Enquanto a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, confirmou o terceiro caso positivo de Covid-19, o Presidente de Angola designou, como Folha 8 já noticiou, o general Pedro Sebastião para coordenar a comissão intersectorial de luta contra o novo coronavírus, Covid-19, e melhorar as condições de acolhimento no centro de quarentena de Calumbo, onde se verificaram “constrangimentos”. A coordenação adjunta será assegurada pela ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira.
A nota da Casa Civil do Presidente João Lourenço menciona a necessidade de garantir acolhimento e acomodação adequados “perante as circunstâncias excepcionais actuais”, assegurando que o executivo está empenhado neste processo “e tudo fará no sentido de salvaguardar a saúde pública e o bem maior, a vida de todos os angolanos”.
O centro de quarentena de Calumbo é um dos locais que recebe actualmente centenas de cidadãos provenientes do estrangeiro e que terão de ficar em isolamento durante 14 dias, para evitar a propagação da pandemia do Covid-19 provocada pelo novo coronavírus.
Angola fechou fronteiras aéreas, terrestres e marítimas à circulação de pessoas desde as 00:00 de 20 de Março, mas o Governo autorizou alguns voos para transportar cidadãos angolanos de regresso ao país e repatriar cidadãos estrangeiros.
Os passageiros dos voos que chegaram a Angola em 17 e 18 de Março puderam cumprir quarentena domiciliar, mas a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, informou no sábado que a quarentena passaria a ser exclusivamente institucional, no mesmo dia em que anunciou os primeiros dois casos positivos de infecção.
Passageiros que foram encaminhados para a quarentena partilharam testemunhos através das redes sociais, queixando-se de estar fechados num recinto com grades, das más condições de acomodação, com várias pessoas a partilhar o mesmo quarto, bem como de falta de comida e água.
Entretanto, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, já garantiu que a União Europeia (UE) está a acompanhar os desenvolvimentos do surto no continente africano e assegurou a solidariedade do bloco perante um “vírus sem fronteiras”.
“Assegurei aos meus homólogos mauritano e nigeriano a atenção que a UE está a prestar ao desenvolvimento da pandemia do Covid-19 em África”, escreveu o responsável na rede social Twitter. Segundo Charles Michel, “perante um vírus sem fronteiras, a acção só tem sentido se for coordenada, assim como a solidariedade só tem sentido se for global”.
O líder do Conselho Europeu conversou ontem com os Presidentes da Mauritânia, Mohamed Ould Ghazouani, e da Nigéria, Mahamadou Issoufou, dado o adiamento da conferência sobre o Sahel, que se iria realizar em Bruxelas esta semana, mas foi adiada devido à pandemia. “O Sahel é uma prioridade para a UE e não vamos desistir”, prometeu Charles Michel.
Vários Governos africanos proibiram concentrações públicas, encerraram escolas, igrejas, mesquitas e bares e também os seus aeroportos.
País mais populoso de África, a Nigéria anunciou um endurecimento das restrições aos seus cerca de 200 milhões de habitantes. Apenas eventos com participação de até 50 pessoas estão autorizados. O país também encerrou os aeroportos para voos provenientes do exterior por um mês, excepto aqueles considerados essenciais.
No Senegal, que tem quase 60 infecções confirmadas, o Governo disse que não mostrará “nenhuma tolerância” para com aqueles que forem encontrados a quebrar restrições postas em prática para combater a pandemia.
O Ruanda decidiu que todos os movimentos desnecessários fora de casa são proibidos durante duas semanas a partir deste domingo, excepto para serviços essenciais, tais como cuidados de saúde e compras. Todos os funcionários públicos e privados devem trabalhar de casa.
O Uganda também encerrou as fronteiras. A Etiópia vai colocar todos os passageiros que chegam em quarentena obrigatória a partir de hoje.
Já a Somália está a levantar a sua proibição de voos internacionais por dois dias para que os seus cidadãos possam voltar para casa. No Quénia, os funcionários de saúde desinfectaram os mercados cheios da capital, Nairobi.
África tem ficado atrás da curva global de infecções e mortes devido ao coronavírus, mas nos últimos dias tem visto um aumento significativo de casos.
O continente já reportou mais de 1.100 infecções, enquanto a Organização Mundial de Saúde manifesta preocupação com a falta de saneamento básico, aglomeração urbana e a falta de unidades de cuidados intensivos, equipamentos e pessoal treinado, o que poderia dificultar qualquer resposta.
Os números relativos a África são apenas uma fracção das mais de 300.000 infecções confirmadas em todo o mundo e dos mais de 13.000 mortos devido ao Covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 308 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 13.400 morreram.
Depois de surgir na China, em Dezembro de 2019, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.