Honra não permite fugir ao desafio e à provocação

Nos últimos dias temos sido confrontados com uma série de questionamentos e provocações, vindos de pessoas “politicamente maldosas”, com pitadas de gindungo de kaombo, acusando-nos de parcialidade, “pois nuns casos estás sempre a condenar o combate do Presidente da República, aos crimes de corrupção, a brilhante actuação da PGR, o desempenho do Tribunal Constitucional, as acções sociais da primeira-dama, Ana Dias Lourenço, o enfraquecimento do director do gabinete do presidente, Edeltrudes Costa, mas, noutros casos proteges o teu amigo Abel Chivukuvuku e os jovens arruaceiros, das manifestações”, atira a pedra o acusador que diz ser Custódio Tunga, analista político.

Por William Tonet

Haja fôlego para o chorrilho acusatório e o manto de inverdades, que porta, sendo, obviamente, dispensável a bolinha mágica para aferir a coluna vertebral bajulante do acusador, pelo acervo, em sentido contrário, na coluna e páginas do F8.

Tenho um compromisso com o jornalismo independente, quanto a necessidade contínua de escrutinar a actividade dos agentes públicos, dos politicamente expostos e do quanto informativo de interesse público, ocorre no horizonte.

A bisbilhotice a vida privada dos agentes públicos e não só, não peregrina a nossa mente, no que é, aliás, objecto do universo F8.

Mas vamos ao que a nossa visão diz respeito, iniciando com uma referência a uma pessoa querida, que abandonou a nossa piroga.

Maria Bartolomeu, companheira, co-sofredora do 27 de Maio de 1977, que nos deixou, no dia 26 de Outubro de 2020, merece a minha singela homenagem, neste até breve, por ter partido com dignidade, sem nunca se ter vergado, tão pouco, vendido a alma ao diabo, mesmo diante de todas as agruras, que a vida lhe reservou no pós 27 de Maio.

Foi uma mulher gigante. Uma brava guerreira. A sua imagem será incontornável. Sempre! Paz a sua alma…

E, nesta homenagem, não posso, por higiene intelectual, deixar de mencionar, Ana Dias Lourenço, pessoa que muito estimo e considero amiga e, hoje, apesar da ponte que nos separa, pelo seu papel como Primeira Dama da República, pelo discreto papel desempenhado ao ter conhecimento do passamento físico de Maria Bartolomeu.

E a estima aumentou ao saber, que sem holofotes, sem mobilizar, subrepticiamente, a comunicação social pública, emprestar solidariedade, sentimento, amor e carinho, exclusivamente, nas vestes de amiga, co-sofredora, numa importante contribuição, valiosa, por sinal, para ajudar na realização condigna do óbito e funeral de Maria Bartolomeu, que também, esteve nas fedorentas masmorras da DISA, em 1977.

Ela, a Ana Dias foi a mesma amiga, a mesma co-sofredora, pese ser, hoje, também, Lourenço e Primeira Dama…

A amizade nem sempre requer proximidade diária, mas a sentimental, a respeitosa e quem priva mais intimamente comigo sabe da admiração pessoal, que tenho, em relação a Ana Dias Lourenço. Podemos divergir em algumas situações, em respeito ao carácter de cada um, mas não posso estar de acordo contra uma campanha maliciosa, perversa e abjecta, que alguns energúmenos têm disseminado, covardemente, nas redes sociais, sobre a sua forma de ser e estar na vida.

A dimensão e a grandeza de carácter, como mulher, profissional, mãe, esposa e amiga, não passa despercebido, para quem com ela priva(ou), sem outro interesse que não o respeito e a amizade sincera.

Ana Dias, sempre foi fiel aos seus princípios, pelo menos transmite isso aos próximos e amigos. Não sei se por erro de cálculo, mas mesmo sem nos vermos, regularmente, pelas funções e responsabilidades de cada um de nós, sem o tapete da bajulação, proibida na minha veia, considero-a excelente ser humano, nos limites dos seus defeitos e virtudes.

