E ele comanda o mundo

A Eni publicou a 18ª edição do World Oil, Gas and Renewables Review, um relatório anual de estatísticas sobre petróleo, gás natural e fontes de energia renovável. O World Oil Review, primeiro volume do relatório, é dedicado às reservas de petróleo, fornecimento, demanda, comércio e preços, com foco particular na qualidade do crude e na indústria de refinação.

O segundo volume, que tem foco no gás natural e nas fontes renováveis (solar, eólica e biocombustíveis), vai ser publicado no Outono.

Em 2018, as reservas de petróleo registaram um ligeiro aumento (+0.4%), maioritariamente devido ao crescimento nos EUA. Os valores aumentaram também no Brasil e na Noruega. A OPEP desacelerou, em particular na redução do Iraque, mesmo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo a confirmar a sua predominância com 73% da quota total mundial. A Venezuela ocupa a primeira posição, seguida da Arábia Saudita e do Canadá.

2018 registou um crescimento global na produção de petróleo de 2.5 Mb/d, 88% devidos aos EUA, que alcançou um novo recorde, consolidando a primeira posição no ranking dos produtores mundiais. Os EUA entraram também para o comércio internacional de crude, duplicando os volumes de exportação e entrando para a classificação top dez.

Houve uma importante recuperação para o Canadá, que excedeu o limite de 5 Mb/d e um recorde também para a Rússia, que acelerou na segunda metade do ano. Houve no entanto crescimento zero para a OPEP, que apesar dos aumentos nos países do Golfo (especialmente a Arábia Saudita), sofreu perdas devido às sanções impostas ao Irão (-0.2 Mb/d) e ao colapso da Venezuela (-0.6 Mb/d).

O novo recorde de produção de “tight oil” continuou a aumentar a quota de crudes “sweet light”, que subiram para acima dos 20% mundialmente. Apenas o “light crude” Americano WTI, cobre 60% do crescimento global. O colapso da Venezuela e do México e a retracção do Irão prevaleceram sob os aumentos na Arábia Saudita e no Iraque, reduzindo o peso do crude “medium sour” pela primeira vez abaixo dos 40%, com impactos nos diferenciais de preço e na refinação.

No balanço regional de petróleo de 2018, é anulado pela primeira vez o défice das Américas, o qual tinha chegado a exceder os 5 Mb/d na última década. O surto na produção dos EUA e o crescimento no Canadá superaram a demanda doméstica, originando um acentuado declínio da dependência do petróleo norte-americano.

O excedente no Médio Oriente está ligeiramente elevado devido aos aumentos do final do ano dos grandes produtores (Arábia Saudita, Iraque e UAE). A dependência de petróleo na Ásia/Pacífico continua a aumentar, posicionando-se em primeiro lugar em termos de défice.

A procura global de petróleo cresceu por volta dos 1.4%, valor ligeiramente inferior ao de 2017 (+1.6%), num contexto de aumento de preços do petróleo. O aumento situa-se ligeiramente abaixo da média quinquenal de 1.7% registada em 2013-2017. Pelo quarto ano consecutivo, a OCDE deu apoio positivo ao crescimento global, mantendo-se a não-OCDE com a quota dominante, contando com 69% do crescimento global.

A Ásia continua a liderar o crescimento global da capacidade de refinação com 77% dos 1Mb/d de aumento vs 2017. Em África, um corte ligeiro reduziu a capacidade em cerca de 0.3 Mb/d.

A aliança OPEP e não-OPEP e o crescimento sustentável do consumo deram origem a um aumento de 30% no preço do ICE Brent (72 $/b), quando comparado a 2017 (55 $/b). Na primeira parte do ano, a elevada disciplina OPEP e o anúncio das sanções dos EUA contra o Iraque deram suporte a um aumento da curva do preço. O ano finalizou com um declínio acentuado devido aos aumentos de produção na Arábia Saudita e na Rússia, em excesso das perdas geopolíticas e devido a receios crescentes de um abrandamento em termos de crescimento económico.

Em síntese:

Em 2018, as reservas de petróleo registaram um ligeiro aumento (+0.4%). O crescimento concentrou-se nos EUA, mitigado pela redução em alguns países OPEP;

A produção de petróleo mundial registou um crescimento global de 2.5 Mb/d, dos quais 88% devidos aos EUA;

A quebra de produção na Venezuela e no México bem como o abrandamento no Irão, devido às sanções dos EUA, penalizaram os crudes médios-pesados, enquanto que o crescimento do “tight oil” americano aumentou a quota de crudes “sweet light”, com um aligeiramento adicional dos barris produzidos;

O balanço regional do crude demonstrou pela primeira vez o desaparecimento do défice nas Américas, devido à larga redução no défice norte-americano, o que balanceou o excedente na América Central e Sul. O Médio Oriente permanece a área com o maior excedente, e a Ásia/Pacífico a região com o défice mais profundo;

A demanda mundial de petróleo cresceu cerca de 1.4%, um valor ligeiramente inferior a 2017 (+1.6%), num contexto de aumento de preços do petróleo;

A Ásia manteve a liderança do crescimento global de capacidade de refinação com 77% do aumento de 1 Mb/d vs 2017;
A aliança OPEP e não-OPEP, e o crescimento sustentável do consumo, levaram a um aumento de 30% no preço do ICE Brent (72 $/b) quando comparado a 2017 (55 $/b).

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