Todos falam mas só ele decide

O Presidente do MPLA, da República e Titular do Poder Executivo, João Lourenço, reúne-se na sexta-feira com representantes da sociedade civil angolana para “trocar ideias” sobre o futuro, face ao impacto da Covid-19 sobre a economia angolana e a vida das famílias. Segundo uma nota da secretaria de imprensa vão estar presentes empresários, líderes religiosos, académicos, representantes da juventude e jornalistas.

Depois de dois meses de estado de emergência, Angola iniciou esta terça-feira uma fase diferente de excepção, a situação de calamidade pública, que se prolongará enquanto se mantiver o risco de propagação da pandemia do Covid-19, já que a pandemia da má governação, do nepotismo, da cleptocracia já se tornou património nacional do MPLA, sedimentada ao longo dos últimos 45 anos.

“Esta fase compreende um conjunto de medidas pensadas para garantir um melhor equilíbrio entre a estratégia sanitária de prevenção e combate da Covid-19 e a necessidade de relançar gradualmente a c económica e o regresso à normalidade da vida social”, sublinha a nota.

Para se aquilatar das reais capacidades do Governo basta ver, por exemplo, o comunicado Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA), ontem divulgado:

«É com profunda tristeza que o SINMEA tomou conhecimento da desvalorização da classe médica Angolana pelo Executivo, através da revelação do salário auferido pelos médicos cubanos…

Sua Excelência Sílvia Lutucuta, Ministra de Saúde, na conferência de imprensa do dia 25/5/2020 afirmou que em MÉDIA UM MÉDICO CUBANO AUFERE 5 MIL DÓLARES/MÊS!!! Quem diz em média, está a querer dizer que existem outros salários superiores que este!

Só que o jornalista infelizmente deveria fazer uma outra pergunta… Quanto ganha um médico angolano com as mesmas especialidades!?

Muitos médicos angolanos formados em Cuba nas mesmas universidades e até alguns foram colegas de sala dos médicos cubanos, estão neste momento há mais de 1 ano atrás do concurso público, através da realização de uma prova e obtiveram notas inferiores a 10 valores com eminência de não serem admitidos no sistema nacional de saúde!!!

Porquê não se faz o mesmo aos médicos cubanos!?

Eles chegam ao país ficam a rir do colega médico angolano que em cuba estudaram na mesma sala e aqui no seu próprio pais é desvalorizado!

O médico angolano quando é admitido na função pública, auferindo o salário mísero de 300 mil Kzs, sem residência, sem meio de transporte, as deslocações para o serviço são feitas de táxi, sem seguro de vida, sem condições de trabalho, etc., etc..

Afinal de contas o médico angolano é desvalorizado assim porque!? Perante o olhar silencioso do chefe do Executivo, Senhor Presidente João Lourenço!

O SINMEA condena a desvalorização da classe médica que está tornando moda no nosso país; basta olhar para os salários auferidos pelos agentes de AGT, Magistérios, Bancários, etc.!!!

Mas perante a pandemia do Covid-19 todos que auferem melhores salários, foram convidados a ficar em casa… Atribuindo apenas um lindo nome aos médicos, COMBATENTES DA LINHA DA FRENTE! Arriscamos as nossas vidas e das nossas famílias para salvar aqueles que não querem saber do nosso valioso e insubstituível papel na sociedade angolana.

Os médicos cubanos são bem vindos à nossa pátria, porque até ainda somos tão poucos… O SINMEA nunca esteve contra a vinda deles no nosso país.. Nós defendemos tratamento igual tal como somos iguais na formação!

O salário que é atribuído ao médico cubano, não é muito. Apenas o Executivo aqui, reconhece o verdadeiro salário que um médico deve auferir! Deveria ser o mesmo para o médico angolano.

O SINMEA apela a todos médicos angolanos totalmente lesados pela desvalorização que somos submetidos…que vamos reagir e tomar todas as decisões que estiverem ao nosso alcance para repor a legalidade..

Se for necessário, convocaremos num futuro próximo, uma assembleia para decidir uma paralisação das nossas actividades até que nos valorizem igual modo com os médicos expatriados!

Se tem para pagar aos expatriados, também deve ter para pagar ao médico genuíno!»

Folha 8 com Lusa

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