Nutro, por ela, um verdadeiro respeito, principalmente pelo carácter, agora acrescido, depois de ver o seu comportamento, ao tomar conhecimento do passamento físico de Maria Bartolomeu.

Quem priva comigo, sabe o que penso e sempre pensei de Ana Dias, primeiro e Ana Dias Lourenço, depois, não esperando nunca que o inverso seja verdadeiro…

Mudemos de página.

1. O TRIBUNAL CONSTITUCIONAL é um órgão importante, no sistema judicial angolano, enquanto tribunal de especialidade, mas está a viver um período nebuloso, muito pela partidocracia implantada, no disco duro mental, de muitos dos seus actuais juízes, impedidos, por via disso, de trilhar o caminho do rigor, da cientificidade e da interpretação do processo constitucional, muito pelo facto de, caricatamente, não serem escrutinados juristas e juízes de elevado saber, prática e experiência jurídica ou académica, mas ideológica e, neste momento, agravado pelo facto de, ser, o único tribunal constitucional, no mundo, exceptuando, quiçá a Coreia do Norte e a Guiné Equatorial, sem nenhum juiz, especializado em Direito Constitucional… Daí a pobreza de muitos dos seus acórdãos.

2. CHIVUKUVUKU É considerado pelos seus correligionários, o primeiro dirigente “vitima da política do actual governo de João Lourenço, ao ser-lhe impedido, sem fundamentação, o direito da criação de partido político, pelo único crime de ser um potencial candidato presidencial. Colocaram primeiro a jurista Júlia Ferreira, sem experiência, como juíza dos tribunais comuns, nem professora universitária, como relatora do processo de legalização do PODEMOS JA e, como boa dirigente do MPLA, forjada nas fraudes da CNE (lembram-se da água, nos resultados eleitorais de 2017), que a catapultou a magistratura, chumbou o nosso projecto e, depois outra juíza, que também entrou para cumprir a agenda do MPLA, pois era directora do seu comité central, Victória Izata, sem experiência na magistratura e docência universitária, foi relatora do processo do PRA-JA Servir Angola, para injustamente o chumbar. Agora no recurso, para não fugir a estratégia de João Loureço é relator um comissário da Polícia Nacional do MPLA, Carlos Burity e acreditamos que a lógica vai ser a mesma, face ao temor de João Lourenço, em relação ao nosso líder”, disse Xavier Kalundundu.

Não carece que nos estendamos em mais comentários.

3. PGR. Até aqui, nenhum processo foi bem instruído, do ponto de vista jurídico, nos alegados crimes de corrupção, imputados a uma franja, selectivamente escolhida, para se hastear o pretenso combate, aos crimes contra a corrupção. A PGR elegeu a pirotecnia como modus operandi, divulgando os processos em segredos de justiça, através da comunicação social pública, numa clara humilhação e discriminação dos arguidos presos e, ou, com bens arrestados, ao arrepio da lei. É um quadro mais assustador do que o vivido na presidência de José Eduardo dos Santos, muito por falta de limites e que poderá legitimar, na mudança de governo, a abertura de processos contra o Estado, exigindo indemnizações, por prisão ilegal, julgamentos sem prova ou acordos, sob ameaça e coacção.

E, se em três anos o país definha pela implantação da conversão de uma política de terror e ditadura sem limites, seguramente, a história registará os responsáveis de alimentarem a violência, como único recurso para salvar o país de uma eventual hecatombe. Poucos, hoje, mesmo no seio do MPLA, acreditam ser João Lourenço, dentro da lógica actual, a solução para Angola, mas o problema, pelos fartos erros que comete.

4. EDELTRUDES COSTA é um membro do governo, acossado pelo ribombar da imprensa portuguesa, logo, um alvo a abater, principalmente, por ser um dos mais fieis delfins de João Lourenço, cujo consulado peca por não ter, uma imprensa palaciana eficaz e com tentáculos em vários órgãos e veículos de comunicação, salvo os bajuladores. Mais, o principio da descaracterização de membros do regime, que exerceram funções no executivo anterior, de José Eduardo dos Santos, em Lisboa, onde foram catalogados de “marimbondos” do MPLA, deu mote a esta acção da mídia.

