O Consórcio Quantem foi o vencedor do concurso para a construção da refinaria do Soyo, província do Zaire, anunciou hoje o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás angolano.
Segundo o comunicado do ministério de Diamantino Pedro Azevedo, foram analisadas oito propostas tendo sido o consórcio Quantem o primeiro classificado, com uma pontuação de 31.5 pontos, seguido dos consórcios CMEC (30.9), Gemcorp (29.9) e Satarem (27.4).
O Quantem é constituído pelas empresas americanas TGT, Quantem, Aurum&Sharp e pela empresa de direito angolana Atis-Nebest, segundo um documento do ministério.
A Atis-Nebest foi criado em 2007 para atender às necessidades de técnicos especializados e serviços de suporte no competitivo mercado de Óleo e Gás em Angola. É uma empresa multinacional líder mundial em estratégia de talentos, oferece soluções inovadoras para a gestão de recursos humanos nas organizações: atracção, selecção e avaliação de todos os tipos de perfis; trabalho temporário; desenho e execução de projectos de treinamento e desenvolvimento; serviços de terceirização na área de RH, serviços e soluções de TI, gestão de carreira e consultoria.
Do CMEC fazem parte a chinesa China Machinery Engineering Corp e a DP Shaikh do xeque Hamad Bi Khalifa Bin Mohammad Al Naian, enquanto a Gemcorp baseada em Londres está associada ao russo Atanas Bostandjiev.
O Satarem é composto pelo grupo indiano Satarem e pela angolana Adisandra Oil Company.
Todos os concorrentes que obtiveram a pontuação mínima de 50%, equivalente a 25 pontos, estão elegíveis para negociações, por ordem de classificação, caso o Quantem não apresente os documentos e requisitos necessários para a execução do contrato de investimento num prazo razoável.
Os consórcios SDRC, CHC e Tobaka ficam fora desta possibilidade, por não terem a pontuação mínima, bem como o Jiangtsu, que foi desqualificado, por não ter submetido toda a documentação necessária.
O concurso para a construção de uma refinaria no Soyo, com capacidade para processar 100 mil barris de petróleo/dia, foi lançado no dia 20 de Outubro de 2019, tendo sido submetidas formalmente as propostas de nove consórcios constituídos por 17 empresas. Posteriormente, um dos consórcios decidiu retirar a sua proposta e integrou-se num outro grupo.
O processo de avaliação das propostas esteve suspenso entre 30 de Março e 9 de Junho de 2020, sendo os trabalhos retomados a 10 de Junho de 2020.
A “due dilligence” (diligência prévia) dos concorrentes decorreu entre os dias 28 de Setembro e 15 de Dezembro.
Após a avaliação preliminar das propostas, no dia 26 de Fevereiro, foi submetido um relatório preliminar aos concorrentes, que beneficiaram de cinco dias para contestar o mesmo, acrescenta o comunicado do Governo.
Na cerimónia, o secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso, que anunciou os resultados do concurso, sublinhou que o investidor deve ter idoneidade comprovada e condição jurídica ilesa, com capacidade técnica e financeira para implementar o projecto que engloba a projecção, o financiamento, a construção, ser proprietário e a operação da refinaria.
O responsável disse ainda que todas as propostas vêm com uma capacidade de refinar 100 mil barris de petróleo por dia, e que os seus produtos serão comercializados prioritariamente no mercado nacional, com a exportação do excedente.
De acordo com o secretário de Estado, o próximo passo é o início das negociações com o consórcio vencedor, previsto para o dia 29 do corrente mês, para posterior assinatura de contrato de investimento.
Testemunharam o acto, o ministro do sector Diamantino Azevedo, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Sebastião Pai Querido e representantes de empresas concorrentes, dentre outras individualidades.
Em Abril de 2018, o Governo destacou a parceria existente entre o Centro Integrado de Formação tecnológica (Cinfotec) e a empresa Atis-Nebest Angola, do ramo petrolífero, que visava permitir a expansão das acções de formação aos profissionais das petrolíferas.
As vantagens da expansão dos cursos foram apontadas pelo então ministro da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Jesus Maiato, durante abertura do workshop sobre “Tecnologia de Medição e Controlo dos Processos nas Instalações Petrolíferas”, realizado no Cinfotec Rangel, no âmbito da parceria existente entre as duas empresas.
O ministro disse que tanto o Cinfotec como os outros centros de formação possuem capacidades instaladas de tecnologia, necessitando, em algumas ocasiões, de parcerias consistentes e fortes, no sentido de permitir, de forma gradual, o processo de formação não só no ramo dos petróleos mas também na indústria.
Jesus Maiato disse que existe abertura para continuar com outras parcerias no sector que dirigia, no sentido de nos próximos anos Angola ter o manuseio e a manutenção de equipamentos de ponta que hoje, em certos casos, é preciso enviar para o estrangeiro como por exemplo para apertar uma válvula ou calibragem de uma máquina.
Reconheceu que a parceria é um passo importante no domínio da formação tecnológica para o sector petrolífero e recordou que para as qualificações e formações de especialização no sector petrolífero e até para o sector industrial, de um modo geral, recorria-se ao estrangeiro.
Recorrendo aos outros países, segundo o então ministro, criam-se dois tipos de situação negativa, primeiro um custo de formação elevado, porque primeiro tem que criar todas as condições necessárias para os seus quadros, por outro lado tem pouca oportunidade de formar em quantidade os técnicos que os sectores carecem.
O Cinfotec, instituição de formação profissional tecnológica, tutelada pelo Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, actua no sistema Nacional de Formação Profissional, no domínio das tecnologias aplicadas.
Ministra cursos de nível IV, tendo como modelo de funcionamento o relacionamento privilegiado com empresas e demais instituições públicas e privadas, do sector produtivo da indústria nacional, com as quais estabeleceu parcerias.
O Centro pretende ser um importante suporte para as empresas angolanas e estrangeiras alcançarem os mais altos níveis de actualização tecnológica e de qualificação dos seus recursos humanos.
Folha 8 com Lusa
Foto: António Escrivão/Angop