A raiva veio para ficar?

Na província da Huíla 32 pessoas morreram de raiva em 2018, um aumento de 13 casos em relação a 2017, sendo a falta de vacina anti-rábica apontada como a principal causa das mortes com vítimas menores de idade. Em Novembro de 2018 , a ministra da Saúde angolana, Sílvia Lutucuta, garantiu que Angola já tinha vacinas suficientes…

A informação sobre os casos da Huíla foi agora avançada, no Lubango, pelo técnico provincial de vigilância epidemiológica do departamento de saúde pública na Huíla, Hélio Chiangalala.

O técnico salientou que o número de casos tem vindo a aumentar consideravelmente nos últimos dois anos pelo facto da província não receber vacinas regularmente.

Bom. Em Novembro, Sílvia Lutucuta disse: “Em relação à vacina para humanos, reconhecemos que à chegada ao sector tínhamos uma ruptura total do stock de vacinas para a raiva. Foi feito um esforço, que é obrigação do sector, para a aquisição. Por esta altura, já temos a quantidade necessária de vacinas para todas as províncias, incluindo Luanda”.

De acordo com Hélio Chiangalala, a taxa de mortalidade em 2018 foi de 100 por cento, dos 32 casos registados todos resultaram em morte, sendo que o município do Lubango foi o mais afectado com nove casos, Chipindo oito, Caconda quatro, Gambos três, Jamba, Cuvango, Matala e Quipungo cada com dois casos respectivamente.

Aquele responsável reconheceu ser necessário que se estendam as campanhas massivas de vacinação anti-rábica para animais transmissores a nível província, que deixou de ser feita há três anos, com vista a salvaguardar as vidas humanas, mas alerta que esta não é uma responsabilidade do departamento, mas sim da direcção de veterinária.

“Os serviços veterinários devem fazer a sua parte, vacinar a população canina, gatos e macacos, bem como a construção de canil e gatil de modo a ter controlo dos cães vadios que representam perigo a integridade física das pessoas”, frisou.

Quanto à disponibilidade de vacinais, referiu que a reposição de stock é feita de forma faseada, dependendo da central em Luanda, mas que nos últimos anos tem se registado muita ruptura no abastecimento, daí que até ao momento a direcção de saúde pública está sem as doses já há três meses. Então como é, senhora ministra?

Por outra, disse que o município do Lubango beneficiou de dois abastecimentos de vacinas ao longo do ano findo, num total de 465 lotes, que segundo a fonte é insuficiente para o departamento que atende em média, por dia, 45 a 60 casos de mordeduras caninas.

Hélio Chiangalala deu a conhecer que só no Lubango em 2018 foram registados um total de 2.999 casos de mordeduras caninas, em relação ao mesmo período de 2017, houve um aumento de 1.438 casos.

Em Novembro de 2018, titular da pasta da Saúde disse que os gabinetes provinciais de saúde estão incumbidos de publicitar nos meios de comunicação social a disponibilidade de vacinas em caso de mordedura, nomeadamente nos hospitais de referência, em cinco unidades hospitalares municipais e nas administrações municipais, onde foi criada uma secção de vacinação com esse tipo de vacinas.

Contudo, Sílvia Lutucuta chamou a atenção para uma maior vigilância em relação ao destino da vacina, “que é cara”.

“Por vezes, é colocado um grau de dificuldade que não existe. É passada a informação à população de que não há vacinas e os nossos técnicos estão a cobrar. Nós rapidamente tomamos uma posição”, disse a ministra, dando um exemplo de uma denúncia sobre uma enfermeira [do hospital] da Samba que “foi apanhada em flagrante a querer vender vacinas a 13 mil kwanzas [37 euros] e foi encontrada com mais de 15 doses de vacina”.

Sílvia Lutucuta apelou à população para que denuncie casos idênticos, salientando que “a vacina é gratuita”.

No dia 20 de Janeiro de 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou, em Luanda, que o surto de raiva tinha provocado na capital, em 2016, um total de 113 óbitos, das quais 24 eram crianças com menos de cinco anos.

A informação foi divulgada pelo representante da OMS em Angola, Hernando Agudelo, durante o lançamento de uma nova campanha de vacinação animal contra a raiva, que decorreu no município de Cacuaco, um dos mais populosos de Luanda e um dos mais afectados pelo surto em 2016.

“Neste momento, temos um grande incremento do número de mortes por raiva a nível do país, principalmente na província de Luanda, que conta já, no último ano, 2016, com 113 vítimas, das quais 24 foram crianças menores de cinco anos”, assinalou o representante da OMS.

O representante da OMS em Angola apelou na ocasião à participação massiva da população nos postos de vacinação animal, pelo facto de “as vacinas representarem um custo muito elevado” para a população.

“Uma família pode gastar 250 dólares para combater o surto, ao passo que a vacina para um animal custa apenas um dólar. Daí que é muito mais barato promover as campanhas de vacinação animal para fazer a prevenção da raiva nos cães”, alertou.

Promover campanhas de vacinação em massa para os animais, garantir que as pessoas mordidas por cães recebam tratamento imediato e a assegurar a participação das comunidades e das famílias dos doentes nas campanhas de prevenção são alguns dos mecanismos que constam do plano da OMS para eliminar a raiva nos seres humanos.

“Então, é necessário apoiar os esforços do Governo, que está a disponibilizar meios e vacinas para fazer face a esta alarmante situação, e encorajo a toda a população para se responsabilizar e levar todos os animais aos postos de vacinação”, acrescentou Agudelo.

Em 99% dos casos a raiva é transmitida através de mordeduras dos cães, doença que mata 59.000 pessoas por ano em todo mundo, sobretudo em África e na Ásia.

“O mais importante nessa luta é a vacinação dos animais”, concluiu o representante da OMS.

Para o controlo da doença, as autoridades realçam a importância das campanhas de sensibilização, educação e comunicação para o combate e a eliminação da raiva no mundo até 2030, meta estabelecida pela Organização Mundial de Saúde Animal.

Artigos Relacionados

Leave a Comment