A Agência de Investimento e Promoção das Exportações (AIPEX) de Angola anunciou hoje que, nos últimos doze meses, deram entrada 155 novos projectos privados avaliados em 1,5 milhões de dólares com a China e Portugal a liderarem os investimentos. Só falta agora Lisboa estender a passadeira verde para Angola “tomar de assalto” a Europa.
Segundo o presidente do Conselho de Administração da AIPEX, Licínio Vaz Contreiras, 64 projectos foram apresentados por investidores residentes em Angola e 23 foram projectos mistos.
“E depois há dois países: a China com 15 projectos de investimento privado com um valor de 175 milhões de dólares (162 milhões de euros), segue-se Portugal com 12 projectos de investimento com um valor de 5,8 milhões de dólares” (4,6 milhões de euros)”, disse, hoje, em Luanda.
Falando durante a cerimónia de apresentação do projecto do Centro Político Administrativo de Luanda, fez saber que com a entrada em vigor da Lei do Investimento Privado, 26 de Junho de 2018, os sectores da indústria, comércio, serviços e agricultura “estão no topo dos investimentos”.
Dos 155 projectos registados, “nesse momento 38 estão, efectivamente, implementados, estão a funcionar”, tendo sido já arrecadados cerca de 778 milhões de dólares (693 milhões de euros).
Licínio Vaz Contreiras manifestou-se igualmente “satisfeito” pelo interesse de países africanos em investirem em Angola, nomeadamente Eritreia, Quénia, Moçambique, Uganda, Namíbia, Burundi, Madagáscar e Etiópia já com alguns projectos no país.
Recorde-se, entretanto, que a administradora da AIPEX, Sandra Santos, afirmou que Angola vê Portugal como uma alavanca para o alargamento das exportações angolanas para o mercado europeu.
Convidada do seminário sobre Angola, que em Maio decorreu em Matosinhos (Portugal), e intervindo no painel sobre “A importância do relacionamento bilateral entre Portugal e Angola para o crescimento económico mútuo”, a administradora da AIPEX mostrou, também, vontade em equilibrar balança comercial com Portugal, mais favoráveis às exportações portuguesas.
No evento, que decorreu na Associação Empresarial de Portugal, promovido pela Câmara do Comércio e Indústria Portugal e Angola, Sandra Santos apontou como “sectores prioritários para investimento a agricultura, pecuária, pescas, turismo e educação”.
Da parte da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), António Silva, um dos administradores, elogiou o relacionamento económico entre os dois países, informando os cerca de 150 empresários presentes que há “cerca de seis mil empresas portuguesas a exportar para Angola”.
Fruto da melhoria de relações entre os dois países, o administrador informou que em 2018 “Portugal exportou cerca de 1,5 mil milhões de euros” em bens e serviços para Angola, de onde importou cerca de mil milhões de euros.
Continuando a recorrer aos números, o responsável da AICEP informou haver “1.200 empresas a investir e com presença física” em Angola, número que, enfatizou, “Portugal não consegue obter em nenhum outro país”.
Da parceria com a AIPEX, António Silva citou a “diversificação sectorial e geográfica” para fixar empresas portuguesas “fora de Luanda”, dando conta de quatro missões em 2018 que visitaram “Huambo, Benguela, Malanje e Lubango” e que em 2019, “fruto da vontade de empresários”, visitarão novamente “Malanje e estarão também na Huíla” e noutras províncias angolanas.
Já Sandra Santos divulgou que os “incentivos atribuídos pelo Governo angolano a quem investir fora de Luanda são maiores”, num esforço em que está implícita a vontade do executivo liderado por João Lourenço “de criar infra-estruturas para que todo o país possa receber investimento externo”.
Dirigindo-se aos presentes, António Silva considerou África “o continente que servirá de reserva aos problemas que a economia mundial vai enfrentar”, enfatizando que Portugal “tem a vantagem fabulosa” de lá ter instaladas “milhares de empresas” a viver “um excelente relacionamento político com os governos dos países de língua oficial portuguesa”.
A AIPEX faz parte de um conjunto de medidas do Governo angolano no sentido de acelerar e facilitar a realização de investimento privado no país, interno e estrangeiro e promover as exportações e os negócios internacionais de empresas nacionais, visando aumentar a competitividade da economia nacional, através de um quadro institucional dinâmico e adequado.
O Conselho de Administração da AIPEX tem como missão, atrair investimento privado principalmente nas áreas identificadas pelo Governo como sectores chave para a diversificação da economia.
Também faz parte da sua missão contribuir para a diversificação da economia através de iniciativas que resultem em substituição das importações, o que está directamente relacionado com o estímulo à produção nacional para criar uma classe exportadora e internacionalizar as empresas angolanas.
Entre outras medidas a AIPEX desenvolve acções para aumentar a proximidade e ligação com os outros órgãos do estado decisivos na tramitação dos processos de investimento (AGT, SME e BNA entre outros), assim como mantém uma relação de trabalho positiva com os órgãos do estado com influência no processo de exportação para reduzir os constrangimentos que hoje enfrentam os exportadores e ajudar a simplificar os procedimentos para exportar.
A AIPEX emprega cerca de 150 funcionários com diferentes conhecimentos e vasta experiência nas áreas do “core business” da agência, prometendo continuar a apostar na formação dos seus colaboradores para melhor ajustar as competências aos novos desafios que a economia hoje apresenta.
Conta com dois importantes instrumentos, um dedicado à captação de investimento e um outro voltado para a promoção de exportações, ambos os programas serão ferramentas fundamentais para o trabalho a desempenhar pela AIPEX.
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