O ministro das Relações Exteriores angolano defendeu antes da cimeira da União Africana, em Addis Abeba, que é necessário “atacar as causas” do fenómeno dos refugiados e deslocados internos, tema central da cimeira da União Africana (UA), bem como encontrar meios para atenuar as consequências do “flagelo”.
Por Osvaldo Franque Buela (*)
E depois acrescentou que “deveremos continuar a lutar também para eliminar as causas, como a pobreza, a má distribuição da renda, as desigualdades em cada um dos nossos países, catástrofes naturais e a falta de políticas de Estado inclusivas”.
Para o caso de Angola em geral e de Cabinda em particular, o ministro Manuel Augusto deveria levar em consideração o que seu governo diagnosticou em Cabinda na reunião do Conselho Económico do Governo no território onde o presidente João Lourenço prometeu fazer de Cabinda um bom lugar para viver.
Durante esta reunião da Comissão económica do governo que teve lugar em Cabinda depois da tomada de posse do Presidente Lourenço, o recém nomeado governador de Cabinda indexou as principais causas da pobreza e falta de meios flagrantes de funcionamento normal de estruturas básicas como hospitais, desemprego massivo de jovens e a pobreza extrema que o MPLA conseguiu introduzir em todos as camadas da sociedade, que vai desde o empobrecimento da dita classe de empresários locais e o empobrecimento agudo daqueles populares que já eram pobres, para a passagem a pobreza extrema.
As causas Sr. Ministro? São conhecidas e é inútil ir longe procurá-las, por exemplo em Cabinda, é a notória incompetência de todos os governadores que o MPLA envia para o território, seguida da falta vontade e coragem política para resolver pacificamente o conflito territorial que se vive em Cabinda desde 1975.
Uma das soluções, apontou Manuel Augusto, que representa na Cimeira da UA o Presidente angolano, João Lourenço, passa por melhorar o nível de vida dos cidadãos dos países africanos, através do desenvolvimento de programas económicos que criem empregos para a juventude.
Mas o que isso significa na prática, Sr. Ministro? A criação de empregos requer uma igualdade de chance nos concursos de admissão em diferentes sectores da economia, igualdade de acesso no sistema educacional, o direito à saúde para todos, o direito dos jovens de exercerem a sua cidadania nos seus países, a cessação da caça ao homem, como é o caso actualmente em Cabinda, onde os jovens de Cabinda são detidos sem razões e são forçados a fugir para encontrar refúgio em Luanda ou nos dois Congo.
A cimeira da União Africana, escolhida pelo ministro para ir defender este ponto de vista está longe de ser uma instituição credível aos olhos dos jovens africanos que já não acreditam no que aparece agora como um sindicato de chefes de Estado em mal de legitimidade, uma instituição que já não faz sonhar a juventude africana que precisa de esperança para realizar seus sonhos.
Apesar dos passos já dados, Manuel Augusto reconheceu que, nos últimos anos, “houve muitos acontecimentos bons e outros negativos”, como as guerras, as endemias e as crises humanitárias, “que tiveram um impacto no trabalho da organização”. E esqueceu-se de mencionar que nestes últimos dias, que a mesma União Africana envergonhou toda a África, quando a sua falta de coesão durante o processo eleitoral na RDC, hoje todos estão agora em sintonia com Felix Tchissekedi, sem poder trazer uma solução consensual na proclamação final dos resultados na disputa eleitoral dos dois adversários
A 32ª Cimeira, sob o lema “Ano dos Refugiados, Retornados e Deslocados Internos: Soluções Duráveis para o Deslocamento Forçado em África”, é presidida pelo Presidente do Egipto, Abdel Fattah Al-Sisi, que assume a presidência rotativa da organização.
A cimeira abordará também a questão do combate ao terrorismo e ao extremismo violento em África.
Mas pessoalmente continuo a acreditar que a juventude africana continuará a viver sem a esperança de um futuro melhor, se a União Africana não redobrar os seus esforços para combater o terrorismo de estado, que se tornou uma arma poderosa nas mãos de chefes de estado africanos contra seus próprios jovens.
A boa governação e a democracia participativa e cidadã, continuara a ser a melhor solução para reter a juventude africana em casa.
(*) Chefe do Gabinete da Presidência da FLEC
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