Kiferro nunca aceitou ser da DISA

O país, ao longo do seu curto, mas tortuoso período de existência tem visto partir, injustamente, valorosos filhos, muitas vezes, por pensarem diferente, como ocorreu com Kiferro, primeiro ostracizado, por grande parte dos jovens da sua geração, tudo por não ter aceite integrar, até os últimos dias da sua vida, a tenebrosa DISA, a polícia de Estado secreta de António Agostinho Neto.

Por Fernando Vumby (*)

Como ex-preso político da PIDE/DGS, no ex-campo prisional de São Nicolau dizia: “Não lutei por Angola, na clandestinidade, para me transformar em ‘bufo’ dos camaradas iguais, como dizem ser a nova PIDE, agora transformada em DISA”. Esta sua convicção e verticalidade moral, foi-lhe fatal, pois “sucumbiu nas mãos de um ex-companheiro de campo, um carrasco tenebroso, um sanguinário da mais abjecta estirpe, que é o Carlos Jorge “Cajó”, segundo William Tonet.

Mas por causa disso, da forte e diabólica propaganda, afastaram-lhe de muitos amigos, sendo o que mais o comoveu; Manuelito Sambila que deixou de lhe falar, até pouco antes de também ter sido morto, pelo mesmo algoz, a quem “vendia informações”.

Com base nisso, a sua relação com o carrasco Carlos Jorge passou a ser como a de rato e gato, ao ponto de o seu ex-companheiro do campo prisional de São Nicolau o ter marcado, na intentona do 27 de Maio de 1977, para MORRER! “Como um ex-canoa (denominação dos presos de São Nicolau) se transformou num monstro que mandou para a morte centenas de companheiros, pela ganância de um poder, que agora o trata como um cão, porque os ‘bufos’ têm um prazo de validade curto”.

Kiferro tinha uma estrutura moral pura e de betão, que não se compadecia com actos de violência, por isso pessoa correcta, gentil, amada, respeitada e considerada, no bairro, como alguém que pensava mais no colectivo, do que em si.

Não indignava, por isso, aos seus próximos vê-lo ajudar muitas famílias que tinham abandonado as residências por serem militantes, dirigentes e simpatizantes da FNLA, que o (seu) MPLA já pintado de “canibais” semeava a fúria dos seus radicais e extremistas, para se “lançarem” contra os homens de Holden Roberto, que passaram a viver com os corações nas mãos, com medo do dia do fim.

Por resta razão, muitas famílias tiveram de fazer o caminho de retorno, à antiga República do Zaire, em busca de segurança e salvaguarda da vida, principalmente dos filhos menores, pois nessa “caça” ao homem do norte, valia tudo, para os expulsar de todas as localidades do país, através do derramamento de sangue.

Foi este seu coração de solidariedade, que mereceu de todos um reconhecimento de profundo humanismo, extensivo ao seu amigo Zeca Pinho e outros, que ajudaram a esconder e salvar muitas famílias angolanas do norte, ligadas a FNLA, conotadas como zairenses.

Foi este homem de carácter que, um outro homem, sem moral e vertebra, Carlos Jorge o assassinou, da forma mais ignóbil.

Mas na lista de assassinos do MPLA, na saga do 27 de Maio de 1977 destaca-se, também, pela negativa, e que continua vivo, Toni Laton, o homem assessor de Henrique dos Santos Onambwe, que matou os comandantes da ala de Neto para causar a comoção geral e acusar os nitistas de tão bárbaro acto.

Apesar de ter, à época, o cargo mais baixo, era dos mais consagrados na tortura e eliminação, de tal monta que não rejeitou matar camaradas da própria ala, como Bula, Saydi, dentre outros, a mando da estrutura da DISA.

E a barbárie deste homem e seus comparsas foi de tal monta que não se coibiu de escolher como local do crime, precisamente a casa de Kiferro, que na altura se encontrava ausente e não tinha noção do macabro feito, que deixou sangue por todas as paredes e chão dada as rajadas desferidas nos corpos das vítimas.

Ao chegar a casa, mais tarde e deparar-se com o cenário, incrédulo não quis acreditar, principalmente, ao ver o ex-ministro das Finanças, Saidy Mingas, com quem tinha relações excelentes, pois trabalhava no Banco Nacional de Angola, mas passou a ter a certeza que seria o próximo alvo. E assim foi.

A grande particularidade, quanto a Tony Laton é que para além de ter sido o executante dos comandantes da ala de Neto, nunca foi preso, julgado e continua a desfilar livre e impune pelas ruas de Luanda, tal como Onambwe, Carlos Jorge e outros algozes.

(*) Fórum Livre Opinião & Justiça

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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One Thought to “Kiferro nunca aceitou ser da DISA”

  1. Observador

    A verdade e uma :
    Agostinho Neto nao foi angolano de gema .Ele foi descendentes de pais GUINESES que se estabelecerem na regiao de Catete. No Portugal Ultramarino muitos GUINESES ,CABOVERDIANOS e SANTOLAS foram tranladados para angola e dai fixaram se muitos co.o assimilados.
    O Agostinho Neto foi um AUTOMATA do PARTIDO COMUNISTA PORTUGUES q esperavam fazer de angola como o IAN SMITH fez na RODESIA , O A Neto casou com mulher branca foi um caso raro e isto foi para segurarem a continuacao da ZNEOCOLONIZACAO em Angola que estes descendentes e sequelas do FASCISMO portugues esperavam , o mpla foi uma FARSA , usaram ignorancia de certos SARCOPTSES para completarem a sua missao , INTRIGUISMO . DIVIDIT PARA MELHOR REINAR ,USAR A MENTIRA , ESTA NAO E A ANGOLA ALMEJAFA . A.NETO FOI UM TRAIDOR .

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