D. António Jaca “defende” direito popular à revolta

O Bispo da Diocese de Benguela, Dom António Jaca, apelou hoje, no Caxito, província do Bengo, à moralização da sociedade, evitando práticas como, roubo, corrupção e ao esbanjamento do erário público. Pelos “ingrediente” o prelado estava a referir-se ao prato que nos tem sido servido nos últimos 44 anos pelo MPLA.

O prelado católico falava na homilia que marcou o encerramento da 12ª peregrinação ao Santuário de Santa Ana do Caxito, que decorreu sob o lema “Com Santa Ana, celebremos todos a Fé”.

Dom Jaca, que é também administrador apostólico da Diocese de Caxito, sublinhou que as pessoas devem trabalhar pela justiça para acabar com a miséria, porque Deus não gosta de ver os seus filhos na miséria, oprimidos e escravizados.

Filhos na miséria, oprimidos e escravizados? Nem mais. Exactamente o que os angolanos tão bem conhecem desde 1975, sempre sob as ordens do MPLA.

A solene celebração eucarística da 12ª peregrinação ao Santuário de Santa Ana foi marcada igualmente com a ordenação do diácono Cláudio Eduardo Cassemo, pelo bispo dom António Jaca, bem como a transladação da imagem da Santa Ana para o Santuário.

Na homilia participaram mais de 16 mil peregrinos provenientes de Luanda, bem como de outras regiões do país e da diáspora, incluindo algumas individualidades do aparelho do Estado e do Governo (terão ouvido a referência aos filhos na miséria, oprimidos e escravizados?) deslocaram-se à cidade de Caxito para celebrar os 134 anos do santuário da Santa Ana.

O santuário, construído em 1885 (não pelo MPLA… presume-se), é um dos locais de eleição de devotos, repositório das preces de todos quanto recorrem às benesses da Santa Ana, principalmente para o alcance de bênção relacionada com a maternidade ou o recurso à sua atenção maternal.

Recorde-se que o bispo de Benguela, António Jaca, disse no dia 28 de Abril de 2018 que em África continuam a falhar princípios como a defesa da dignidade humana ou a promoção do bem comum, considerando que o silêncio sobre estas questões é um dos problemas do continente.

“Estamos nas instâncias de governação, vivemos nos nossos países essas necessidades e quando observamos situações que não correspondem a estes valores não podemos ser indiferentes porque calar-se numa situação de injustiça significa comprometer-se com a injustiça. Um dos males que temos no nosso continente é ficarmos calados, não dizermos nada, não nos comprometermos com a justiça, com o bem comum, com as causas sociais e continuamos sempre a atirar a culpa para os outros”, disse António Jaca.

O bispo de Benguela falava durante uma conferência sobre “Os desafios da Igreja à Sociedade” no âmbito do 13º Encontro de Bispos Lusófonos, que decorreu na cidade da Praia, em Cabo Verde.

“Culpas da guerra, culpas do partido único. É verdade que a situação era de instabilidade, mas hoje temos condições suficientes para sermos os que determinam o futuro dos nossos países”, considerou.

Para o bispo de Benguela, em África, nomeadamente nos países de língua oficial portuguesa, a “dignidade da pessoa humana não era e, em muitos casos, continua a não ser respeitada”.

“Por isso tivemos partidos únicos, ditaduras, guerras fratricidas, tivemos dificuldades com o multipartidarismo, em nos entender uns aos outros e continuamos, de uma ou outra maneira, a não conseguir por em prática este princípio fundamental do respeito pela dignidade humana”, reforçou.

Por isso, entende o bispo, a análise do desempenho dos países africanos – líderes, sociedade e Igreja Católica – “não é a melhor”.

“Viajando por vários países de África encontramos sempre os mesmos problemas. De desenvolvimento, de saúde, educação, circulação de pessoas e bens”, disse, ressalvando pela positiva o exemplo de Cabo Verde.

“Nos outros países ainda há muito a fazer. Temos um conjunto de situações que apelam a sermos factores de transformação”, disse.

António Jaca encontra igualmente falhas na promoção do bem comum, apontando a concentração da riqueza num pequeno grupo como exemplo.

“O bolo, se fosse bem dividido, chegaria para todos, mas sabemos que um pequeno grupo tem três quartos do bolo e o resto vai-se contentando e se tiver um quarto já é muito”, disse, alertando para a importância do respeito pelo património da nação e pelo erário público.

“Em Angola, as notícias correm nestes dias sobre o desvio de 500 milhões de dólares que saíram para a conta de qualquer um. É o bem comum, da nação, que é de todos e que deve beneficiar a todos. Quando pomos em prática o respeito por estes princípios, acabamos com a desigualdade e as injustiças”, sublinhou.

Também presentes na conferência, o cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e o arcebispo de Brasília, Sérgio Rocha, sublinharam, de forma mais lata, a importância do respeito pelos princípios fundamentais da doutrina social da Igreja – dignidade da pessoa humana, promoção do bem comum, auxílio e solidariedade.

“É neste conjunto de valores que a Igreja está na sociedade e pede à sociedade que respeite e é isto mesmo que fazem com que a sociedade, que os próprios cristãos integram, leve por diante. Parece fácil, mas ainda falta muito”, disse Manuel Clemente.

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One Thought to “D. António Jaca “defende” direito popular à revolta”

  1. Miguel

    Bem… eu diria – citando uma moda dos mais jovens do F8- que: “ o game tá a ficar power “

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