PS (traz… parente) reforça aposta na Lusofonia

O Governo socialista português (conhecido por ser o mais “traz…parente” de sempre) tem como objectivo um crescimento anual de 3% das exportações para os países lusófonos, em seis ou sete anos, disse à Lusa o secretário de Estado português da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.

Eurico Brilhante Dias referiu que para cumprir a meta estabelecida pelo executivo de as exportações nacionais atingirem um peso de 50% no Produto Interno Bruto português em meados da próxima década, seria “útil que a presença nos mercados lusófonos, quer em África, quer, em particular, no Brasil, pudesse crescer mais do que crescem as exportações” nacionais no seu conjunto.

“O que quer dizer que deveríamos fazer crescer ao ano, em termos reais, pelo menos em 3% as nossas exportações para os mercados lusófonos”, referiu Eurico Brilhante Dias.

Segundo o governante do PS, o peso actual das exportações portuguesas para os países lusófonos não excede os 4 a 4,5% do bolo total das vendas de Portugal ao estrangeiro: “Isto significa que as exportações para os países lusófonos representam hoje 2 a 2,5% do PIB português”.

Atingindo um crescimento ao ano de 3% das exportações para os países lusófonos, nos próximos seis a sete anos, tratar-se-ia de “um valor acumulado muito significativo – que faria crescer as exportações até 2025 – aproximadamente entre 20% a 22% da base que tem hoje”, considerou.

“Este crescimento era muito relevante, porque são dois crescimentos cumulativos: as exportações a crescer mais do que a média da economia e depois as exportações para os países lusófonos a crescerem mais do que as exportações, no seu conjunto”, referiu o secretário de Estado. Para Brilhante Dias este é um cenário “possível e que tem um chão sólido”.

Entre os lusófonos, o primeiro mercado ainda continua a ser Angola, com um peso de 2,5%, “embora este país já tenha registado antes um peso mais expressivo” no bolo das exportações nacionais, logo seguido do Brasil, com cerca de 1%.

Quanto a São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau, são mercados de dimensão pequena, mas onde Portugal tem muita importância.

Considerando que “os mercados lusófonos também são cruciais para a diversificação” da economia portuguesa, o secretário de Estado admitiu, porém, que o peso relativo de alguns destes países nas exportações portuguesas depende muito, apesar de todo o esforço de diversificação das economias, do peso das matérias-primas energéticas.

“No caso de Angola isso é uma evidência, no caso Brasil também”, apontou. Em São Tomé e Príncipe isso também pode ser uma possibilidade e em Moçambique será também uma evidência com a exploração de gás na Bacia do Rovuma, considerou.

Em Angola, referiu, Portugal tem hoje aproximadamente 60%, ou seja, “praticamente metade” dos exportadores que tinha em 2008 e 2009, mas acredita que é possível melhorar.

O Governo português tem agora “a expectativa de criar as condições com o Governo angolano, também no seu propósito de diversificação da economia angolana, para que a presença de Portugal e de empresas portuguesas com investimento directo em Angola, mas também com exportações de bens e equipamentos fundamentais para a diversificação da economia angolana possa permitir aumentar as exportações para Angola”, acrescentou.

Brilhante Dias defendeu ainda que o relacionamento com os países lusófonos não deve ser focado “nos elementos conjunturais e contextuais”.

O relacionamento com Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, como se tem visto neste momento de aperto na cidade da Beira, em Moçambique, na sequência do ciclone Idai, com a Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste “não é um relacionamento de conjuntura, contexto ou oportunidade. É um relacionamento de sempre, que vem do passado, é no presente e continuará seguramente no futuro”, concluiu.

“Porque a presença de empresas portuguesas é algo que está muito enraizado” nestes países, acrescentou.

No 1º trimestre de 2018, as exportações portuguesas de mercadorias para Angola registaram um valor aproximado de 348,7 milhões de euros, o que correspondeu a uma quebra de cerca de 22,4% relativamente a igual período de 2017, quando este indicador atingiu 449,1 milhões. O peso das exportações para Angola no total das exportações portuguesas extracomunitárias caiu, assim, de 12,7%, em 2017, para 10,6%, em 2018.

A estrutura dos principais grupos de mercadorias exportados para o mercado angolano mantém-se inalterada: no topo, as máquinas e aparelhos (82,2 milhões de euros), seguidas dos produtos agrícolas (64,3 milhões) e dos produtos químicos (37,586 milhões), embora estes últimos registem, face aos produtos agrícolas, apenas mais 104 mil euros (37,483 milhões). Os três principais grupos de produtos de mercadorias importados por Angola com origem em Portugal representam 52,8% do total das exportações portuguesas para o mercado angolano.

Já as importações portuguesas de bens com origem em Angola sofreram um aumento de quase 100% (99,93%) entre Janeiro e Março de 2018 em comparação com o período homólogo do ano anterior: passaram de 62,5 milhões de euros, em 2017, para 124,9 milhões, em 2018. A representatividade das importações oriundas de Angola no total das importações portuguesas extracomunitárias passou de 1,6%, em 2017, para 3%, em 2018.

Não obstante a maior parte das exportações angolanas para Portugal continue a assentar no petróleo (94,8% do total), este tem vindo a diminuir a sua importância nas exportações angolanas destinadas a Portugal (97,2%, em 2016, e 88,9%, no 3º trimestre de 2017), em contraciclo com as máquinas e aparelhos (2,222 milhões de euros), os produtos agrícolas (2,146 milhões, ou seja, apenas menos 76 mil euros do que as máquinas e aparelhos) e os produtos alimentares (658 mil), que têm vindo a aumentar o seu peso. Os principais grupos de produtos importados por Portugal com origem em Angola representam 98,3% do total das compras do primeiro à segunda.

Nesse período, e pese embora não haja dados quanto à posição de Portugal como fornecedor de mercadorias a Angola (foi o 2º maior fornecedor, em 2017), Angola manteve-se como segundo maior destino das exportações portuguesas extracomunitárias (a seguir aos EUA) mas baixou para 9º maior destino das exportações portuguesas totais.

Agora sim, com a vitória em toda alinha de João Lourenço, que deu continuidade à estratégia “bélica” iniciada por José Eduardo dos Santos, Portugal conseguiu a carta de alforria e poderá (enquanto se portar bem…) voltar a Angola com armas e bagagens.

Folha 8 com Lusa

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