Rafael Massanga Savimbi, filho do líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi, considerou hoje “um passo muito positivo” a garantia do Governo angolano de exumação dos restos mortais do seu pai, abatido na guerra civil, em 2002.
O dirigente da UNITA, maior partido da oposição angolana, e deputado à Assembleia Nacional reagia, em declarações à agência Lusa, em Luanda, ao anúncio feito (conforme o Folha 8 noticiou) ontem, terça-feira, pelo Presidente João Lourenço, sobre o seu empenho pessoal para que o processo seja concluído ainda este ano.
“Devo dizer que só o facto de ouvirmos dizer que houve esta anuência penso que é um passo muito positivo e eu, de forma pessoal, não enquadro só esta questão numa perspectiva familiar, mas é mais numa perspectiva política. O que significa que Jonas Savimbi é um homem que marcou profundamente a história deste país e contribuiu para que Angola estivesse onde ela está. Consequentemente, merece algum respeito e reconhecimento”, disse Rafael Massanga Savimbi.
A garantia foi dada por João Lourenço ao presidente da UNITA, Isaías Samakuva, durante um encontro realizado no Palácio Presidencial, o segundo desde que o chefe de Estado angolano chegou ao poder, em Setembro de 2017.
Para Rafael Massanga Savimbi, actos do género contribuem para o aprofundamento da reconciliação nacional, para o acalmar dos espíritos e para se projectar a Angola do futuro que todos os angolanos procuram.
O tempo de espera, segundo Rafael, “era um momento difícil na qualidade de familiar”, mas também para os militantes que gostaram de Jonas Savimbi.
“Vivemos um momento de conflito que terminou e, se dissemos que nos empenharíamos num processo de reconciliação, então a reconciliação tem um preço a pagar: é aceitarmos que todos os que estiveram envolvidos no processo devem ser reconhecidos na sua dimensão e acho que é isto que é preciso fazer”, referiu.
Rafael Massanga Savimbi realçou a importância desta abertura, não apenas pelo seu pai, já que são vários os casos, como o dos dirigentes da UNITA mortos em Luanda durante o conflito armado de 1992, nomeadamente Jeremias Kalandula Chitunda, Adolosi Paulo Mango Alicerces, Elias Salupeto Pena e Eliseu Sapitango Chimbili e outros, cujos restos mortais ainda se encontram na posse do Estado.
“O processo é longo e, com a prudência devida, penso que vamos devagar. Já é um bom passo, este, o que se deu terça-feira. Vamos ouvir então o relatório detalhado para depois vermos quais serão os passos subsequentes que nos levarão a este processo”, disse Rafael Massanga Savimbi.
Por sua vez, o líder do grupo parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, considerou “absolutamente necessário” o agilizar da situação, porque “não se entende como foi possível levar tanto tempo para permitir funerais”.
“O partido fez tudo, ouvimos por aí muitas desculpas, comunicados do Ministério do Interior, que não são verdadeiros, é melhor não falar muito nisto. A UNITA entregou ao Ministério do Interior uma carta formal. Não aconteceu nada e nós regularmente viemos ao assunto, regularmente o partido foi apelando a esta necessidade e a família também”, lembrou.
“Penso que estas realidades ajudaram a colocar esta matéria na agenda política e o Presidente garantiu, sem nenhuma restrição, sem nenhum limite, a agilização deste processo. Temos de fazer fé em que, desta vez, o processo vai andar”, salientou.
Adalberto da Costa Júnior sublinhou que, quando se fala de Jonas Savimbi, se está seguramente a tratar “de todos aqueles cujos corpos não foram entregues às famílias”.
A título de exemplo, Adalberto da Costa Júnior recordou que a Rússia solicitou ajuda para localizar os corpos de cidadãos russos mortos durante a guerra civil angolana, “situação normal” que, pelo facto em si, “dificulta a compreensão do retardar de algo que não ajuda até à reconciliação e à paz de espírito das famílias”.
Folha 8 com Lusa