O ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Domingos Augusto, lamentou hoje (tal como ontem já tinha feito a UNITA), com “profunda consternação”, a morte de Freitas do Amaral, sublinhando o seu “enorme e indelével contributo à luta pela libertação dos povos africanos de língua portuguesa”.
Numa nota de pesar em nome do povo e do Governo de Angola e em seu nome pessoal, enviada ao ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, o ministro angolano considerou que a morte de Freitas do Amaral, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa, “constitui uma perda irreparável para Portugal e o mundo de falantes da língua de Luís de Camões”.
“Com o seu talento, trabalho e capacidade de diálogo conseguiu vencer os desafios, e conquistar uma brilhante carreira política e académica que lhe permitiu granjear reconhecimento internacional”, realçou.
Domingos Augusto descreveu Freitas do Amaral como um “homem de fortes convicções, político de reconhecido mérito e um dos fundadores da democracia portuguesa do pós-25 de Abril”.
“Destaco no Professor Doutor Diogo Freitas do Amaral, entre outros, o seu enorme e indelével contributo à luta pela libertação dos povos africanos de língua portuguesa, e o incessante desejo de ver melhoradas as relações de amizade e de cooperação entre Angola e Portugal para bem dos nossos povos”, acrescentou.
Em Outubro de 2005, como ministro dos Negócios Estrangeiros português, Diogo Freitas do Amaral, considerou que as relações entre Portugal e Angola estavam “no bom caminho”, mas frisou que as autoridades portuguesas pretendiam desenvolvê-las ainda mais.
“A nossa intenção é melhorar o mais possível as relações entre Portugal e Angola em todos os campos. Não temos nenhuma reserva, nenhuma dúvida, estamos completamente abertos a uma melhoria geral em todos os sectores e sabemos ser essa também a posição do governo angolano”, afirmou Freitas do Amaral, numa entrevista ao Jornal de Angola.
Para o então chefe da diplomacia portuguesa no Governo de José Sócrates, as relações bilaterais estavam “no bom caminho” e têm “avançado bastante”, nomeadamente no plano económico, em que “progrediram muito”. Entre outros exemplos, referiu as cerca de 7.000 empresas portuguesas que na altura tinham negócios com Angola e o facto de Portugal representar 25 por cento do investimento directo estrangeiro em Angola, salientando ainda que Angola é o único país africano entre os dez principais clientes de Portugal.
“Queremos mais”, frisou Freitas do Amaral, acrescentando que “Portugal vai fazer um esforço para exportar mais para Angola e para importar mais de Angola, como vai fazer um esforço para investir mais em Angola e está aberto a mais investimento angolano em Portugal”.
Na entrevista que concedeu ao então único diário angolano, o ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu também a necessidade da comunidade internacional ajudar o desenvolvimento de Angola, assegurando todo o apoio de Portugal.
“Portugal estará sempre ao lado de Angola na proposta por conferências internacionais de países mais ricos que se disponham a ajudar Angola no seu desenvolvimento, disso não pode haver dúvidas”, assegurou Freitas do Amaral.
“É preciso haver ajuda internacional a Angola e Portugal estará sempre na linha da frente, insistindo para que essa ajuda se concretize”, acrescentou.
O chefe da diplomacia portuguesa escusou-se, no entanto, a assumir um compromisso quanto à forma como poderá ser organizada essa ajuda internacional. “Se é sob a forma de doação, sob a forma de investimento ou sob outras formas possíveis, isso serão matérias a discutir”, afirmou.
Para Freitas do Amaral, “Angola é um país ainda com muitos problemas de desenvolvimento, embora com muitas potencialidades”.
“Um país que esteve mais de 30 anos em guerra tem as maiores dificuldades em se lançar num processo sustentado e acelerado de desenvolvimento”, referiu.
Folha 8 com Lusa