Angola prevê ter concluído em Novembro o Polo de Desenvolvimento Diamantífero de Saurimo, um investimento de 68 milhões de euros que está a ser construído na província da Lunda Sul, contando com quatro fábricas de lapidação de diamantes. Na ausência de racionalidade económica, o Governo anuncia o que já fora anunciado, acrescenta-lhe umas vírgulas e, assim, vende gato por lebre.
A estrutura foi aprovada pelo despacho presidencial nº36/19, de 25 de Março, foi apresentado hoje, em Luanda, numa cerimónia presidida pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás angolano. Em Dezembro de… 2018 já a SODIAM anunciava a construção, entre Fevereiro e Agosto de… 2019, de uma fábrica de corte e lapidação em Saurimo…
A infra-estrutura agora anunciada, que está a ser construída numa área de mais de 305 mil metros quadrados e cuja conclusão está prevista para Novembro próximo, deve reunir no espaço empresas relacionadas com a economia mineradora, com o foco na “cadeia de valor dos diamantes”.
Segundo as autoridades angolanas, o empreendimento, com uma execução física actual de quase 50%, deve congregar uma “infra-estrutura adequada e necessária para o fomento e a dinamização do desenvolvimento da actividade diamantífera”.
O polo, investimento da responsabilidade da Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola (SODIAM), que vai assegurar também a sua gestão, estará dividido em três áreas principais, nomeadamente a comercial, industrial e uma central híbrida.
Um centro de formação em avaliação e lapidação de diamantes, sob responsabilidade da SODIAM, e um outro especializado em geologia, estudos e projectos da Empresa Nacional de Diamantes de Angola serão instalados no polo.
A área industrial é composta por 26 lotes de diferentes dimensões destinados à implantação de fábricas e indústrias do ramo da mineração, onde empresas públicas e privadas que desenvolvem a actividade mineira “poderão concorrer para obtenção de espaços”.
De acordo com a SODIAM, entre os requisitos para a aquisição de espaços estão a prova da capacidade financeira e uma carta de intenção dirigida à empresa pública manifestado interesse.
A província da Lunda Sul, leste do país, é responsável pela produção anual de cerca de 90% dos diamantes brutos angolanos.
No dia 19 de Dezembro de 2018 a SODIAM anunciou a construção, “entre Fevereiro e Agosto de 2019”, de uma fábrica de corte e lapidação em Saurimo, na província da Lunda Sul. Segundo Neves Silva, administrador executivo da SODIAM, a nova fábrica terá, numa primeira fase, capacidade de processar 4.000 quilates de diamantes brutos por mês e a sua construção enquadra-se no plano estratégico da Sociedade de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam) 2018/22.
Falando aos jornalistas no final de um encontro entre a delegação da SODIAM e parceiros do projecto, Neves Silva referiu que as obras de construção decorrerão entre Fevereiro e Agosto do próximo 2019, contribuindo para geração de emprego entre os jovens.
Sem avançar quaisquer dados sobre os valores agregados na compra da matéria-prima, como diamantes brutos e outros, Neves Silva disse que a unidade terá a maior capacidade instalada no país e que está orçada em 10 milhões de dólares (8,7 milhões de euros).
O administrador executivo da SODIAM sublinhou que a existência da mina de Catoca, na região, influenciou a construção da fábrica na Lunda Sul, uma vez que foi já aprovada uma política de comercialização dos diamantes. Por outro lado, acrescentou, em termos de produção, a província representa 80% do volume e 70% em valor.
A par da construção da fábrica de corte e lapidação de diamantes, o responsável avançou que consta do mesmo projecto a criação de um Polo Industrial de Desenvolvimento numa área de cinco hectares, com a previsão de alargar o espaço, uma vez que a ideia base é ter um centro de formação, um hotel da Endiama e outros serviços integrados, como bancos e repartições fiscais da Autoridade Tributária.
O Polo Industrial, frisou, não teria apenas fábricas de lapidação, mas também outras indústrias agregadas à actividade diamantífera, uma vez que a ideia é ter um “cluster diamantífero” no projecto.
Explicou que a empreitada será feita em regime de parceria entre a SODIAM e as empresas chinesas CBRITEC e PERFECT WEALTH Ltd, e será erguida nas imediações da Sociedade Mineira de Catoca, atendendo à relação custo/benefício.
O administrador revelou que em termos de lapidação em Angola, a SODIAM processa cerca de 5% a 7% do volume da produção de diamantes e 500 mil quilates por ano.
Na ocasião, o governador provincial da Lunda Sul, Daniel Félix Neto, garantiu todo o apoio necessário para que o projecto atinja os resultados preconizados, indicando ter criado uma equipa técnica para trabalhar em colaboração com a SODIAM.
Daniel Neto considerou o projecto “um ganho” para a província, pois irá ajudar a colmatar a problemática do desemprego que se regista, sobretudo na camada jovem.
A SODIAM, empresa subsidiária da diamantífera estatal angolana Endiama, tem nos arredores de Luanda uma outra fábrica de lapidação de diamantes, a Angola Polishing Diamonds, reinaugurada a 3 de Fevereiro de 2015, onde são criadas as linhas de jóias de produção nacional.
Folha 8 com Lusa