“HÁ” MILITANTES (DA UNITA) QUE VÃO PEDIR AJUDA AO MPLA

A candidatura de Adalberto da Costa Júnior à presidência da UNITA já foi validada e o candidato pode iniciar a campanha a partir de 15 de Novembro, disse hoje a coordenadora da comissão de mandatos, Amélia Ernesto. Fica, como anteriormente, a “faltar” a validação pelo MPLA e pela sua sucursal, o Tribunal Constitucional.

Recorde-se que Adalberto da Costa Júnior (ACJ), eleito presidente da UNITA no XIII Congresso de 2019, foi afastado na sequência de uma decisão do Tribunal Constitucional, imposta pelo MPLA, que anulou o conclave e a direcção então eleita, sendo a presidência do partido assegurada agora pelo anterior dirigente, Isaías Samakuva.

E, em declarações à Lusa, Amélia Ernesto disse que o pré-candidato ACJ que concorre sozinho à liderança do partido no próximo Congresso, que se realizará entre 2 e 4 de Dezembro, é agora formalmente candidato e pode iniciar a campanha a partir de 15 de Novembro.

Adiantou ainda que não foram até agora apresentadas quaisquer reclamações ou contestações relacionadas com as candidaturas ao XIII Congresso. A fazer fé no que se passa no reino, a haver reclamações elas serão apresentadas junto de quem manda, o MPLA e não perante a UNITA.

Um outro cidadão, de nome Pedro Mulemba, manifestou a intenção de se candidatar, mas não chegou a formalizar a sua candidatura por não reunir os requisitos necessários. Fica a dúvida se Pedro Mulemba, ou outros militantes (ver “foto”), não terá recorrido ao MPLA para que este instrua o Tribunal Constitucional a decidir que Adalberto da Costa Júnior voltou a ser eleito de forma incorrecta, devendo – por isso – manter-se Isaías Samakuva na presidência daquela que o MPLA quer que seja uma sua sucursal – a UNITA.

A Comissão Organizadora do XIII Congresso da UNITA apresentou hoje um balanço das actividades realizadas nos últimos dias no âmbito dos preparativos do conclave.

Adalberto da Costa Júnior foi destituído na sequência do acórdão n.º 700/2021 do Tribunal Constitucional do MPLA, que deu razão a um grupo de supostos militantes da UNITA que se queixaram de irregularidades no congresso, entre as quais a dupla nacionalidade à data de apresentação da sua candidatura às eleições do XIII

A UNITA é agora dirigida por Isaías Samakuva, que liderou o partido do Galo Negro durante 16 anos e voltou a assumir o cargo por força da decisão judicial que afastou ACJ e impôs a direcção eleita no XII Congresso, realizado em 2015.

Recorde-se que João Lourenço, na sua qualidade de Presidente da República, afirmou no dia 25 de Outubro esperar que Isaías Samakuva tenha “vindo para ficar”, na cerimónia em que foi reempossado como conselheiro da República.

Isaías Samakuva foi obrigado pelo MPLA a regressar à liderança da UNITA até à eleição de um novo presidente que o MPLA aprove e que, servilmente, possa ser “líder” ideal para o maior partido da oposição que o MPLA (ainda) permite que exista em Angola. Formalmente, julgando o MPLA que somos todos matumbos, tudo isto aconteceu na sequência do acórdão do Tribunal Constitucional (sucursal do MPLA) que ditou a anulação do XIII Congresso do partido do “Galo Negro” e consequentemente a destituição de Adalberto da Costa Júnior, que tinha vencido no congresso a corrida à presidência do principal partido da oposição.

João Lourenço, que naquele dia deu posse a Isaías Samakuva como conselheiro da República numa cerimónia que antecedeu a reunião deste órgão decorativo/consultivo do Presidente angolano, destacou as qualidades do dirigente partidário que esteve à frente da UNITA durante 16 anos.

“Quis o destino que a pátria o chamasse pela segunda vez para desempenhar o mesmo papel, facto que não é comum, por essa razão gostaria de aproveitar esta oportunidade para felicitá-lo”, disse João Lourenço a Isaías Samakuva, destacando as “suas qualidades”.

“Foi durante algum tempo já nosso colega no Conselho da República porquanto sabemos o que esperamos de si. Enquanto mais uma vez conselheiro do Presidente da República, espero que desta vez venha para ficar”, acrescentou.

Num comunicado do secretariado executivo do seu Comité Permanente, a UNITA afirmou que competia a Samakuva “tomar posse e ocupar o assento reservado à UNITA no Conselho da República e exercer todas as competências reservadas ao cargo”, descartando “qualquer especulação à volta das competências do líder da UNITA”.

Entre as alegadas irregularidades consta a dupla nacionalidade de Adalberto da Costa Júnior à data de apresentação da sua candidatura às eleições do XIII Congresso. Se necessário, para uma segunda rodada de acusações, podem alegar que é mulato e natural do Huambo, que – ao contrário dos altos dirigentes o MPLA – não precisa de se descalçar para contar até 12, não tem o cérebro nos intestinos e nunca aceitará amputar a coluna vertebral.

O acórdão foi assinado por sete dos onze juízes conselheiros e não foi unânime, tendo votado vencida a juíza Josefa Neto.

Relembre-se igualmente que em Novembro de 2020, João Lourenço, nas vestes de Presidente da República, convocou o Isaías Samakuva, em detrimento do Presidente eleito da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, para abordar questões relativas a manifestação reprimida brutalmente pelo seu Executivo;

No princípio do ano corrente, João Lourenço, pela segunda vez, convidou Isaías Samakuva para participar na actividade da primeira-dama Ana Dias Lourenço, sua esposa, em detrimento do Presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior.

No dia 4 de Abril deste ano, João Lourenço convidou Isaías Samakuva, Miraldina Olga Jamba, Ernesto Mulato e José Samuel Chiwale, para participar do suposto almoço da paz, em detrimento de Adalberto da Costa Júnior, Presidente da UNITA.

Folha 8 com Lusa

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