Transferir competências?
Sim, do MPLA para o… MPLA

De acordo com o órgão oficial do Governo angolano, Jornal de Angola (JA), os governos provinciais ganham a partir de hoje, um conjunto de atribuições e competências transferidos de departamentos ministeriais de sectores como Pescas e do Mar, dos Recursos Minerais e Petróleos, Cultura, Hotelaria e Turismo, Ambiente, Comércio, Educação, Indústria e Saúde no quadro do reforço da desconcentração administrativa.

Como foi recomendado no recente Curso Nacional em Liderança e Gestão de Comunicação para Mudança de Comportamento, um evento desta natureza justiça uma cerimónia de assinatura dos “Termos de Transferência de competências e coordenação da actuação territorial entre a Administração Central e a Administração Local do Estado”. E esta decorre no Salão Nobre do Governo Provincial de Luanda.

A partir de hoje, esclarece o JA, departamentos ministeriais perdem a favor dos governos provinciais um conjunto de atribuições e competências que, posteriormente, em acto similar a decorrer a 20 de Novembro, na província de Benguela, serão transferidas para as administrações municipais.

A cerimónia pública de assinatura dos 112 termos de transferência é promovida pelo Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado, e junta governos provinciais e representantes de departamentos ministeriais, no acto presidido pelo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República.

O objectivo, escreve o JA, é consolidar o compromisso do Executivo de reforçar a desconcentração administrativa, numa antecâmara para a descentralização administrativa, de acordo com um comunicado do Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado.

A cerimónia de assinatura dos termos de transferência resulta, como não poderia deixar de ser, das orientações do Presidente da República, João Lourenço, dadas durante a primeira reunião do Conselho de Governação Local, no sentido de o Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado, em acção concertada com os governos provinciais e os departamentos ministeriais, materializar a Estratégia de Implementação do Regime Geral de Delimitação e Desconcentração de Competências e Coordenação da Actuação Territorial da Administração Central e da Administração Local do Estado.

O Executivo pretende, diz, implementar o regime geral de delimitação e desconcentração de competências e de coordenação da actuação territorial da administração central e da administração local do Estado.

Para o efeito, o Titular do Poder Executivo (João Lourenço) promulgou o Decreto Presidencial n.º 20/18, de 29 de Janeiro, que estabelece o Regime Geral de Delimitação e Desconcentração de Competências e Coordenação da Actuação Territorial da Administração Central e da Administração Local do Estado.

Durante a primeira reunião do Conselho de Governação Local foi apresentada e aprovada a Estratégia de Implementação do Regime Geral de Delimitação e Desconcentração de Competências e Coordenação da Actuação Territorial da Administração Central e da Administração Local do Estado, tendo sido recomendado que o Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado no sentido de trabalhar com os governos provinciais e os demais sectores para apresentar um estratégia que esteja em harmonia com os programas e as necessidades das respectivas províncias.

A transferência de atribuições e competências, de acordo com o Executivo, faz parte do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) no capítulo da descentralização administrativa e financeira. Segundo este plano, o objectivo é reforçar o processo de desconcentração administrativa. A previsão é, até 2022, serem assinados 270 termos de transferência de competências entre os departamentos ministeriais e governos provinciais.

O processo de transferência, de acordo com o Executivo, obedece a um programa detalhado das tarefas específicas de cada competência, os recursos humanos e financeiros necessários e demais pressupostos e elementos relevantes.

A metodologia adoptada passa pela selecção de alguns departamentos ministeriais que integram a primeira fase do trabalho em equipa visando a flexibilização do trabalho em equipa, bem como garantir o melhor acompanhamento dos pressupostos que o processo de transferência deve acautelar.

O Executivo esclarece que o trabalho em andamento não prejudica iniciativas já em curso em sede de alguns sectores que dentro dos seus programas e planos de acção têm de forma espontânea reforçado as competências dos municípios.

A última reunião ordinária do Conselho de Governação Local orientada pelo Presidente João Lourenço aconteceu no Huambo em Agosto. O Conselho ocupa-se de assuntos relacionados com a gestão das províncias.

“É marketing do Governo”

Enquanto isso, o Presidente da UNITA, Isaías Samakuva destaca como prioridade para o novo ano legislativo, a produção do Pacote Legislativo Autárquico, para cujo exercício espera que os parlamentares do seu partido estejam devidamente equipados e preparados para fazer face aos desafios que têm pela frente.

Falando à imprensa, à margem do seminário interno para os dirigentes e deputados do Grupo Parlamentar da UNITA, Samakuva sublinhou, mais uma vez, a importância das autarquias Locais, tendo defendido a necessidade de serem aprovadas na Assembleia Nacional leis que reflictam o interesse da maioria dos angolanos.

“O país está numa situação muito crítica devido à centralização do sistema político. Há todo interesse de procurar leis que venham servir melhor o cidadão, mas também leis que tenham a aprovação da maioria dos angolanos”, afirmou.

O líder da UNITA desvalorizou a propalada transferência de competências e poderes do Governo Central para as administrações municipais, considerando isso uma acção de marketing que visa potenciar os argumentos do governo sobre a desconcentração como sendo a primeira fase de descentralização.

“A Transferência de poderes não se faz como o governo quer fazer. O governo vai, certamente indicar administradores para os municípios e aqueles que vão ser indicados serão administradores e ao mesmo tempo primeiros-secretários do MPLA. Nós queremos que tão cedo quão possível, os dirigentes que vão estar à frente dos municípios, portanto, das autarquias, resultem do voto popular”, defendeu Isaías Samakuva.

Segundo o líder da UNITA, “onde há desejo real de decentralizar, não há necessidade de desconcentrar primeiro”.

Folha 8 com JA

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