Propaganda política saprófita

Ainda não há muito tempo o Departamento de Informação e Propaganda do MPLA ficou muito nervoso porque classificamos como nojenta a atitude de Luísa Damião, que aproveitou o fuzilamento de uma zungueira, pela polícia do MPLA, para usar a situação deixando-se fotografar com familiares, dizendo que estava a dar carinho e solidariedade, como mãe e mulher do MPLA, aos familiares da vítima mortal.

Por José Filipe Rodrigues (*)

O que nos incomodou mais nesse parasitismo oportunista necrófilo foi o facto de Luísa Damião não ter a dignidade e um processamento mental inteligente, usando nesse acto carnavalesco saprófita a imagem de uma criança.

O Departamento de Informação e Propaganda do MPLA, representando o papel de prostituta virgem, acusou-nos de ofendermos a mulher angolana. Não é verdade, nós não pretendemos ofender ninguém só constatamos e classificámos o comportamento da Luísa Damião de NOJENTO. Nojento foi o comportamento, perceberam bem, cremos que não é necessário mais explicações, porque isso basta. Qualquer humilde e bem formada mulher angolana demonstra uma dignidade muito superior à de Luísa Damião, oportunista saprófita.

Esse tipo de comportamento de Luísa Damião voltou a repetir-se várias vezes, muitas vezes. O mais recente e chocante, com a cumplicidade dos órgãos de comunicação social do Estado, fiéis serventes do partido que iniciou a guerra civil em Angola e fuzilou dezenas de milhar de angolanos no 27 de Maio de 1977, numa violação da ética jornalística, deram cobertura a mais uma aberração leviana de Luísa Damião, demasiadamente estúpida, asquerosa, um autêntico atentado contra a dignidade das mulheres, em particular, e da sociedade em geral. (Lembramos que estamos a criticar a aberração comportamental.)

Luísa Damião foi fazer propaganda partidária numa cadeia de mulheres e o Jornal de Angola, para além de dar cobertura a essa estupidez, numa situação que viola os direitos humanos, em geral, e da mulher, em particular, desrespeitou a privacidade e a confidencialidade das reclusas publicando uma fotografia com as mulheres, pessoas, que cumprem penas de prisão. É necessário não ter os mínimos valores de inteligência, de humanidade e de urbanidade para se descer a um nível tão baixo, tão repugnante, tão escatológico.

A desculpa para disfarçar a propaganda política foi de que Luísa Damião foi prestar solidariedade às reclusas da cadeia de Viana. Quem pretende prestar solidariedade, com altruísmo, a reclusas fá-lo no anonimato, respeitando a privacidade, a confidencialidade e a dignidade dessas mulheres. Não necessita de levar, do Jornal de Angola do MPLA, um Agostinho Narciso, para fotografar, e uma Yara Simão, para escrever um texto laudatório sobre os comportamentos nojentos de Luísa Damião. (A Yara Simão até assina como jornalista mas, na realidade, ela desrespeita o que deve ser a deontologia jornalística ao aceitar ser uma servente de Luísa Damião.)

Luísa Damião disse que foi fazer a doação de bens alimentares e materiais diversos, para apoio à formação das reclusas da Cadeia de Viana. Os bens alimentares e materiais diversos, para apoio à formação das reclusas devem ser garantidos pelo Estado e não hipocritamente oferecidos por uma medíocre dirigente política, que é vice-presidente de um partido político sanguinário, corrupto e responsável pelo desvio de muitos milhões de dólares e euros dos angolanos, dos cofres do Estado.

Será este mais um caso em que se deve questionar onde foi o MPLA roubar o dinheiro para comprar os bens alimentares e os materiais diversos que Luísa Damião foi oferecer às reclusas em Viana? Quem decide praticar voluntariado honestamente e com altruísmo não necessita de propagandear o que faz e oferece. A solidariedade a reclusas deve ser proporcionada por psicólogas ou psicólogos e assistentes sociais, não por oportunistas hipócritas, licenciados em jornalismo de katinga, como é o caso de Luísa Damião.

Luísa Damião diz que é fundamental apostar cada vez mais na humanização? Então os governos nacional e provincial são desumanos porque estão a ignorar e abandonar mais de 500 famílias, com 840 crianças, que estão a dormir ao relento, depois de terem ardido as suas casas paupérrimas no Bairro do Povoado, no distrito urbano da Samba, no município de Luanda. Os governos provincial e nacional são desumanos porque ainda não resolveram o problema de todos os angolanos que perderam a habitação, devido às chuvas, em Luanda, Cuanza Norte, Benguela… Os governos nacional e provinciais são desumanos porque fingem que são cegos quando há muitos angolanos a alimentarem-se nas lixeiras municipais… Os governadores nacional e provinciais são incompetente e hipócritas porque há 2.300.000 de crianças fora do sistema escolar, por falta de escolas e de professores, enquanto o presidente do MPLA passa o tempo a bangar nas viagens faraónicas ao estrangeiro.

Nos países civilizados os oportunistas e parasitas saprófitas, como é o caso de Luísa Damião, vice-presidente do MPLA, são impedidos de entrar em cadeias, hospitais e instituições sociais para fazerem propaganda política, porque há ética e respeito pela dignidade humana. A mais triste verdade é que a campanha partidária de Luísa Damião acontece num país em que o ministro do Interior ameaça agredir os cidadãos nacionais com “rebuçados e chocolates”, o gangster-chefe da polícia ameaça as populações com mísseis intercontinentais e o ministro que deveria ser da Justiça e dos Direitos Humanos ocupa o tempo a oferecer certidões de óbito, completamente grátis, aos familiares dos angolanos que foram fuzilados pelo MPLA…

Se existisse maior justiça social em Angola, Luísa Damião não teria uma quantidade tão grande de perucas para tentar melhorar o visual durante as campanhas de propaganda política saprófita.

(*) Terapeuta em Pediatria (natural do Huambo e a residir nos EUA)

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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