O Governo Provincial de Luanda (GPL) vai contar com o apoio de construtoras portuguesas, entre outras, para a recolha gratuita das toneladas de lixo acumulado na capital de Angola, revelou fonte de uma das empresas. Fazem bem. Se, segundo o MPLA, os portugueses andaram a fazer lixo desde 1576 e o MPLA a fazer porcaria desde 1975…
A solicitação foi feita na semana passada durante uma reunião com o GPL onde estiveram presentes construtoras de vários países, incluindo portuguesas, chinesas e de outras nacionalidades, e teve acolhimento por parte das empresas que se mostraram disponíveis para colaborar, indicou a mesma fonte.
Os técnicos do GPL já definiram, em coordenação com as empresas, as áreas em que cada construtora vai actuar, devendo esta intervenção manter-se até à entrada em vigor dos novos contratos para recolha do lixo
Os resíduos acumulados ao longo dos últimos meses nas ruas, estradas e bairros de Luanda suscita receios dos munícipes quanto à saúde pública e têm provocado também restrições à circulação, que se agravaram com as chuvas torrenciais da semana passada
Na linha férrea do troço Bungo-Viana a grande quantidade de detritos depositados nos carris levou mesmo a direcção dos Caminhos-de-Ferro de Luanda a admitir suspender temporariamente a circulação de comboios.
Para controlar a situação, forças do exército, bem como cerca de 3.500 efectivos da polícia foram mobilizados para realizar trabalhos de limpeza ao longo do último fim-de-semana.
Em Dezembro de 2020, a governadora da província de Luanda, Joana Lina, anunciou a suspensão dos contratos com as empresas de gestão de resíduos por incapacidade de continuar a honrar os seus compromissos.
Em Fevereiro deste ano, o Presidente João Lourenço atribuiu 44 milhões de euros para a remoção do lixo em Luanda, que enfrenta desde a altura da suspensão dos contratos com as operadoras dificuldades de gestão para limpeza e recolha dos resíduos, verificando-se amontoados de lixo em todas as zonas da província, situação fortemente contestada pelos cidadãos.
A dívida com as empresas de recolha de lixo em Luanda ascendia aos 308 milhões de euros até Novembro do ano passado.
Para minimizar a situação actual, têm sido realizadas campanhas de limpeza pelos munícipes, sendo a queima do lixo amontoado ao longo das vias e dos bairros uma das soluções para contornar o cheiro e a quantidade de vermes. Há duas semanas, o GPL anunciou ter recebido propostas de 39 empresas para recolher resíduos sólidos na capital angolana.
Recorde-se que o secretariado do Bureau Político do MPLA, partido no poder há 45 anos, recomendou maior celeridade do MPLA (no Poder desde 11 de Novembro de 1975) na resolução do problema da recolha e tratamento de resíduos sólidos em Luanda, ou seja, do lixo.
De acordo com o comunicado final da IV reunião extraordinária, orientada pela vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, o assunto foi analisado de acordo com as ordens superiores, tendo os participantes tomado conhecimento das medidas em curso para a solução do problema que, como se sabe, foi posta em prática logo que o MPLA tomou conta do país, ou seja a qualquer coisa como… 45 anos. Coisa pouca para resolver tão candente problema.
Em declarações à agência Lusa, em Março de 2017, o director do Ambiente, Gestão de Resíduos Sólidos e Serviços Comunitários do Cacuaco, Martinho Jerónimo, esclareceu que as enormes quantidades de resíduos sólidos que se registavam no litoral do município surgiam pelo escoamento das valas de drenagem, que desaguam nas praias.
“São quatro valas de macro drenagem, que cortam o distrito sede vindo uma do município do Cazenga, outra do Sambizanga e duas dos distritos dos Munlevos e da sede, das quais os resíduos sólidos jogados nessas valas encaminham todo para a orla marítima do município. Porque o mar recebe com a força das águas da chuva e depois faz o processo de inversão”, explicou.
O regime do MPLA está constantemente com os tambores da falsidade aquecidos para, numa poluição sonora, de muito má qualidade, e que intriga a maioria dos angolanos, tentar branquear os 45 anos de uma política de má gestão económica e social, discriminação política, perseguição aos opositores e sociedade civil, não bajuladora e, mais grave, a lixeira de uma política irracional, que já não consegue sair dos monturos por si implantados.
Por mais que, depois de Eduardo dos Santos, João Lourenço tente sacudir o lixo para o quintal do vizinho, exonerando governadores e exarando em catadupa decretos e despachos, todos, absolutamente todos, os governantes por ele nomeados ficam em cima dos contentores, a analisar a lixeira do lixeiro que se segue.
Não é possível tentar enquadrar o tamanho do lixo que inunda Luanda, fora de uma prática incompetente do executivo, superiormente liderado pelo MPLA mas – como no resto – sem noção de gestão urbana e que cometeu ao longo destes anos erros crassos de gestão, afastando muitos técnicos, oriundos do período colonial, com forte conhecimento da gestão urbana da cidade e das formas para um saneamento eficaz e despartidarizado.
O maior mérito da política do MPLA tem sido a promoção de “jobs for the boys”, muitos dos quais verdadeiramente incompetentes, mas por serem bajuladores do “camarada presidente”, são nomeados, não para acabar com o lixo, mas para a sua verdadeira promoção.
Uma máxima que o MPLA tem perseguido ao longo dos anos é a de que o MPLA é o Povo e o Povo é o MPLA, mas face à incapacidade de não acertar numa política de limpeza e recolha do lixo das cidades, resolveu incentivar a sua produção em larga escala, para justificar a subida dos níveis de produção de 1973, ano de ouro da governação colonial portuguesa e que foi sempre um marco para ser superado pelo MPLA e desta forma legitimar a nova máxima: O MPLA é o lixo, o lixo é o MPLA.
O aumento do lixo, a incapacidade de pagarem às empresas dos próprios membros do MPLA, pois são os únicos autorizados, nesta empreitada demonstra que a discriminação só gera lixo, lixo que afinal o MPLA sente como um verdadeiro elemento imprescindível da sua gestão.
Se o anterior Presidente da República era avesso a um verdadeiro programa de gestão autónoma das cidades, principalmente no que se refere à capital, sendo confrangedora a falta de visão sobre o que pretende que seja a Luanda capital; a Luanda Metropolitana ou a Luanda Província, o actual (sendo um produto desse mesmo MPLA) segue-lhe os ensinamentos.
E numa altura em que o lixo é o que mais ordena, nada espanta que tudo seja uma verdadeira lixeira, ao ponto da política e da justiça serem hoje o seu expoente máximo.
Folha 8 com Lusa