19. Quando um país rico só consegue gerar ricos e não riqueza… nem vergonha na chipala tem.
Segundo um comunicado da organização das Nações Unidas, as caixas incluem produtos como leite terapêutico, medidores de perímetro branquial, balanças, máscaras cirúrgicas e desparasitantes e foram agora distribuídos no Hospital Municipal dos Cajueiros, no Cazenga.
O objectivo é apoiar as acções de combate à desnutrição (fome) e reforçar a resposta do sector da saúde na província de Luanda, face ao impacto da pandemia da Covid-19.
“Esta acção faz parte das actividades desenvolvidas pelo UNICEF para apoiar o Governo a mitigar o impacto da Covid-19 na vida das crianças e assegurar que a crise da pandemia não se transforme numa crise dos direitos da criança com incidência na província de Luanda”, sublinha o comunicado, destacando que devem continuar a ser assegurados os serviços como tratamentos da desnutrição para evitar um agravamento da situação de saúde.
A acção do UNICEF é financiada pela Direcção de Ajuda Humanitária e da Protecção Civil da Comissão Europeia (ECHO) e do Governo do Japão.
Em Janeiro de 2018, o mesmo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) precisava de quase 12 milhões de euros para apoiar as populações no sul de Angola, onde mais de 700 pessoas estavam sem acesso a água potável, devido à seca prolongada.
Ainda bem que a UNICEF sabe há muito anos (pelo menos desde 11 de Novembro de 1975) que Angola é um país pobre (é isso não é, presidente João Lourenço?) e que sem essas ajudas externas não será possível salvar muitos dos nossos cidadãos.
Aliás, no dia 30 de Janeiro de 2018 ficou a saber-se que o Governo previa gastar nesse ano 19.500 milhões de kwanzas (78 milhões de euros) com a aquisição, pelo Ministério da Defesa Nacional, de helicópteros, embarcações de patrulha, equipamentos de vigilância da costa.
Será, pensa-se, uma forma de diversificar a economia e diminuir o número de pobres, mais de 20 milhões. É isso não é, presidente João Lourenço?
Entre os investimentos orçamentados pelo Ministério da Defesa Nacional contava-se a aquisição e equipamento de transporte de seis helicópteros, por 12.159 milhões de kwanzas (48,5 milhões de euros), mas nada se dizia sobre os fornecedores. Como se sabe, a Defesa é prioritária para preservar a vida desses milhões de pobres que, apesar de tantos anos nessa situação, ainda não aprenderam a viver sem comer. Mas estão a fazer o que podem, presidente João Lourenço. Ou seja, vão morrendo do que o Governo chama da desnutrição mas que, em português corrente, se designa por… fome.
Some-se a aquisição de equipamento de vigilância marítima, por 4.231 milhões de kwanzas (17,3 milhões de euros), de embarcações de patrulha da costa, por 2.200 milhões de kwanzas (8,8 milhões de euros), e de radares e outras embarcações, por 1.000 milhões de kwanzas (quatro milhões de euros).
Outro dos grandes projectos do Ministério da Defesa Nacional em 2018 dizia respeito à construção e apetrechamento da Academia Naval de Porto Amboim – Kalunga, orçamentada em 1.500 milhões de kwanzas (seis milhões de euros).
De acordo com um relatório daquela agência das Nações Unidas, divulgado na altura, o sul de Angola enfrentava uma crise prolongada de malnutrição, decorrente dos “impactos combinados” da crise económica, da falta de chuva e da “deterioração da qualidade dos serviços básicos”.
O documento referoa que o acesso à água no sul de Angola “permanece limitado, com dois terços dos pontos de abastecimento não operacionais, nas áreas afectadas, e mais de 700.000 pessoas a precisarem de água potável”.
Além disso, e embora reconhecendo que a segurança alimentar melhorara, o mesmo relatório sublinhava que “os preços mais elevados restringem o acesso aos alimentos e aumentam o risco de malnutrição para milhares de crianças”.
“Muitas dessas crianças ainda estão a enfrentar os impactos do fenómeno do ‘El Niño’, que deixou 756.000 pessoas a precisarem de assistência alimentar”, lê-se.
A prolongada estiagem no sul de Angola afectava essencialmente as províncias do Cuando Cubango, Cunene, Huíla e Namibe.
Em articulação com o Governo angolano, o programa da UNICEF para 2018 pretendia apoiar até 275.000 crianças com menos de cinco anos que sofrem de malnutrição e 43.000 crianças com idades entre os 6 e os 59 meses em estado de malnutrição severa.
O plano de acção da UNICEF, para o qual necessitava de doações no valor de 14,6 milhões de dólares (11,7 milhões de euros), previa ainda acções para levar água potável a 125.000 pessoas e acções de sensibilização sobre cuidados de higiene a 470.000 pessoas, além da vacinação de 15.000 crianças.
Incluía igualmente o apoio aos milhares de refugiados da República Democrática do Congo, sobretudo mulheres e crianças, que permaneciam na província da Lunda Norte.
“É necessário um financiamento adequado e previsível para apoiar a resposta nacional, que inclui o tratamento da malnutrição severa, (…) a ampliação das intervenções de resposta à saúde, educação e protecção infantil e a assistência vitalícia às crianças e mulheres refugiadas”, apontava a UNICEF.
Folha 8 com Lusa