Folha 8 tem uma opinião clara: notícia é notícia e não prescinde nunca de a difundir e fê-lo no seu devido tempo, pioneiramente, logo, não aceita ser caixa de ressonância de nenhum órgão estrangeiro, principalmente, quando dá nova roupagem a matérias e dossiers, antes publicados em órgãos angolanos.

Aos tribunais cabe apurar as denúncias e dar interpretação a uma prática do regime, que legitima a “acumulação primitiva do capital” exclusivamente, aos seus membros, que não tipificava como crime, terem empresas e fazer negócios, no seio do governo. Se dúvidas houvesse de práticas de ontem, basta observar, o hoje, com a OMATAPALO, do governador da Huíla, num verdadeiro peculato.

Como galinha não segue pato, F8 em respeito e homenagem a sua linha editorial, de órgão não dependente de nenhum outro poder, político, económico, religioso, cumpre o seu objecto, não seguindo ondas ocultas.

Conheço, não nego, Edeltrudes Costa, pessoa que, felizmente, nunca partilhou, comigo, cumplicidades de ilícitos, mais a mais, não sendo parte do seu staff. Nós temos memória e um compromisso com a verdade, em homenagem, também, a presunção de inocência. Por isso, desde o início manifestamos resistências as campanhas divisionistas e raivosas de Ana Gomes, agora candidata presidencial portuguesa e a defesa do hacker português Rui Pinto, ambos comprometidos no desemprego, na falência das empresas angolanas e na miséria da maioria dos autóctones.

5. MANIFESTAÇÕES eu apoiei a manifestação de 24.10.20.

Eu apoio as manifestações, enquanto instituto democrático, com consagração constitucional, sem violência, ante a indignação pelo permanente atentado. No entanto, sempre que houver agressão policial e musculação das tropas de defesa e segurança é legal a legitima defesa, pelo que as partes devem evitar o extremar de posições, para bem da democracia e consolidação do Estado de Direito. Por esta razão, condeno a violência física e verbal das autoridades, policial, presidencial e governadora, por nenhum ter tido elevação intelectual, num momento difícil, em que se exigia o emprestar de arejamento e apaziguamento mental, que o momento exige(ia).

6. UNITA. Apontar o dedo a UNITA e a Adalberto da Costa Júnior foi de uma insensatez, sem precedentes, denotando falta de liderança e higiene intelectual, pois os altos índices de fome, miséria e desemprego, não precisam de financiamento, nem agitação, para manifestar a sua indignação e saturação pela situação do país.

No burilado momento que o país atravessa o jornalista é parte activa, sendo impossível, não ver, os altos índices de desemprego, que nos últimos três anos, assola, como nunca antes, a coluna vertebral da camada juvenil, que ingenuamente, acreditou, após a promessa eleitoral de João Lourenço, em 2017, poder, em 2020, navegar nas canoas dos 500.000 (quinhentos mil) empregos…

7. FOME. A fome campeia, a miséria mora, a malária mata, todas às horas de todos os dias, logo é um dever de cidadania, a denúncia.

Na mesma senda a inexistência de uma Educação Pública, como âncora do desenvolvimento, bem como do Sistema Nacional de Saúde Pública é, não só vergonhoso, como criminoso, ao ser mantido no mastro, numa espécie de crime continuado, desde 1975, por manifesta incompetência e má-gestão governativa, cujo mérito foi o de destruir o que existia de bom, herdado do tempo colonial.

8. PANDEMIA. Hoje se há um potencial responsável pela propagação da pandemia do COVID – 19, não é o cidadão pobre, desempregado, habitante dos musseques e “morrões”, mas a crónica incompetência de um Executivo, incapaz de fornecer, uma das principais vacinas; a água!

Angola e os angolanos com uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, só se podem queixar de si mesmos, por manterem, voluntária ou involuntariamente, um regime best seller, na má gestão, discriminação e disseminação de uma continuada campanha de raiva e ódio.

Foto: William Tonet, o único Jornalista a fazer a cobertura da guerra dos 55 dias, no Huambo, em 1993.

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